Hospitais municipais melhoram atendimento para a população

Agência Aracaju de Notícias
10/05/2018 09h02
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Os hospitais municipais Nestor Piva e Fernando Franco, localizados na Zona Norte e Zona Sul de Aracaju, respectivamente, passaram por reorganizações e implantação de novos fluxos de trabalho. As mudanças realizadas pela Prefeitura de Aracaju, através da Rede de Urgência e Emergência (Reue), desde setembro do ano passado, geraram a redução na quantidade de evasões e o aumento do número de pessoas atendidas, com a utilização da classificação de risco e de salas para medicação rápida.

O dinamismo no atendimento se dá assim que o paciente chega às unidades, logo quando faz a ficha e é acolhido por enfermeiros para a avaliação inicial do seu risco. A classificação de risco é dividida em quatro cores: vermelho, para aqueles pacientes mais graves, como infartados, por exemplo, que nem passam pelo acolhimento da enfermagem e vão direto para o atendimento médico; amarelo, aquele que requer cuidados e tem tempo de espera estimado em 30 minutos; verde, com tempo de espera de até duas horas; e azul, com tempo de espera de até quatro horas.

As mudanças foram gradativas e iniciadas no hospital da Zona Norte e, há cerca de dois meses, também foram implantadas no Zona Sul. Com isso, os pacientes passaram a ser atendidos de acordo com a sua necessidade e não por ordem de chegada. "Temos procurado deixar claro à população que emergência é diferente de Unidade de Saúde da Família (USF). Não é o fato de ter chegado às 7h da manhã que dará prioridade sobre o paciente que chegou às 10h. Se o paciente que chegou às 10h for grave, ele vai ser atendido antes do paciente que chegou cedo da manhã, porque o nosso foco nos hospitais é o paciente grave, de urgência, não é o paciente ambulatorial, que deve procurar a Unidade de Saúde do bairro em que mora", esclarece a coordenadora da Rede de Urgência e Emergência (Reue), Genisete Pereira.

O novo método implantado está facilitando o fluxo. Quando o médico recebe o paciente, já sabe qual a gravidade. Assim como, ficou mais fácil identificar aqueles que deveriam ter se direcionados às USFs, que são os pacientes classificados na cor azul.

A coordenadora-geral do hospital municipal da Zona Sul, Manuela Oliveira, explica que os usuários sabem que serão atendidos nos hospitais devido à escala de profissionais 24 horas. "Mas acabam superlotando e dificultando o atendimento daqueles que realmente precisam de uma atenção emergencial. Agora, quando recebemos esses pacientes, informamos que ele terá um tempo de espera maior, mesmo assim, alguns resolvem aguardar. Muitas vezes, eles saem daqui com receitas e encaminhamentos médicos para buscar a Atenção Básica. Essa é a prova que eles se direcionaram para os hospitais mesmo sem ter a necessidade específica", ressalta. Outra comprovação de que alguns pacientes poderiam ser atendidos em unidades de menor complexidade é que, dos atendidos, apenas de 2% a 3% ficam internados e cerca de 98% são liberados.

Trícia Nataly do Nascimento, 18 anos, levou sua filha de dez meses com febre alta e muita tosse para ser atendida no hospital Fernando Franco. Assim que chegou, a pequena foi recebida pela equipe de enfermagem no acolhimento da unidade e, devido à gravidade da febre, foi classificada em amarelo para um atendimento breve. Em cerca de dez minutos, a bebê foi avaliada por um médico, que indicou a medicação necessária. "Concordo que outra criança que esteja com sintomas mais leves aguarde um pouco mais do que a minha filha. Não por ser minha filha, mas porque acho que o atendimento deve ser mesmo de acordo com o que está sentindo, assim como um adulto", afirma Trícia.

Para evitar o aglomerado de pacientes ambulatoriais, aqueles de menor gravidade, com pacientes graves, também foi aberto o espaço para medicação rápida. Esse ambiente interno é exclusivo para os usuários que foram avaliados pelo médico, precisam apenas ser medicados e, em seguida, receberão alta.

Resultados

O método de classificação de risco não é utilizado de forma obrigatória. É uma recomendação, não só do Ministério da Saúde, mas de caráter mundial, seguindo um protocolo criado no Canadá. Vários serviços de saúde pelo mundo trabalham dessa forma, e o resultado disso é o trabalho fluindo melhor, pacientes graves sendo atendidos com maior brevidade e a diminuição da evasão.

Com as mudanças, os hospitais já passaram de uma média de 11 mil para 13 mil atendimentos mensais. São dois mil atendimentos a mais. Além disso, o índice de evasão, que são aqueles pacientes que desistem de ser atendidos, diminuiu bastante. Antes, eram cerca de 1.300 evasões por mês e, agora, são 300. Esse é um dado positivo, já que aqueles pacientes que preenchem a ficha e desistem, causam retardamento no fluxo e atrasam o atendimento de outro paciente que precisa.

Também houve uma diminuição no número de reclamações internas e nenhuma ocorrência através da Ouvidoria. A gestão está tendo um contato direto com a população nas unidades, buscando conversar e explicar a implantação da classificação de risco e o motivo da demora no atendimento de alguns, apresentando o quadro de profissionais da casa, ou seja, mostrando como está o funcionamento da unidade, gerando uma maior compreensão dos usuários.

"Temos usuários que são frequentadores da unidade, pessoas da comunidade local, que percebem mais essas mudanças. Uns até se chateiam sem conhecer o processo, mas quando a gente explica como funciona, dá uma amenizada. Tanto que, ultimamente, não temos tido reclamações mesmo quando estamos mais lotados", afirma Manuela Oliveira.

A coordenadora da Rede afirma que as unidades estão atendendo a todo vapor. Não houve desfalque nas equipes médicas e nenhuma desassistência de insumos. "A população pode ficar tranquila, não temos esses problemas. Tanto que temos um número maior de atendimentos e a população está procurando o serviço. Estamos lotados em alguns momentos justamente porque há oferta. A população sabe que o serviço funciona e que terá atendimento. As esperas que estão ocorrendo não são de pacientes graves e estão dentro do padrão. Precisamos deixar claro que urgência não atende por ordem de chegada. Por ordem de chegada é nas Unidades de Saúde da Família. Existem queixas de pacientes que se direcionaram a locais inadequados", destaca a coordenadora da Reue, Genisete Pereira.

Ela afirma ainda que, "como profissional de saúde, há uma grande satisfação e alegria em ver o resultado no usuário. Afinal, o nosso foco é único e exclusivo nele. À medida que ofertamos um melhor serviço, temos mais resolutividade. Quando vejo que o usuário está sendo atendido, com o seu problema sendo resolvido, com tempo de resposta menor, evasão diminuindo e com o número de pacientes aumentando no atendimento, fico extremamente satisfeita porque esse é sempre o nosso objetivo".