Visibilidade Negra é tema de Pré-Conferência da Igualdade Racial realizada pela Assistência

Assistência Social e Cidadania
15/09/2017 22h01

De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos anos de 2005 e 2015, entre os mais pobres, três a quatro pessoas são negras. A pesquisa ainda revela que pessoas negras têm mais probabilidade de viver em condições precárias, sem acesso às estruturas básicas de saneamento e transporte público, por exemplo, deixando clara uma segregação ainda muito a ser desconstruída. Para discutir estes assuntos , aconteceu na noite desta sexta-feira, 15, embaixo da Ponte do Bairro Industrial, a 4ª edição da Pré-Conferência da Igualdade Racial, promovida pela Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju, através da Diretoria de Direitos Humanos.

O coordenador de Promoção da Equidade Social da Assistência , Paulo Victor Melo, explica o peso de se levar o debate para a comunidade periférica. “A dinâmica de hoje é a mesma das outras edições, mas entendemos que precisamos explicar melhor como funciona este formato democrático de gestão que envolve as pessoas no processo. Daí convidamos duas representações negras da cidade, que é o vereador Professor Bittencourt, e a integrante do Grupo Abaô de Capoeira Angola, Marina Ribeiro. Além disso, vamos incitar os moradores a falar sobre ideias e propostas que serão abraçadas para a nossa conferência municipal.”

Para o vereador Antônio Bittencourt (PCdoB-SE), desconstruir o racismo institucionalizado é o principal passo para que a sociedade comece a entender a construção de políticas mais justas para a população negra. “Nós sofremos em dobro ou mais porque, acima do preconceito de classe, existe o preconceito de cor. É como se o negro fosse menos capaz ou menos apto e naturalmente não pudesse ocupar espaços de protagonismo. Por isso eu acredito neste tipo de intervenção como algo fundamental. Precisamos empoderar os negros para colocá-los em evidência”, destacou.

Marina Ribeiro, do Grupo Abaô, analisa a iniciativa como uma oportunização ao acesso. “Os menos favorecidos como nós não estão acostumados a serem priorizados, pois historicamente as políticas públicas são construídas de cima para baixo, não de maneira horizontal. Entender o porquê do racismo é entender o porquê do preconceito e reavivar um sentimento de auto-afirmação para a busca de melhoria de vida.”

Morador do bairro Industrial desde que nasceu, Luis César, integrante da Família Mil Grau, perdeu vários amigos para o mundo do crime. Militante, ele acredita que as oportunidades chegam quando há consciência dos direitos iguais que podem ser alcançados. “Cidadão que não pratica a política está exposto ao caos. A pré-conferência é mais do que uma necessidade, uma vez que não temos tanto espaço para opinar sobre o que precisamos. Esta é a hora de colocar para o poder público os nossos desejos.”