Nos meses mais chuvosos do ano, um dos grandes problemas que o município de Aracaju enfrenta é a obstrução de canais e bueiros causados pelo lixo descartado de forma irregular, o que gera alagamentos e transtornos na cidade. A Prefeitura Municipal vem tomando uma série de medidas que tem reduzido consideravelmente estes pontos de alagamento. Entre todas as ações preventivas realizadas, destaca-se o programa Cata Treco, de responsabilidade da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), que, diariamente, percorre as ruas da cidade recolhendo objetos que não possuem mais serventia.
Sofás, mesas, estantes e diversos outros móveis inutilizáveis são recolhidos todos os dias pelos funcionários da Emsurb que percorrem, em um caminhão, um bairro por dia. Em um ano, o programa já percorreu todos os bairros da cidade e, mensalmente, são recolhidas cerca de 17 toneladas de resíduos.
"O objetivo do Cata Treco é recolher dos munícipes os móveis que para eles não servem mais, evitando assim que eles descartem de forma irregular nas vias públicas, tendo como maior risco a proximidade de canais. Quanto mais retiramos das ruas esses móveis descartados de forma irregular, menos problemas vamos ter com a chegada das chuvas", explica o diretor Operacional da Emsurb, Bruno Morais.
A programação do Cata Treco é divulgada previamente pelo site e mídias sociais da Prefeitura. Dessa forma, os moradores já podem deixar na frente das residências o que desejam descartar. O caminhão percorre todas as ruas do bairro, sempre a partir das 8h, ficando até o fim da tarde, a depender da demanda. Quando não há programação à tarde, são feitos os recolhimentos solicitados pela população e já agendados. Qualquer morador pode solicitar o recolhimento através dos números 3021-9900 ou 3021-9914.
"Inicialmente, pegamos todos os bairros de Aracaju e fizemos um repasse. Após esse repasse, a gente foi vendo qual o bairro que tinha maior demanda, urgência e necessidade. Também analisamos pelas ligações que a gente recebe, quanto mais ligações recebemos em determinado bairro, a gente programa ele com mais frequência. Os bairros maiores acabam tendo uma maior atenção diante da demanda", completa Bruno.
Os bairros que recebem o programa com mais frequência são Farolândia, Siqueira Campos, Coroa do Meio e 18 do Forte.
Destinação
Todo o material recolhido pela Emsurb é encaminhado para cooperativas de reciclagem, a Care (Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju) e a Cores (Cooperativa de Reciclagem do Bairro Santa Maria). Nesses locais, são selecionados os resíduos que ainda podem ser reaproveitados. Após a seleção, os que não têm mais serventia, são encaminhados para o transbordo, realizado pela empresa Estre. Esta empresa foi selecionada, através de licitação, e mantém uma estrutura de recebimento de resíduos sólidos, tanto da coleta de lixo, quanto dos resíduos do Cata Treco.
"Tem bairros que, quando a gente recolhe em uma casa, o morador da casa seguinte pede pra ficar com o móvel. Às vezes ele não tem coragem de pedir ao vizinho e acaba pedindo pra gente e ele mesmo reaproveita", conta Bruno. "O objetivo é trazer para a população o conforto, para que eles possam ter a garantia de que a Prefeitura está preocupada em não deixar de recolher aquilo que a população fica sem saber onde colocar, de que forma se desfazer. Evita também que os carroceiros ou até o próprio morador acabe pegando o móvel e descartando em local irregular", completa.
Trabalho contínuo
O trabalho realizado pela Prefeitura de Aracaju, através da criação do Comitê de Gerenciamento de Crises, que envolve diversas secretarias e empresas públicas, tem contribuído para a diminuição dos transtornos causados pelas chuvas que, historicamente, cai com maior intensidade sobre a capital nos meses de março a agosto.
Segundo a Emsurb, nas intensas chuvas que caíram no início deste mês, nenhum canal da cidade transbordou, graças às limpezas realizadas preventivamente e a priorização de determinados canais.
"Decidimos, em reunião, que alguns canais de grande proporção teriam uma atenção redobrada. Temos controles diários, percorrendo 35 canais que são áreas de risco, canais que se não tiver atenção, podem trazer um alagamento ou transbordamento. Mesmo fazendo esse trabalho de coleta do Cata Treco, a gente ainda percebe que um ou outro ainda insiste em jogar lixo, mas não está sendo comum. As pessoas estão criando mais consciência", finaliza Bruno.
População satisfeita
Com uma grande adesão dos moradores de Aracaju, o serviço do Cata Treco tem agradado quem o utiliza. A vendedora autônoma Maria Quitéria da Silva é moradora da Rua P, no bairro Porto D'antas. Ao mesmo tempo em que reclama da falta de consciência de alguns moradores, ela elogia o trabalho da prefeitura. "Acho ótimo esse serviço porque, na rua que moro, fica muito lixo acumulado, as pessoas colocam tudo que você imagina. Esse recolhimento deixa a rua mais limpa e sem risco de doenças pra gente", afirma.