Prefeitura organiza roda de conversa sobre Medicalização e Patologização da Infância

Agência Aracaju de Notícias
18/05/2018 13h49
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A luta por um cuidado ao sofrimento psíquico humanizado e pautado na liberdade completa 30 anos nesta sexta-feira, 18. Em comemoração e pensando nos desdobramentos da luta antimanicomial, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), organizou nesta manhã uma roda de conversa sobre a “Medicalização e Patologização da Infância. 
 
O evento ocorreu na Escola de Governo e Administração Pública (Esgap), voltado aos servidores da administração municipal que mantém contato com crianças em sofrimento psíquico como a Secretaria Municipal da Educação (Semed) e a Secretaria de Assistência Social. “O ser que nós estamos cuidando faz parte de uma rede, vai à escola, frequenta inúmeros ambientes sociais na comunidade. Por isso, este trabalho é tão importante. Ele permite que o tratamento seja contínuo”, a coordenadora do Caps Infantojuvenil e uma das palestrantes, explica Alessandra Aragão. 
 
O trabalho intersetorial e continuado é fundamental para desenvolver o tratamento onde a medicação seja complementar e utilizada apenas nos casos de elevada importância para o tratamento. “Nós vemos uma demanda da sociedade por psicotrópicos. Qualquer criança danada é vista como portadora do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e, desta forma, precisa tomar medicamento. Nós temos outra visão sobre o assunto, pois existem outras formas de terapias, através da arte e das atividades lúdicas. O nosso objetivo é mostrar que nem todo comportamento deve ser patologizado, pois se trata da expressão subjetiva de cada um”, ressalta a apoiadora institucional da Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS), Maísa Aguiar.
 
Compreender as singularidades e respeitar a diversidade são os caminhos apontados para oferecer um tratamento psicossocial digno. Além disso, observar as interferências causadas por nossa cultura, com seus tabus e totens, se mostra imprescindível para analisar as patologias mais comuns nos dias atuais. “Nos últimos anos tem crescido o número de pessoas diagnosticadas com patologias, mas quando você tenta entender isso na área de saúde mental é importante evidenciar o contexto, pois muito do que é considerado patológico é reflexo das próprias contradições da nossa sociedade. Como exemplo, ela nos coage a sermos imediatistas, não respeitando o luto por nossas perdas e, desta maneira, o remédio é utilizado como principal ação mesmo com outros tratamentos disponíveis”, aponta o mestre em Educação e segundo palestrante do evento, o psicólogo Klessyo Freire.