Servidores da Saúde de Aracaju são capacitados pela Fiocruz

A Secretaria Municipal da Saúde, através do Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps), encerrou o curso de especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na tarde desta sexta-feira, 1º de dezembro. Durante aproximadamente dois anos foram capacitados 33 servidores diretos ou indiretos da Saúde de Aracaju, com um curso de pós-graduação latu sensu, como uma educação superior continuada.

Realizado presencialmente, o curso contou com professores da Fiocruz, que vinham do Rio de Janeiro para Aracaju especialmente para ministrar as disciplinas, assim como com oito professores locais, que atestaram um dos objetivos da Fundação: formar outros docentes por onde passa. A instituição de ensino é ainda uma das mais renomadas e reconhecidas como referência em saúde mental internacionalmente.

Para coordenadora local do curso e referência técnica do Ceps, Simone Barbosa, os desafios da saúde mental são grandes, devido ao atual modelo de cuidado psiquiátrico ser relativamente recente. “O curso tem um foco ético-político e visa provocar inquietações. Os alunos não são apenas da Rede de Atenção Psicossocial e isso é muito importante, afinal, os cidadãos atendidos pela Rede também precisam de outros cuidados de saúde. Eles são passíveis de problemas clínicos que, por preconceitos, podem ser deixados de lado. A saúde mental que temos lutado atualmente é que não seja só no Caps, mas também na atenção básica, urgência e emergência, por exemplo, e queremos qualificar para isso”, afirma.

Sindaya Belfort, assistente social da Unidade de Saúde de Família José Machado de Souza, localizada no Santos Dumont, é uma das alunas que não atuam diretamente na Atenção Psicossocial, e explica que começou a perceber a diferença na sua atuação profissional desde o início do curso. “Hoje o meu atendimento é muito mais generoso, menos preconceituoso, com um olhar que consegue enxergar a necessidade trazida pelo paciente, sem nenhum pré-julgamento ou fórmula pronta. Entendendo que todos trazem consigo uma história e que o cuidado precisa construído em conjunto com o paciente. O que vai fazer com que o paciente tenha uma vida mais feliz é trabalho desenvolvido individualmente, com o auxílio familiar e com toda a equipe de saúde”, ressalta.

O psiquiatra Dr. Paulo Amarante, coordenador geral do curso pela Fiocruz, que lecionou quatro módulos presenciais em Aracaju e compartilhou parte de sua experiência e conhecimento com os servidores municipais, também esteve presente no seminário de encerramento. Além de ser o autor de mais de 50 livros que baseiam a bibliografia psiquiátrica brasileira, Dr. Paulo é um dos expoentes da Reforma Psiquiátrica no Brasil e precursores da Luta Antimanicomial.

“O curso não tem foco em passar conhecimento, mas de instigar a busca, e eu senti isso aqui em Aracaju. Tivemos um índice de conclusão muito alto e isso reflete a qualidade do curso e o compromisso dos alunos para a mudança pessoal e no profissional. Quando a Rede Globo me procurou para indicar uma Rede como referência para o programa ‘Como será?’, prontamente indiquei Aracaju, devido à amplitude do atendimento e por possuir uma experiência singular e diferenciada”, destaca.

A conclusão dessa parceria com a Fiocruz deixa a expectativas para novas capacitações. De acordo com o coordenador do Ceps, João Martins, já estão sendo planejados outros cursos na área, dessa vez uma qualificação técnica, através do Itinerário do Saber, para início no próximo ano. “Dessa vez, a perspectiva é de que a gente amplie para outras secretarias, como Educação e Assistência Social, o conhecimento em saúde mental, com enfoque no cuidado de pessoas com necessidades relacionadas ao uso de álcool e outras drogas”, explica.