O presidente da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), Silvio Santos, deixou o comando da fundação para atender a legislação eleitoral. Numa gestão marcada pela inovação e criatividade, Silvio afirma que o balanço é positivo: assumiu com um orçamento que refletia o momento financeiro do país e da Prefeitura, conseguindo mudar a cena cultural, apesar de ter encontrado a Funcaju desaparelhada.“O contingenciamento no orçamento e a desestruturação da fundação exigiram muito de nós. A gestão, apesar das dificuldades, foi inovadora, buscamos o diálogo com os personagens que fazem a cultura em Aracaju e conseguimos criar projetos que estão consolidados” , observou o dirigente da Funcaju.
Silvio lembra que o processo de ocupação do centro histórico de Aracaju, uma preocupação do prefeito Edvaldo Nogueira, levou a fundação a criar projetos para aquela área, como o Quinta Instrumental, inspirado em alguns programas que deram certo. “Facilitamos o acesso à música instrumental e criamos um espaço para mostrar novos talentos no Centro Cultural, no teatro João Costa. Demos ao público, especialmente ao comerciário, a oportunidade de curtir a música instrumental, pública e gratuita”, comentou.
Outro projeto que se consolidou no centro histórico da capital foi o Ocupe a Praça, uma alternativa cultural na cidade com oferta de audiovisual, música e gastronomia, ‘tudo junto’ num cartão postal da cidade. Segundo Silvio Santos, o projeto é um evento gratuito que também formou público para o audiovisual. “Toda quarta-feira à noite temos um cinema lotado e uma multidão na praça, curtindo música, teatro, gente que se diverte com cultura”, explica.
A praça General Valadão, que abriga o Centro Cultural, também recebeu o Festival de Brincantes. Num palco especial, montado para os grupos folclóricos, o público se divertiu com o colorido das vestes e a batucada dos tamancos dos brincantes. O festival foi realizado em agosto, uma homenagem a quem mantém viva as manifestações culturais do estado.
Sem verba para apoiar os blocos de Carnaval, a Funcaju realizou no Centro Cultural o I Simpósio de Carnaval de Aracaju, que discutiu a festa. “O simpósio tratou do carnaval de Aracaju e de sua composição. Mostramos como é feito o carnaval na cidade desde a década de 20”, observou. O Centro Cultural também abrigou a Semana Marcelo Déda, com exibição de curtas (roteiros receberam prêmio em dinheiro) como parte das comemorações do Aniversário de Aracaju e do aniversário do ex-governador. O evento teve a parceria com o Instituto Marcelo Déda.
A Escola de Arte Valdice Teles, nesta gestão, tornou-se uma referência na capital pela qualidade dos cursos ofertados e pela reformulação. As mudanças tornaram a unidade da Funcaju num importante centro de formação e aperfeiçoamento de artistas de Aracaju, atendendo alunos de diferentes faixas etárias A formação artística, com cursos para auxiliar os talentos sergipanos a atuar no mercado, entrou na grade curricular da escola, que atende a cerca de 500 alunos.
A 26ª edição do Salão dos Novos premiou artistas e expôs mais de cinquenta trabalhos na Galeria de Arte Álvaro Santos. “A mostra é um projeto que revela grandes nomes das artes visuais em Sergipe, gente que hoje tem uma carreira consolidada. A cada ano o Salão dos Novos cumpre o papel de trazer à cena novos artistas e fortalecer cada vez mais as artes visuais”, destacou Nino Karvan, diretor de Arte e Cultura da Funcaju. O Centro Cultural de Aracaju recebeu a 15ª Semana de Museus, promovida pelo Instituto Brasileiros dos Museus (Ibram), que escolhe todos os anos um tema central para o evento e ano passado foi ‘Museus e histórias controversas – dizer o indizível em museus’. A praça General Valadão recepcionou, ainda, o pianista Arthur Moreira Lima, com o projeto “Um piano pela estrada”. A apresentação levou ao grande público um concerto com um rico repertório musical, com obras de Bach, Mozart, Beethoven, Chopin, Liszt, Villa-Lobos e o rei do baião, Luiz Gonzaga.
Outra marca da gestão foi o lançamento do Mapa Cultural de Aracaju, ferramenta digital que permite o cadastramento de toda a produção artística e cultural da cidade, e oferece um roteiro de shows, peças teatrais, intervenções de rua e demais eventos. “Damos um passo importante para um objetivo da nossa gestão, que é a ideia de cidade inteligente, moderna e sustentável. É nas cidades que estamos buscando novos valores e afirmações. Neste sentido, as cidades ganham protagonismo, pois é a partir delas que a vida humana precisa continuar crescendo e se desenvolvendo. Neste contexto, a tecnologia se torna, cada vez mais, um importante aliado. O Mapa Cultural se revela assim um importante instrumento de apropriação", comentou o prefeito.
“Deixo a Funcaju com a sensação de dever cumprido. Agradeço a honra de ter participado de uma administração realizadora e reestruturante, que na cultura imprimiu um modelo democrático e participativo, e sobretudo por ter trabalhado com uma equipe eficiente e colaborativa”, afirma Silvio Santos, que cita ainda eventos importantes como o Projeto “Biblioteca vai à praça”, realizado pelas bibliotecas municipais Clodomir Silva, Ivone Menezes e Mário Cabral; o 1º Prêmio Mário Jorge de Poesia – homenagem a um dos maiores ícones da poesia sergipana, além de projetos que estão em consolidação, como o Conselho Municipal de Cultura.