A noite da última quarta-feira, 30, teve um sabor especial para os alunos e instrutores da Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat). Eles tiveram a oportunidade de expor e comercializar a prática adquirida nos cursos do eixo de Produção Alimentícia, na décima edição do ‘Ocupe a Praça', evento realizado no Centro Cultural de Aracaju - situado na praça General Valadão, Centro. O encontro é promovido pela Fundação Cultural de Aracaju (Funcaju) e organizado pelo Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD), com o objetivo fortalecer o audiovisual sergipano e nacional, trazendo discussões relevantes e de interesse social, como a história do transformismo no Brasil, temática abordada nesta edição, intitulada "Ressaca da Parada".
De acordo com a coordenadora do NPD e organizadora do evento, Carol Westrup, a ideia do Ocupe é trazer dinamicidade para a cena cultural aracajuana, levando ao público cinema gratuito e de qualidade, além de intervenções artísticas e musicais. "O centro é o audiovisual", diz Carol, explicando o processo de construção do evento. "Começamos a organizá-lo 15 dias antes de acontecer, justamente para percebermos o que está acontecendo na cidade e qual segmento cultural precisamos reforçar e dar mais atenção. Semana passada aconteceu a parada do orgulho LGBT e não tinha como fugirmos do tema, trabalhamos a ideia que culminou na exibição do filme ‘Divinas Divas' e na presença da atriz Divina Valéria, um dos ícones do transformismo no Brasil", explica Carol.
Ela ainda ressalta que trazer a Fundat para o Ocupe a Praça, através do trabalho desenvolvido pelos alunos, é mais uma forma de integralizar os serviços executados pelos órgãos públicos em prol do bem-estar do aracajuano. "A proposta foi aliar a valorização do trabalho desenvolvido pelos alunos e a necessidade de democratização do preço dos alimentos vendidos. Junto a isso, há a possibilidade deles exercitarem o atendimento e divulgarem os seus produtos", salienta a organizadora, enfatizando a importância da ocupação dos espaços públicos. "A praça tem vida quando se oferece formas das pessoas ocuparem ela e, isso fortalece a política pública", conclui.
De acordo com a diretora de Formação Profissional (Dirfop), Selma França, é de extrema importância criar laços com os demais órgãos da Prefeitura de Aracaju para que mais ações como essa sejam pensadas. "Dessa maneira, ocasionaremos mudanças significativas para a cidade de Aracaju nas esferas social, econômica e cultural. Aqui, no Ocupe, é mais uma chance dos nossos alunos mostrarem o talento para a gastronomia, aperfeiçoado através de nossas capacitações", ressalta.
Segundo a presidente da Associação LGBT de Simão Dias, Franciele Alcântara, 26, iniciativas como essa contribuem para a disseminação do respeito mútuo e da conscientização em um país que ainda não aceita o publico LGBT. "Temos que mostrar os nossos direitos e conquistas. Somos uma categoria muito discriminada e eventos como esses ajudam a quebrar o preconceito com as transformistas e com as drags queens são agredidas verbalmente pela maneira que são e muitas vezes assassinadas", afirma Franciele, elogiando o trabalho da Fundat. "Além de tudo estão dando oportunidades às pessoas que querem trabalhar. Hoje em dia, todo mundo deseja um emprego. O evento está de parabéns, tem que ter mais para o pessoal participar os comerciantes consumir", diz.
Oportunidade de renda
Quando recebeu o convite da Fundat para participar do evento, Acenilza dos Santos, 54, não pensou duas vezes em aceitar. "Gosto de trabalhar e de estar com a turma da Fundação", comenta a aluna que já fez mais de 30 cursos oferecidos pelo órgão. "Eu só estava precisando de um empurrão, a Fundat me abraçou e levei o barco pra frente", revela Acenilza, que atualmente auxilia o marido nas despesas de casa, graças às encomendas de doces e salgados. "A Prefeitura nos ajuda e não podemos ficar parados, eu acredito que se trabalharmos com amor, conseguimos tudo o que queremos, vale a pena", incentiva a autônoma.
Para Elenilde da Cruz, 31, esta é uma excelente oportunidade de divulgação da sua atividade, além de possibilitar uma renda extra. "Eles vão comer e gostar, essa é uma forma de divulgar e ganhar um dinheirinho, é muito importante, é uma propaganda", conta a comerciante, que atualmente é proprietária de uma pequena lanchonete. "Estou muito feliz e realizada, ainda tenho outros sonhos a conquistar, mas aos pouquinhos vou conseguindo. Agradeço muito a Fundat pelos cursos que fiz e pela oportunidade de ser instrutora", expressa.
