Projeto de drenagem transforma realidade em escola municipal

Agência Aracaju de Notícias
17/05/2018 09h05
Início > Notícias > Projeto de drenagem transforma realidade em escola municipal

Um projeto inovador transformou a realidade dos alunos da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Joana Maria da Silva, localizada no bairro Farolândia. Há mais de quatro anos, em períodos chuvosos, as crianças tinham suas aulas suspensas devido às águas de esgoto que invadiam a escola. Mas, desde o final de abril, a Coordenadoria de Infraestrutura e Edificações (Coied) da Secretaria Municipal da Educação (Semed) colocou em funcionamento um sistema de biorretenção e resolveu o problema.

A solução, mais conhecida como "jardim de chuva", realiza a drenagem do local de forma sustentável para o manejo de águas pluviais urbanas. O sistema se encarrega de reter e infiltrar o volume de águas do solo, enquanto trata biologicamente este escoamento e favorece o reabastecimento limpo dos aquíferos subterrâneos. Tudo isso acontece através de camadas projetadas no solo, com cerca de 1,7m de profundidade, que aumentam a capacidade de armazenamento da chuva em um sistema novo, econômico, eficiente e visualmente agradável.

Eliane Barros é diretora da Emei Joana da Silva há mais de quatro anos e já encontrou a escola em uma situação complicada com os alagamentos. Durante esse tempo, foram encaminhadas solicitações e ofícios, mas sem sucesso. "Antes, a gente não conseguia receber as crianças quando chovia por conta da quantidade de água que entrava e também por conta do mau cheiro de esgoto, que dava até dor de cabeça. Recebíamos visitas técnicas, que não apresentavam soluções. Mas, na atual gestão, a equipe teve um olhar especial e resolveu a situação", afirma.

A ideia de implantação do sistema surgiu a partir de um estagiário da Coied. Thiago Lopes é estudante de Engenharia Civil e fez intercâmbio nos Estados Unidos através do Programa Ciências Sem Fronteiras em um projeto de pesquisa para análise da eficiência do sistema de jardim de chuva para a Agência de Proteção Ambiental do Estados Unidos, sob a orientação do professor PhD Arash Massoudieh. Ao retornar do exterior, o aluno ingressou como estagiário na Semed e, desde setembro do ano passado, está colaborando na Coied. Ao se deparar com a situação da Emei Joana Maria, Thiago sugeriu colocar em prática seu objeto de estudo, que obteve resultados positivos de eficiência na pesquisa.

A coordenadora da Coied, Aíres Rodrigues, conta que o estagiário veio a somar com a equipe ao apresentar uma solução para um problema que ainda não tinha uma possibilidade viável. "A comunidade sofria muito porque a escola ficava com o nível da água a 40 centímetros do chão. O fato de ser mais baixa que o nível da rua dificulta ainda mais. Quando Thiago me apresentou a ideia, não tive dúvidas de aceitar. Ficamos muito felizes com essa contribuição, além de ser uma ideia sustentável, com um excelente custo-benefício. Não são só os estagiários que aprendem com os profissionais, nós também aprendemos muito com ele. Essa turma nova vem sempre com novas ideias a serem somadas", ressalta a coordenadora e supervisora de estágio da Coied.

O estudante explica que aparentemente é um jardim, com um bom aspecto paisagístico, mas que também combate os impactos da impermeabilização do solo, retendo biologicamente toda a água que chega ao sistema. Segundo Thiago, também foram escolhidas plantas que contribuíssem com essa função, absorvendo água e transpirando pelos estômatos, e plantas que pudessem ser utilizadas pela escola, devido à propriedades medicinais e para o incentivo do cultivo.

"Esse era meu sonho desde que conheci o sistema de biorretenção. Eu queria implantar em algum lugar. Fiquei muito feliz por terem confiado na proposta e por ter dado certo. Afinal, é muito importante ter abordagens sustentáveis em questões que só poderiam ser resolvidas com sistemas muito estruturais e muito complexos e nós conseguimos isso. O papel da coordenadoria é dar condições para que a escola funcione perfeitamente e atenda as necessidades dos envolvidos, como alunos, professores e pais de alunos", afirma o estagiário que acompanhou de perto os três meses de execução do sistema.

"Já colocamos em prática nas últimas chuvas e ficou maravilhoso, não enche mais, a água escoou. Esse é um problema solucionado e as crianças podem ficar tranquilamente nas suas salinhas.  Agora, essa parte da escola também é área de recreação. Antes a gente não tinha como aproveitar, todo aquele espaço era inutilizado. Ficou lindo, estou encantada com o projeto", contou a diretora da Emei.