Agosto Dourado: amamentação é fundamental para mãe e para o bebê

Agência Aracaju de Notícias
23/08/2017 08h45
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Aos 21 anos, Kerollaine Santos é mãe de primeira viagem. Os receios iniciais de como cuidar do bebê são comuns, e logo nos primeiros dias do nascimento de Ana Clarisse, que hoje tem um mês, Kerollaine chegou a dar chá para a bebê.  Ela não sabia que o leite que ela mesma produz é alimento mais do que suficiente para nutrir sua filha, e serve como única alimentação até os seis meses de vida de todo e qualquer bebê.

Foi justamente para ressaltar a importância do leite materno que o mês de agosto foi instituído como "Agosto Dourado", o mês do aleitamento materno e período em que ações de conscientização são voltadas para a necessidade da amamentação desde os primeiros momentos de vida. Assim, não somente Kerollaine, mas toda e qualquer mãe pode não só compreender que o leite é rico em nutrientes, mas que os seus benefícios serão refletidos até na fase adulta.

Em Aracaju, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realiza, desde o início do mês, campanhas e ações voltadas para as mães e que visam fazer com que elas abracem de peito aberto a importância desse verdadeiro ato de amor. Mais do que alimentar, a amamentação garante uma vida saudável ao bebê e, a longo prazo, as chances de um adulto mais promissor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a alimentação dos bebês seja feita exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida, após esse período, outros tipos de alimentos podem começar a ser introduzidos na dieta.

Kerollaine passou a entender a exclusividade do leite em um grupo desenvolvido pelo Programa Saúde da Mulher da SMS. Ainda quando estava gestante, em uma das idas ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras), ela foi indicada para fazer parte das atividades que acontecem uma vez por semana e, além de receber dicas de como cuidar do bebê, ela compreendeu que o leite materno é o alimento mais rico e importante que uma mãe pode fornecer ao seu filho.

"Antes eu não sabia nem como fazer com que minha filha conseguisse pegar direito no peito e tinha muito receio. Acabei introduzindo outros alimentos, como o chá, por exemplo, porque tinha medo de não suprir as necessidades dela. Mas, justamente por esse receio, eu acabei me atentando mais ao que aprendia no grupo e, aos poucos, fui amamentando melhor e hoje só dou o leite à minha filha e ela pega direitinho no peito", disse.

A coordenadora do Programa Saúde da Mulher, Cristiane Ludimila, explicou o benefício da amamentação também para a mãe. "A mulher que amamenta reduz o sangramento no período pós-parto, ela tem mais contrações do útero e, por isso, tem menos risco de ter hemorragia. Outro benefício para as mães é a proteção para as suas mamas. A mulher que amamenta diminui o risco de ter câncer de mama e outros tipos de câncer como o de útero e o de ovário, por exemplo", ressaltou Cristiane.

Agosto Dourado

No Brasil, foi instituído o mês de agosto como o Mês do Aleitamento Materno e, com isso, passou a ser chamado de Agosto Dourado. "O aleitamento materno deve ser incentivado a todo momento. É um trabalho que começa no pré-natal. O estímulo ao aleitamento materno deve ser feito na primeira hora de vida da criança. Ao nascer, ela deve ter o contato pele a pele, é o ser colocado no colo da mãe,no peito, para que esse ato de sugar, tão instintivo, tão fisiológico e tão natural já aconteça. Esse momento nós chamamos de momento de ouro, o primeiro minuto de ouro na vida de uma criança, por isso o Agosto Dourado", destacou Rita Bittencourt, coordenadora do Programa Saúde da Criança e do Adolescente da SMS.

Outro ponto frisado pela coordenadora é que, ao contrário do que alguns dizem, não existe leite fraco. "A mãe com carências nutricionais, assim como uma mãe mais abastada, com mais condições de se alimentar melhor, terão um leite com as mesmas propriedades, com a mesma composição. São os mesmos benefícios", disse.

A coordenadora do programa voltado para a saúde das crianças disse, contudo, que alguns alimentos podem interferir na amamentação. "Se a mãe comeu algo muito gorduroso ou condimentado, muito apimentado, bebidas alcoólicas, por exemplo, isso interfere, sim, no que ela vai passar para o bebê. Tudo de bom que ela consumir vai passar para o bebê, assim como tudo o de ruim também".

Entretanto, Rita Bittencourt é enfática ao lamentar que mães soropositivas são as únicas que são aconselhadas a não amamentar. "É o único caso em que a amamentação não é recomendada", explicou.

Doações de leite

Quando existem casos como o de mulheres soropositivas ou as que têm problemas na produção de leite é que se nota a necessidade da doação.

Em Aracaju, existe o banco de leite humano da Maternidade Hildete Falcão, um ponto de coleta onde o leite é cuidado e pasteurizado. A Maternidade Santa Isabel também é outro local da cidade que recebe leite humano. O leite que chega à unidade também segue para o banco de leite e, de lá, pode ser doado para outros bebês.

Mortalidade infantil

Não é um dado feliz, mas, reflete uma realidade que permeia a questão do amamentar. Levantamento feito pela SMS revelou que, em 2016, para cada mil nascidos, cerca de 15 bebês morriam, já em 2017 esse número diminuiu para 14. De acordo com Rita Bittencourt, a amamentação é uma ferramenta que contribui para a redução da mortalidade infantil.

"No Brasil, infelizmente, nós temos um grande número de crianças que morrem na primeira semana de vida. Quando a gente fala de mortalidade infantil, falamos de morte até o primeiro ano de vida da criança, mais realista e especificamente, na primeira semana. Entre outros fatores, as causas de morte estão muito voltadas para as questões maternas, como foi o pré-natal, como foi o meu acompanhamento, quais foram orientações, quais os medicamentos, quais os exames que a mãe fez. Uma das coisas que a gente trabalha nesse momento é o aleitamento materno. Além de ser o alimento completo para todas as necessidades do bebê. Essa mortalidade por causas maternas é quase como um mal crônico e nós precisamos mudar e o aleitamento materno é uma ferramenta para reduzir isso", afirmou Rita.