3ª Pré-Conferência da Igualdade Racial destaca inclusão social da pessoa negra

Assistência Social e Cidadania
06/09/2017 18h23

“Dizem que todos são iguais perante Deus e perante a Lei. Perante Deus eu até sou, mas perante a Lei já podemos perceber que não”. Foi com essa fala da coordenadora geral da Sociedade de Apoio às Pessoas com Doença Falciforme, Maria do Céu, e uma das convidadas para participar da 3ª Pré-Conferência da Igualdade Racial, que as discussões começaram a ser instigadas. A edição do evento, realizada na tarde desta quarta-feira, 6, realizada no Cras João de Oliveira Sobral, reuniu dezenas de pessoas para mais uma roda de conversas sobre políticas públicas para as pessoas negras de Aracaju.

“Nós deflagramos um processo que demonstra uma concepção de fomento e de participação social. Estamos a poucos passos de realizar a Conferência Municipal de Igualdade Social e para isso entendemos a importância dessa discussão em todo os cinco distritos da capital. Hoje estamos levantando um debate importante com a comunidade local, que é a inclusão da pessoa negra em sociedade e discutindo os melhores métodos para que essa comunidade se sinta acolhida pelo poder público e à vontade para falar das suas vivências diárias”, ponderou a diretora de Direitos Humanos da Assistência, Lídia Anjos.

Aline Braga, ativista social e militante da Auto Organização de Mulheres Negras Rejane Maria, marcou presença no debate e destacou a importância da Assistência nos constantes diálogos para a promoção de melhores oportunidades para a população negra. “Falar sobre estas questões de racismo institucionalizado e fazer a sociedade reconhecer que elas existem nos faz automaticamente buscar uma solução. Quando eu, enquanto negra, falo que alguém olhou atravessado para mim e eu me senti mal, dificilmente o Estado vai resolver isso. Mas, quando falamos sobre poucos negros tendo acesso aos bens sociais, aí sim podemos identificar onde a política pública pode atuar”, explicou. 

O professor da Universidade Federal de Sergipe, Roberto Lacerda, também foi um dos convidados do encontro e falou sobre o impacto das desigualdades até mesmo na saúde mental da população negra. “Essas diferenças impactam em nossa saúde, pois acabamos nos sentindo diminuídos por atitudes do imaginário popular que fazem, por exemplo, uma mulher negra receber menos medicamentos para a dor porque pensam que ela aguenta mais dor do que uma mulher branca. As políticas para a população negra existem porque as diferenças são sociais”.

Aldemira Conceição é usuária do Cras e fez questão de comparecer para dar suas opiniões. “As Pré-Conferências são escola abertas, porque as pessoas precisam se abrir para compreender o contexto em que vivemos de violência e desigualdade. Nós queremos respeito”.