A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes (Nupeva), realiza durante esta quarta-feira, 31, o Seminário Intersetorial sobre Violência Doméstica. O evento acontece no auditório da Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Vargas, localizada no bairro Siqueira Campos. O seminário é destinado a todos os profissionais de saúde, educação, assistência de segurança pública, sociedade civil, conselhos locais e municipais de saúde. O tema deste ano é "Violência Doméstica: Desafios de trabalhar em Rede".
De acordo com a coordenadora de Promoção à Saúde da SMS, Lidiane Gonçalves, a rede de atendimento tem uma forma humanizada de atender às vítimas de violência. "Nesse seminário trouxemos a questão da violência doméstica contra crianças e adolescentes, contra a pessoa idosa, contra a mulher que vem sendo vítima de violência, principalmente por parte de seus companheiros ou ex-companheiros e também a questão da violência de gênero, incluindo a população LGBT. No geral fizemos um diagnóstico situacional da violência aqui em Aracaju".
O consultor provisório da Diretoria de Vigilância em Saúde, Adalberto Canuto, esteve no seminário representando o secretário Municipal da Saúde, Antônio Almeida. Segundo ele, o seminário vem trazer uma luz para que os profissionais consigam entender a sua responsabilidade dentro do processo e consigam trabalhar de forma integrada. "Atualmente estou trabalhando numa área estratégica da secretaria, na qual eu recebo todos os relatórios que são enviados pelas áreas técnicas dos relatos e notificações de violência e a gente percebe como a violência doméstica é muito presente na sociedade e como é silenciosa. Quando há um acidente de trânsito, as pessoas estão vendo o que aconteceu, a polícia chega imediatamente, quando há um assalto, um assassinato. No entanto, aquela violência psicológica, a violência patrimonial, aquela violência que acontece dentro do lar, a humilhação e submissão é uma violência que acontece diariamente", explica o consultor, enfatizando que é necessário que se trabalhe com rede, para que se aprenda a integralidade que o usuário precisa.
Para a diretora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos da Mulher do Ministério Público, Giceli Mara Cavalcante, é preciso conscientizar e sensibilizar os profissionais para que eles vejam a importância que eles têm nesse contexto de enfrentamento à violência. "A gente tem que trabalhar sempre unido pra poder realmente amparar, acolher e enfrentar a violência contra a mulher. Principalmente a doméstica, que como já foi dito aqui, é uma violência que não tem muita visibilidade. Então quando ela realmente passa a ser visível, às vezes pode ser tarde. Então a gente tem que trabalhar para que essa mulher denuncie, para que essa mulher se sinta amparada. E para que isso aconteça, a gente precisa que toda a rede funcione, que todo mundo possa realmente trabalhar em prol dessa mulher", informou.
"Esse seminário fundamenta o serviço da gente, que está no território e vivencia muitos casos de violência contra a criança, mulher e idoso. Assim a gente passa a conhecer um pouco melhor a rede e os equipamentos que a gente pode utilizar pra intervir quando ocorre casos de violência. A importância desse encontro também é de sensibilizar os profissionais, de ver a problemática do outro, vendo que fazemos parte dessa rede e precisamos intervir na violência e quebrar essa realidade. Precisamos da rede para trabalhar de forma conjunta não só na saúde, precisamos também da ciência social, das escolas, da justiça para conseguir ter um bom resultado", disse a enfermeira da unidade de saúde do Augusto Franco, Raquel Tavares.
A coordenadora do Cops, Lidiane Gonçalves, ainda acrescenta a questão relacionada ao álcool e drogas com as agressões também foram debatidas. "Muitos dos relatos de violência doméstica que estão relacionados ao uso de drogas, como um idoso que tem um filho que usa drogas e pratica violência contra ele ou o marido que bebe e agride a sua companheira ou ex-companheira. Ou seja, é importante também saber como tratar o agressor, pois não adianta agirmos só com base nas leis, com a punição e não existir um tratamento. Porque uma pessoa que é agressora, quando vai presa, ao retornar a sociedade poderá cometer as mesmas agressões. Então o tratamento com o agressor é muito importante, para que essa violência não continue acontecendo".