Semana Antimanicomial apresenta espetáculo de teatro para usuários

Saúde
20/05/2015 17h18
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A Saúde de Aracaju, através da Rede de Atenção Psicossocial (Reaps), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), do Núcleo de Projetos Inovadores (Nuprin) e Estratégias de Redução de Danos, dá sequência às ações da Semana da Luta Antimanicomial, chamando a atenção da sociedade e da família dos usuários dos Caps para a desmistificação de que pacientes com transtornos mentais ou usuários de drogas devam ficar internados em manicômios. Na tarde quarta-feira, 20, os familiares e usuários dos Caps foram convidados para assistir uma intervenção artística no Teatro Lourival Batista.

O coordenador do Nuprin que assina a autoria e direção do espetáculo denominado “Paciência”, que tem a parceria do grupo de teatro Stultifera Navis, Murilo Andrade, fala da importância da linguagem do teatro para o tratamento de transtornos mentais. “O Nuprin trabalha justamente tentando casar a criatividade e a arte com a oferta da saúde. Essa parceria de arte e saúde eu aprendi trabalhando no Caps. A arte consegue comunicar de diversas formas, pois permitem várias interpretações e toca as pessoas de diferentes formas”, argumentou Murilo Andrade.

O coordenador de Estratégias de Redução de Danos, Wagner Mendonça Moraes, lembrou que não é de agora que pessoas com transtorno mentais ou usuários de drogas são tidas como gênios no mundo artístico. É o exemplo do sergipano Artur do Rosário, um artista plástico que foi considerado louco por alguns e gênio por outros, viveu quase toda a sua vida internado num manicômio, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os limites entre a insanidade e a arte no Brasil. “Fizemos essa parceria com todos esses departamentos da saúde junto com o grupo de teatro Stultifera Navis, tendo todo cuidado de criação que o teatro tem que ter, com todos os aspectos técnicos, mas não a arte pela arte, queremos enviar uma mensagem muito clara disso que é o standard da luta antimanicomial, para a gente poder pensar a arte nesse aspecto de hoje como forma da gente discutir, rever preconceito, entender outras possibilidades de se experimentar no mundo. A proposta é essa, abrir a mente das pessoas para essa luta que é de toda sociedade”, informou.

Segundo a coordenadora da Reaps, Karina Cunha, a maioria dos Caps oferecem oficinas de arte, pois a proposta é justamente oferecer aos usuários um serviço de inclusão social, funcionando como um eficiente método terapêutico estimulando a autonomia e transformação interna, pensamento compartilhado pelos usuários, como Tamires Santana Santos, que hoje se considera artista plástica e diz fazer lindos quadros. “Eu acho que a arte é uma forma de expressar sentimento, é uma coisa que vem de minha mente que me relaxa, me deixa em contato comigo mesma, eu tenho aprendido muito com os professores do Caps Ad Vida, todo mudo está dizendo que estou mais calma e me sinto feliz lá”, argumentou a nova artista plástica.

No final do espetáculo, foi feita uma roda de conversa para propor um dialogo entre os familiares, usuários dos Caps e coordenadores sobre a apresentação da peça.