Plano Diretor chega à Coroa do Meio

Planejamento e Orçamento
21/07/2015 15h14

Mais uma importante etapa de revisão do Plano Diretor está em pleno desenvolvimento. Na noite desta segunda-feira, 20, foi a vez do bairro Coroa do Meio, na Zona Sul de Aracaju, receber a audiência de apresentação do diagnóstico da revisão. Entre moradores da região, lideranças, gestores públicos e vereadores, todos tinham como objetivo comum discutir formas para fazer da capital sergipana uma cidade ainda melhor a níveis de uso e ocupação do solo, meio ambiente, mobilidade urbana, transporte público, infraestrutura e outros tantos aspectos que possam garantir a qualidade de vida de seus moradores.

Antes mesmo que o diagnóstico da primeira etapa fosse apresentado, esta que consistiu das audiências públicas para esclarecer o que vem a ser o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, Marianna Albuquerque, arquiteta da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplog), tornou a explicar o conceito de Plano Diretor para os presentes. "É preciso que as pessoas, primeiramente, entendam o que vem a ser o Plano Diretor. Basicamente, podemos dizer, ele é o planejamento da cidade que queremos ter, em seus diversos âmbitos. Por isso, é tão importante que as comunidades se façam presentes nessas audiências, afinal, queremos ouvir e entender os anseios da população", frisou.

Através de uma equipe formada por arquitetos, professores e engenheiros, o diagnóstico foi apresentado à comunidade, sendo frisados os principais pontos de preocupação por parte da população citados na primeira etapa do processo de revisão. Das preocupações, quatro foram as mais ressaltadas: uso e ocupação do solo, meio ambiente, mobilidade urbana e Zona de Expansão.

Uso e ocupação do solo

O diagnóstico da primeira etapa apontou que a população objetiva que seja revisto o adensamento ou o coeficiente de aproveitamento do uso e ocupação do solo, bem como o macrazoneamento e a taxa de permeabilidade, além da contenção do crescimento desordenado e especulação imobiliária.

De acordo com o professor e arquiteto Ricardo Mascarello, Aracaju está crescendo rápido e de forma desordenada e esse é um dos pontos que precisa ser revisto pelo PD. "É preciso que, durante essas audiências, possamos apontar qual deve ser a forma de crescimento da capital. O diagnóstico mostrou que há um descompasso urbano e necessidade de moradia, além de construções em área de risco, em área de preservação ou sem infraestrutura. Precisamos discutir e pensar tudo isso em conjunto com a sociedade", destacou ao apresentar as explicações do diagnóstico.

Meio Ambiente

Outro ponto bastante apontado na primeira etapa foi a preocupação com o meio ambiente. A engenheira Carla Zoaid enfatizou a importância de Aracaju agora ter um órgão gestor do meio ambiente. "Isso facilita as coisas, agora temos a quem nos dirigir quando o assunto for meio ambiente", disse.

O diagnóstico mostrou que os principais problemas existentes na capital são: descarte de resíduos que acarreta degradação ambiental e entupimento de calhas; baixo índice de áreas verdes; ocupações em áreas de manguezal, dunas e restingas; e despejo de esgotos in natura em corpos hídricos e ambientes naturais.

"Precisamos repensar essas situações e contar com a população para que isso seja superado. É necessário frisar que preservação ambiental está diretamente ligada à qualidade de vida das pessoas", afirmou a engenheira florestal.

Mobilidade Urbana

Ao se pensar em mobilidade urbana, pensa-se em forma em que todos os meios de transporte possam se integrar e conviver de forma ordenada. Segundo a arquiteta e urbanista Shirley Barbosa, é preciso se pensar, primeiramente, em priorizar espaço para os pedestres, depois para ciclistas, em seguida para pessoas com mobilidade reduzida e, por último, para o transporte individual. "É fundamental que possamos utilizar mais o transporte coletivo ou a bicicleta, mas, para isso, é necessário planejamento da cidade", expôs.

Ainda de acordo com Shirley, o trânsito de Aracaju é composto em 90% de transporte individual. "Temos que observar, por exemplo, que, a capital sergipana tem apenas 54km de ciclovia. É preciso mais para que possamos incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte que desafoga as ruas e avenidas e ainda contribui para a preservação do meio ambiente", explanou;

Ao apresentar o diagnóstico, outros pontos foram ressaltados, tais como as calçadas, largura das vias. "Cada mínima estrutura é preciso ser revista do Plano Diretor", completou.

Zona de Expansão

De acordo com a avaliação popular de moradores da Zona de Expansão, pontos como infraestrutura, ocupação, mobilidade  e saneamento são os que mais necessitam de atenção na localidade que corresponde a 40% do território de Aracaju e, na qual, vive 5% da população aracajuana, o que corresponde a 30 mil habitantes.

O diagnóstico apontou que, no local, existe há 50% de vazios urbanos, o que leva a uma ocupação dispersa que, consequentemente, dificulta a gestão e suporte na região. Além disso, há uma grande área de preservação ambiental, o que ocasiona maior fragilidade.

Comunidade da Coroa do Meio alerta para necessidades

"Espero que o Plano Diretor, de fato, passe a valer de acordo com a vontade do povo. A gente vem para as audiências porque fazemos questão de saber o que esta acontecendo e depois cobrar. Em Aracaju, minha preocupação é com o transporte coletivo e também a infraestrutura dos bairros, sobretudo da Coroa do Meio, onde moro e que me preocupa em épocas de chuva", declarou Ângela Maria.

"O foco desses trabalhos deve ser a reestruturação dos bairros, falo isso enquanto morador da Coroa do Meio. Aqui, por exemplo, nós não temos praça. Além disso, é preciso pensar no desenvolvimento da cidade, mas preservando o meio ambiente. Não podemos fazer planos mirabolantes, mas pensar, de fato, nas soluções viáveis", frisou Adilson Cruz.

"Informações técnicas a prefeitura tem demais, mas é preciso ter apoio para que esses técnicos possam trabalhar. Percebo que medidas existem, mas, ao se concluir o Plano Diretor, temos que fazer com que ele seja cumprido, realmente", destacou José Sérgio.

"Nosso objetivo vindo até as audiências é ajudar a população a cobrar melhores condições do transporte público, direito à mobilidade urbana. Que este seja um Plano Diretor popular, onde as pessoas possam fazer parte das decisões", ressaltou Luiz Felipe, um dos coordenadores do Movimento Não Pago.