A Secretaria Municipal de Assistência Social de Aracaju tem como uma das estratégias de atuação junto à população as rodas de conversa. Na tarde desta quarta-feira, 8, o tema foi enfrentamento à violência contra a mulher, no Centro de Referência Especializado da Assistência Social (Creas) Gonçalo Rollemberg, e teve como público alvo os trabalhadores do equipamento e a população em geral.
A vice-prefeita e secretária da Assistência Social, Eliane Aquino, acredita que a capacitação das pessoas que lidarão diretamente com as usuárias e usuários que estão em situação de vulnerabilidade social é imprescindível. “As mulheres que já sofreram qualquer tipo de violência e chegam até os equipamentos da Assistência Social precisam ser recebidas com total respeito e sem julgamentos. Infelizmente, o preconceito institucional afasta muitas pessoas que fizeram as denúncias. Elas recuam porque quem deveria acolher as trata com desrespeito. Isso não pode acontecer em nenhuma unidade da Assistência Social, por isso investimos constantemente em formações para os nossos trabalhadores, que precisam ter um olhar sobretudo humano para cada indivíduo que chega até o equipamento”.
Para expor o tema e trazer uma reflexão ao público presente, a palestrante Valdilene Martins, que é advogada e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Sergipe (OAB/SE) levou questões relacionadas às situações vivenciadas rotineiramente e que pouco são identificadas como agressão à mulher. “Eu procuro utilizar sempre a linguagem mais clara possível, para que as pessoas interajam e reflitam sobre o que eu estou falando. Para que elas pensem como conduzem a criação de seus filhos, como é o relacionamento conjugal e se em algum momento elas estão contribuindo para fortalecer o padrão machista, sexista e misógino que a sociedade está inserida. É uma chamada à responsabilidade. Desejo que as pessoas se entendam como atores sociais e que as suas atitudes, mesmo que aparentemente pequenas, refletem na construção social do local onde vivem”.
Do total de atendimentos realizados pelo Ligue 180, que é a central de atendimento à mulher, no primeiro semestre de 2016, foram 67.962 relatos de violência e entre eles estão a violência física, psicológica, moral, cárcere privado, violência sexual, patrimonial e tráfico de pessoas.
Recém-chegada ao Creas Gonçalo Rollemberg, a coordenadora Ana Flávia Ribeiro acredita que reuniões como essas são muito importantes para um atendimento de qualidade. “O que nós ouvimos foi uma desconstrução de algo que já cresce conosco, com a nossa criação. E por muitas vezes não percebemos o quanto de preconceito existe na nossa fala e nas nossas atitudes. Eu pretendo trazer ainda mais formações nesse sentido para a equipe que trabalha conosco, porque assim podemos trabalhar de forma ainda mais direcionada”.
Rosimeire Alves trabalha com serviços gerais e foi participar da palestra. Com um sorriso no rosto e olhos brilhando ela explicou o motivo do encontro ter sido tão importante. “Eu cheguei na atividade com uma expectativa totalmente diferente e saio daqui com a cabeça borbulhando, cheia de vontade de conversar com as mulheres e homens próximos a mim para mostrar a todos eles como nós podemos ser pessoas melhores e mais respeitosas”.