Você já ouviu falar sobre a rua Pomonga em Aracaju? Ou ainda, a rua Ganhamoroba? A primeira vista, esses nomes soam estranhos com um ar de curiosidade. Pois bem, essas ruas estão na história de Aracaju e pertenceram ao bairro Atalaia, ainda em 1828. Essas, várias outras curiosidades e fatos históricos estão detalhados em plantas e documentos no acervo do Arquivo Público Cidade de Aracaju, unidade da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju). O arquivo deixou de ser meramente administrativo passando a ser também histórico e vem sendo visitado principalmente por professores, alunos, pesquisadores e pessoas que desejam conhecer a história da capital sergipana.
O Arquivo Público Cidade de Aracaju foi criado pela lei 1.300 de 8 de outubro de 1987. Desde o ano passado, a unidade vem passando por transformações no que concerne ao processo de arquivamento e pesquisa, o que, sobremaneira, vem dando uma nova dimensão aos trabalhos e melhor acesso do público, ao se dirigir aquele local com o intuito da prática de estudos. Atualmente são seis funcionários que se revezam no desenvolvimento das atividades, no horário das 8h às 17h, sem interrupção no período de almoço, o que facilita a visita daqueles que têm o tempo restrito.
O documento mais antigo do Arquivo remota de 1855, emitido pela Câmara Municipal de Aracaju. No entanto, os documentos mais procurados se referem a jornais e plantas. Um dos mais antigo é o Diário Oficial do Estado de Sergipe de 1896. Ainda, O Estado de Sergipe, que iniciou sua impressão em 1899. A pesquisa em jornais também são feitas por meio do Diário do Município; Diário do Estado; Diário da Justiça; Gazeta de Sergipe, entre outros.
Dentre os perfis de pessoas que procuram o Arquivo estão estudantes universitários e professores. Alunos do curso de arquitetura também costumam procurar as plantas, mapas e fotos antigas de Aracaju.
Trabalho minucioso
Desempenhar uma atividade em um arquivo público, requer paciência e amor ao que faz. Esse exemplo é vivenciado no dia a dia da coordenadora da unidade, Rita de Cascia Valença de Oliveira, que conhece bem o Arquivo e todos os seus procedimentos, considerando que iniciou suas atividades ainda em 1987, como estagiária. Ano passado, assumiu a coordenação, provocando mudanças, que beneficiaram tanto o trabalho dos funcionários quanto do público que tem acesso.
Contando com a ajuda da estagiária em biblioteconomia Francinete Benigna da Silva, está sendo realizado um trabalho minucioso e detalhado dos mapas e plantas da cidade, do arquiteto Osires Souza Rocha, que foi doado em 2001.
Na época, foi feito um levantamento, mas não o detalhamento da documentação. São plantas do Shopping Riomar, Sesc, casas de personalidades.
Documentos como a Planta do Patrimônio Imobiliário, de 1919, que retrata a "Planta de Delimitação de Terrenos da Cidade de Aracaju, com a delimitação dos terrenos de marinha e Alagados (Aracaju), também está sendo detalhada.
Do Atalaia
No Arquivo Público também é possível encontrar a Planta do Atalaia, ou na nossa atualidade, bairro Atalaia. O documento registra o intendente municipal Theóphilo Dantas, em julho de 1828, baseado na Lei 371, aprovando a planta do "Projeto do Atalaia", cujas ruas e avenidas, constam como Avenidas Sergipe, Jacarecica, Piauytinga; ruas como Ganhamoroba, Piauhy, Pomonga, Siriry; Praça Rio Real, entre outras.
A documentação dos intendentes, prefeitos e interinos de Aracaju também é encontrada no Arquivo Público Cidade de Aracaju, com data registrada a partir de 1899. E, como fonte de comprovação, são anexados documentos com as devidas assinaturas.
Livros também podem ser consultados. Um dos mais curiosos tem registro de 1932, de autoria de Ivo do Prado Montes Pires de Franca, que trata sobre os "Limites de Sergipe" - Uma discussão entre os Louvados -, ou seja, a discussão inerente ao discrime das fronteiras pelas quais lutam os Estados da Bahia e Sergipe.
Outro livro que trata sobre os Limites de Sergipe e Bahia é de autoria de João Pereira, publicado em 1920.
"Gosto do que faço e vivencio o arquivo no dia a dia", afirma Rita de Oliveira, acrescentando que é um trabalho delicado, mas prazeroso. "Contamos com uma equipe comprometida no desenvolvimento dos trabalhos", lembrou.
O Arquivo funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h e está localizado na Avenida Hermes Fontes. E, comiserando que a documentação é delicada, é solicitado ao público a utilização de luvas e máscaras. O número do telefone para contato é 3179-1381.