A praça General Valadão foi palco da comemoração do centenário da capoeira regional, promovida pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), através do Núcleo de Produção Orlando Viera (NPD), em parceria com a Ginga Associação de Capoeira e Grupo Os Molas, na noite de quarta-feira, 28.
De acordo com a coordenadora do NPD, Graziele Ferreira, o papel do projeto Ocupe a Praça é promover o encontro da população na praça e utilizá-la para construir uma nova forma de pensar. “A praça é um espaço para disseminar a cultura e propõe uma reflexão através do audiovisual. Além de ser um espaço de exaltar e homenagear figuras importantes da nossa cultura”, afirma.
Para homenagear os 100 anos da capoeira, o NPD exibiu o longa-metragem ‘Mestre Bimba, a Capoeira iluminada’ com direção de Luiz Fernando Goulart, produção de Nina Luz e Claudia Castello e roteiro Luiz Carlos Maciel. O documentário, conta a história de Manoel dos Reis Machado, o Mestre Bimba por meio de depoimentos de antigos alunos. “O Ocupe a Praça trabalha a cada edição um tema através do audiovisual e logo em seguida abre o espaço para debate. Porque é o momento de questionamentos, de reflexão, onde o visitante pode trocar experiência com diretores dos filmes ou até alguém próximo ao personagem principal do documentário”, justifica Graziele Ferreira.
“O documentário é rico em detalhes sobre a arte marcial e mesmo com meus 30 anos de capoeira fiquei emocionado com os depoimentos e com algumas histórias que aprendi hoje, e levarei esse legado do Mestre Bimba para o grupo de adolescente que eu ministro aulas”, diz o capoeirista Adriano Contra-Mestre Mau-Mau.
O discípulo de Manoel dos Reis Machado, o Mestre Itapoan relembra a história da capoeira regional. “Mestre Bimba utilizou os seus conhecimentos da Capoeira Angola e da luta livre do século XIX para criar este novo estilo. E hoje, estamos aqui, em Aracaju, no projeto que faz um tributo ao centenário de nossa arte. É gratificante ver esse reconhecimento. Infelizmente só aconteceu depois do falecimento do Mestre, que aconteceu na década de 70. Ele não teve a chance de participar dessas ações e de receber em vida essas homenagens. O Mestre Bimba foi um grande lutador e educador e merece todas as homenagens que vêm recebendo nos últimos anos”, esclarece.
O Mestre Itapoan completa que para participar do grupo o aluno tinha que seguir algumas regras. “O interessante é que para fazer parte do grupo de capoeira tinha que adotar alguns hábitos, exemplo não beber, não fumar e tínhamos que tirar boas notas na escola. Ele era um visionário naquela época. Com sua técnica, foi responsável por tirar vários adolescentes da marginalidade e mudar a visão das pessoas em relação a capoeira.”, observa o discípulo.
Segundo o capoeirista e mediador do debate, Mestre Lucas esta homenagem é uma forma de apresentar a história da capoeira regional a população. “Para nós capoeiristas sergipanos é extremamente importante e é um momento especial. Pois estamos homenageando a capoeira regional através do Mestre Bimba e fomentando o centenário e o criador da capoeira. Parabenizo a prefeitura e a Funcaju pelo evento que é sucesso e pelo tema que apresenta a nossa história e valoriza uma das grandes figuras folclóricas da Bahia”, destaca.
Ainda de acordo com o Mestre Lucas, a parceria entre Ginga Associação de Capoeira, Grupo Os Molas e a Funcaju foi gratificante. “Estou orgulhoso em ver a sala de exibição Walmir Almeida lotada de capoeiristas e pesquisadores da área. É a prova que a parceria deu certo e colhemos resultados positivos”, conclui.
Ocupe a Praça
O projeto promovido pela Funcaju através de sua unidade, o Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD), é realizado sempre na primeira e última quarta de cada mês, no Centro Cultural de Aracaju e na praça General Valadão. O evento tem como proposta tornar a praça um espaço mais democrático, ocupando-a com apresentações artísticas. Levando mais uma opção de entretenimento totalmente gratuita para comunidade aracajuana, visitantes e turistas.