Parceria realizada pelo Cras Santa Maria leva oficina de filme-carta para mulheres do bairro

O curso de produção de vídeo de bolso, onde mulheres do bairro Santa Maria, em Aracaju, aprendem as técnicas da produção, direção e gravação de vídeos é graças a uma parceria entre a Secretaria Municipal da Assistência Social, por meio do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Santa Maria, com os coletivos Sala de Reboco e Entre Becos. Atualmente, o grupo já é formado com 25 integrantes, que retratam através dos seus olhares o que se tem de melhor na comunidade.

“Luz, câmera, ação. Silêncio é hora de gravação!”. É mais ou menos nesse ritmo que tudo acontece. O cenário é daqueles que fazem as participantes se sentirem em casa, em um espaço já conhecido por todas. O Cras Santa Maria, responsável por incentivar a participação das mulheres também funciona como o espaço para as aulas teóricas. A coordenadora da unidade da Assistência Social, explica que esse curso possibilita às cidadãs do Santa Maria, uma atividade que tem se tornado cada vez mais popular, a produção do vídeo de bolso. 

 

“O Cras é uma instituição de porta aberta, extensão da Assistência Social, que aproxima a comunidade dos serviços prestados pelos órgãos públicos. Mas, vai além disso, é também uma ferramenta de inclusão, que tem a função social de ofertar ações que sejam para o benefício da comunidade. Então, nós encontramos nesse projeto a chance de oferecer as mulheres do Santa Maria algo novo, que pudesse fazer com que elas retratassem aquilo do seu interesse, mostrasse através de vídeos com o celular um pouco do que tem no bairro onde elas residem”, explica Milena Rocha coordenadora do Cras Santa Maria.

A oficina tem uma grade pedagógica distribuída em 16 encontros e faz parte de um conjunto de projetos denominado “Territórios” do Coletivo Sala de Reboco. A integrante do coletivo responsável por ministrar a oficina, Juliana Texeira, ressalta que o curso ensina as participantes tanto a terem noções técnicas de gravação como também formas de contar histórias. “Inicialmente tínhamos nos programado para ministrar o curso em apenas sete dias, mas com o sucesso da procura resolvemos aumentar o número de dias para 16. O que elas estão aprendendo aqui é justamente como se manuseia um equipamento celular para vídeos e as possibilidades de contar histórias, como escolher o local, os personagens, para no final cada uma fazer um filme-carta que é um modelo de vídeo que tem como proposta contar algo para alguém”. 

 

Ainda segundo Juliana a escolha do Santa Maria foi algo pretensioso com o objetivo as próprias mulheres da comunidade por meio de vídeos quebrem alguns conceitos preconceituosos da comunidade encontros, principalmente, na mídia. “O Santa Maria é o maior bairro periférico de Aracaju e a gente está acostumado a ouvir as mesmas histórias sobre ele. A ideia do curso é emancipar as mulheres no sentido de mostrar que elas também podem transmitir informações, comunicar e não serem apenas receptoras", complementa.

 

Aprendizes

Gabrielli Eleodora Rodrigues tem 14 anos e cursa o 8º ano do ensino fundamental, quando soube do projeto, decidiu experimentar essa nova experiência oferecida à comunidade. “Estamos cansados de ver o nosso bairro sendo retratado como um local de pessoas que não são boas influências. Nós temos a convicção de que isso não é verdade, mas eles por não conhecerem, só vêem o nosso bairro como um local de altos índices de violência e morte e não imaginam que aqui moram pessoas honestas. Hoje, tive a chance de conhecer um senhor que veio de outra cidade, do interior do estado, que nos contou que morar no Santa Maria foi como se fosse um refugio para ele e que a melhor parte de sua vida foi nesta localidade. Isso mostra que aqui é igual a todos os bairros, onde têm histórias das mais diversas, inclusive, de pessoas que são exemplos de vida e é isso que vou passar no meu produto”, observa a estudante.

 

O bairro também é um local de uma excelente culinária e é isso que a doméstica Maria Aparecida da Silva vai mostrar em seu vídeo. “Neste dia de gravação, fomos atrás da barraquinha do acarajé que é muito famosa. Vou mostrar no meu vídeo como é feito o bolinho e o recheio do acarajé e o porquê as pessoas gostam tanto desse acarajé. Eu sou muito curiosa, gosto de entender sobre o assunto e também passar adiante”. Aparecida ainda completa que o curso é uma forma de expandir a sua visão de mundo. “Está sendo uma boa iniciativa, estou aprendendo muita coisa que não fazia noção. É uma forma de desenvolvimento do nosso conhecimento fazendo com que nos interessemos ainda mais por essas novidades do mundo”.