Oficina de Lutheria iniciará produção de violões e cavaquinhos

Formação para o Trabalho
10/05/2006 10h58

Um trabalho que agrega sensibilidade, senso estético e um apurado rigor técnico. Assim pode ser definido o nobre ofício da Lutheria, que consiste na produção e manutenção de instrumentos de cordas, que está sendo ensinada a jovens de Aracaju, através de um curso promovido pela Fundação Municipal do Trabalho (Fundat). O curso está sendo realizado na Unidade Produtiva situada no Jardim Esperança e conta com 14 alunos que já estão aptos à manutenção de instrumentos como violões, violinos, baixos, guitarras, cavaquinhos e bandolins, dentre outros, a partir da técnica ministrada pelo artista e luthier Nino Karva. “Dentro de pouco tempo eles já estarão produzindo instrumentos e, a partir de então, dependerão de sua própria dedicação para iniciarem uma promissora carreira”, afirma Nino Karva que, além de músico renomado e premiado, também representará o Brasil na segunda edição da ExpoBrasil. A mostra será realizada de 23 a 27 de maio, em Pequim (China), levando instrumentos de sua produção. “Logo após chegar dessa viagem, estaremos iniciando a produção dos instrumentos com os alunos, onde eles terão contato com todas as técnicas necessárias para a construção de um instrumento que tenha boa performance”, explica Karva. Qualidade Segundo ele, o programa do curso enfocará os aspectos que envolvem a simetria, função e precisão dos componentes, a qualidade das madeiras utilizadas, além dos cuidados com acabamento que, segundo ele, são os principais diferenciais na produção de um bom instrumento. “Outro item importante que me preocupo em focar é a necessidade e consciência ambiental. Como trabalhamos com madeiras nobres, que geralmente já estão extinção, precisamos nos preocupar com a origem das peças. Uma madeira como jacarandá, por exemplo, só encontramos através de peças antigas como mesas, camas e outros móveis que, quando desmontados, nos oferecem uma excelente matéria-prima”, frisa. Matéria-prima Segundo o luthier, as madeiras mais adequadas para a produção de instrumentos são espécies como cedro, louro, imbuia, além do próprio jacarandá, dentre outras, por oferecerem sonoridade, um certo grau de flexibilidade e excelente durabilidade. “Essa sensibilidade foi desenvolvida há anos, pois trabalho desde criança com madeira e há cerca de 10 anos me interessei pela lutheria, tendo a oportunidade de aprender com os mestres Carvalhal e Elifas Santana que, com certeza, estão entre os melhores luthiers do país”, revela Karva. “Eu me interessei pelo curso porque já tocava violão e tinha curiosidade sobre como eram feitos e a importância de algumas peças para a sonoridade do instrumento. Já aprendi algumas técnicas importantes e fico cada vez mais impressionada com a necessidade de precisão. Uma pequena alteração de milímetros pode fazer uma diferença enorme na sonoridade do instrumento”, destaca a estudante Marieta Gabriela Freitas, que já realiza com desenvoltura a manutenção de instrumentos. A previsão é para que o curso seja encerrado no próximo mês de junho, quando os alunos estarão capacitados a iniciar efetivamente no mundo da lutheria. “A partir daí, eles poderão buscar aperfeiçoamento e, quem sabe, o desenvolvimento de novas técnicas na construção de instrumentos”, completa o instrutor. Segundo Nino Karva, o mercado para os luthiers é promissor, embora observe que não há como concorrer com a produção de instrumentos acústicos, comumente encontrados no comércio, devido à discrepância de custos na escala de produção industrial com a produção artesanal. “Nosso mercado é outro. Trabalhamos com instrumentos elétricos, geralmente utilizados por artistas que reconhecem nosso trabalho e daí decorre o surgimento de um novo filão. Além do que há uma crescente demanda no mercado de manutenção de instrumentos”, avalia Karva.