Fundat contribui para realização de projeto Afro e cursos profissionalizantes na Maloca

Formação para o Trabalho
30/04/2007 15h35
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“O órgão público tem que está na comunidade, conhecendo-a, participando e levando benefícios”. A expressão é do presidente da Fundação Municipal do Trabalho (Fundat), Carlos Magno Costa Garcia, diante da parceria firmada com a Criliber – Criança e Liberdade, por meio do Projeto Freguesia Itinerante. A parceria foi firmada para a realização do Projeto Maloca Afro Turismo – Mostra de Cultura e Feira de Arte. O evento foi realizado sábado, 28, naquela comunidade, com apresentações artísticas da localidade e dos artistas Chico Queiroga e Antônio Rogério. Na oportunidade, também foi comunicado que em breve a Maloca receberá a certidão de Reminiscência do Quilombo, através da Fundação Quilombo dos Palmares, bem como o início de cursos profissionalizantes. O tempo chuvoso do último sábado, não impediu a realização do projeto Maloca Afro Turismo. Mais uma vez, a comunidade mostrou-se resistente e sólida para atingir os seus objetivos. A Maloca foi fundada em 1931 por dona Caçula e está localizada no bairro Getúlio Vargas. O projeto tem como objetivo proporcionar a geração de trabalho e renda junto à comunidade, já que a maior parte é formada por artesãos e músicos. Além disso, a proposta também é denotar a cultura, transformando a localidade em roteiro turístico do Estado. “É um trabalho de resistência cultural”, afirmou o presidente da Criliber, Luiz Bomfim, acrescentando que o projeto estimula a comunidade a conquistar o seu espaço para o trabalho e a renda, além de divulgar o artesanato e a culinária local, visando também o combate à desigualdade social e o racismo. Bomfim citou que a certidão de auto-reconhecimento como área remanescente do quilombo é de extrema importância para a comunidade. “Sabemos que também acontecerá um processo de revitalização do espaço. Passará a ser Patrimônio Afro Brasileiro”. Na oportunidade, o presidente da Criliber agradeceu a participação da Fundat. “Nós que integramos a comunidade agradecemos a generosidade do presidente da fundação, Carlos Magno, por entender a importância do projeto. É um fortalecimento. Além disso, pela primeira vez a nossa comunidade recebeu a visita de um representante de um órgão público e que realmente está trazendo benefícios”. Cursos profissionalizantes Vale destacar que há cerca de um mês e meio, Carlos Magno visitou a comunidade da Maloca para conhecer de perto as principais necessidades, dentro do parâmetro dos serviços desenvolvidos pela Fundação. Além da diretoria da Criliber, o presidente conversou com os moradores. Naquele instante, ficou definido que cursos profissionalizantes seriam inseridos, bem como a participação do órgão para realização do projeto cultural. Na próxima segunda-feira, dia 7, serão iniciados na Criliber os cursos de informática e cabeleireiro, em quatro, turmas nos períodos da manhã, tarde e noite, beneficiando em torno de 100 moradores da comunidade. A primeira semana será de aulas de relações interpessoais e na seqüência, as aulas práticas. “Estamos cumprindo o nosso papel, enquanto órgão público. O prefeito Edvaldo Nogueira determinou que nos voltássemos à qualificação profissional para, conseqüentemente, o cidadão ter melhores condições de enfrentar o mercado de trabalho”, esclareceu Magno. Apresentações culturais Crianças que integram o projeto infantil de percussão do Criliber mostraram que realmente têm talento. Na seqüência, o balé afro, também composto por crianças na faixa etária entre os 8 e 12 anos. José Luiz Santos (Mestre Saci) é instrutor e educador do grupo de percussão, concentrando em torno de 40 crianças, contando com o auxílio de Alberto. Saci foi o fundador do primeiro bloco afro em Sergipe – Unidos do Quilombo. Há 35 anos reside na Maloca e há 40 é percussionista. Também foi mestre do Cacumbi por um período de seis anos. “É uma honra conviver com essas crianças. O meu objetivo, o meu sonho é vê-las como músicos e dançarinos”. O grupo Cia daquela comunidade mostrou que sabe hip hop. Composições próprias, o grupo denotou a resistência, a desigualde, revelando o protesto. Papudo Gil na voz e violão, Betinho da Caixa d’água na percussão e Saci apresentaram o que há de melhor na MPB. O público cantou junto e aplaudiu. O cantor é uma revelação em talento, que se funde a afinação da voz ao instrumento. Os cantores, compositores e instrumentistas Antônio Rogério e Chico Queiroga também participaram do evento. O espaço foi pequeno para a manifestação do público. “Nós que somos dessa região, extremamente artística, estamos prontos para contribuir para a valorização dessa cultura. O negro tem o seu valor e pouco a pouco estamos mudando conceitos errôneos”, exemplificou Antônio Rogério, que recentemente retornou de turnê em companhia de Queiroga pelos Estados Unidos, Honduras e Guatemala. “Estamos sabendo do reconhecimento como comunidade Quilombola. Quem mora na Maloca não pode perder sua identidade”, comentou Queiroga, lembrando que aquela comunidade tem sua cultura própria e é preciso continuar desbravando os caminhos.