Programa de Redução de Danos auxilia pessoas em vulnerabilidade social na capital

Agência Aracaju de Notícias
16/02/2018 08h47
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Cuidado e empatia. Duas palavras que definem muito bem o trabalho que a Prefeitura de Aracaju exerce através do Programa de Redução de Danos (PRD), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade social, com o intuito de minimizar as consequências negativas que o uso de drogas, álcool e a prática da prostituição podem proporcionar a essas pessoas.

Existente desde 2002, o PRD surgiu em decorrência da necessidade de oferecer assistência a esses usuários e aos profissionais do sexo, em situação de rua ou não, com o objetivo de dar orientações acerca da prevenção de doenças transmitidas através das práticas sexuais desprotegidas, do compartilhamento de seringas e, inclusive, do contato direto com secreções de outras pessoas que estejam infectadas por diferentes tipos de doenças contagiosas, pois pela saliva, pode-se transmitir desde um simples 'sapinho' até tuberculose e hepatite.

Segundo o coordenador da Rede de Atenção Psicossocial, Dalmare Sá, nem todos os usuários assistidos estão ligados aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de álcool e drogas, existentes em Aracaju, mas o PRD auxilia, em muitos casos, a aproximação entre a população e os serviços dos Centros. "Quando se pensa em redução de danos como um todo, no Brasil, teremos muito mais iniciativas ligadas a ong's do que ao setor público, de fato. E quando a nossa Rede de Atenção Psicossocial coloca-se como referência, ela tem a redução de danos como se fosse um braço da rede dentro do território, o que é um diferencial importante. A gente procura atrair o usuário através do vínculo, do afeto, é um trabalho cuidadoso e complexo, ao mesmo tempo, e que atua em parceria com os Caps", enfatizou.

Atuação

Dos municípios sergipanos, somente Aracaju é contemplada com o Programa, onde somente de janeiro a abril de 2017 foram realizados 6.186 acessos. Entre os usuários assistidos, a maioria é do sexo masculino, na faixa etária dos 19 aos 35 anos. Mas apesar de atuar em parceria com os Caps do município, onde a população pode se dirigir ao espaço físico para procurar assistência, o PRD se preocupa em conversar com os usuários nos locais em que eles se encontram, geralmente nas ruas.

O Programa atua ao longo de todos os bairros da capital, distribuídos em oito regiões, onde cada região é visitada uma vez por semana. Para se ter uma noção de como o trabalho é executado, os nove profissionais envolvidos atuam de forma semelhante aos agentes de saúde convencionais, porém, com o foco nos grupos vulneráveis específicos, distribuindo não só informações pertinentes quanto à prevenção de doenças, mas também camisinhas, agulhas e seringas, estes últimos para viciados em drogas injetáveis. Apesar da distribuição desses materiais soarem controversos para a população que desconhece o método de trabalho do PRD, a ação visa contemplar o que o programa se propõe a fazer: a redução de danos. 

A Prefeitura, através da SMS, promove diversas campanhas relacionadas ao combate às drogas e à prevenção de inúmeras doenças. Entretanto, para muitas pessoas, essas medidas não são o suficiente, e por mais que determinada parcela da população continue fazendo o uso de drogas e/ou permaneça inserida na prostituição, os danos, comumente acarretados, podem ser minimizados através de pequenos e importantes atos, como o uso dos preservativos e do não compartilhamento de agulhas. Quando cada usuário possui seus próprios materiais, o uso individual de cada objeto se torna mais comum. 

Para a referência técnica em redução de danos do PRD, Maria Selma Freitas, o fato de as equipes trabalharem pelas ruas é importante para que se possa detectar onde existem maiores demandas e escolher a melhor forma de abordagem a determinados grupos, evitando, inclusive, o discurso proibitivo como estratégia para facilitar a aproximação. "Quando chegamos numa 'roda' de fumantes, não dizemos que aquilo é errado ou que devem parar, mas orientamos a cada um ter sua piteira para que a prática seja menos prejudicial à saúde. Com este tipo de abordagem, nós conseguimos voltar ao local mais vezes e sermos recebidos sem maiores empecilhos. Porém, a gente também lida com usuários que desejam parar de usar drogas, beber, e a partir daí trabalhamos com o processo de abstinência e redução do uso, mas a iniciativa deve partir deles", afirmou.

Além disso, durante as quintas-feiras os agentes visitam prostíbulos da capital, com o intuito de passar informações acerca dos cuidados que devem ser tomados para que se possa evitar o contágio com doenças sexualmente transmissíveis e distribuir preservativos nesses locais.

Contato

A Coordenação da Rede de Atenção Psicossocial fica localizada na Secretaria Municipal da Saúde (SMS), na rua Nely Correia de Andrade, 50, Coroa do Meio, e disponibiliza o telefone (79) 99158-2221 para maiores informações.