Com o objetivo de fortalecer o trabalho intersetorial em relação aos atendimentos realizados nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) junto à população LGBT, a Diretoria de Direitos Humanos e a Diretoria de Proteção Social da Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju articularam na manhã desta sexta-feira, 8, um atendimento especialmente destinado a esse público no Cras Jardim Esperança.
Denominado ‘Dia da Transversalização’, a ação atendeu pessoas de vários bairros da capital sergipana com a proposta de intensificar o alcance no atendimento do público LGBT. “Essa é uma oportunidade de nos aproximarmos ainda mais da comunidade LGBT, que ainda sofre com um processo de exclusão por parte da sociedade. Por entendermos o quanto isso é sério, nada melhor que o Cras, como porta de entrada das políticas públicas da Assistência Social, realizar ações que combatam essa exclusão e ajudem a incluir cada vez mais essas pessoas nos serviços que eles têm direito. Muitos, por exemplo, não sabem dos benefícios da realização do Cadastro Único”, ressalta a coordenadora do Cras Jardim Esperança, Luana Dias Chacon.
De acordo com a diretora da Diretoria de Direitos Humanos (DDH) da Assistência Social, Lídia Anjos, a ação mostra o olhar especial que toda equipe da secretaria vem tendo com os públicos em situação de vulnerabilidade. “Nós, enquanto gestores públicos, temos que ter um olhar específico considerando as necessidades de cada grupo. As pesquisas colocam que a população trans ainda vive em uma situação muito lamentável, com uma expectativa de vida muito curta, em média, 32 anos. Então, para esse público com tantos dados de violações de direitos humanos, é necessário que tenhamos um olhar mais cauteloso, mais cuidadoso. Com várias equipes comprometidas, a Assistência tem tido a preocupação de fazer com que esses grupos vulneráveis, de modo geral, sejam inseridos cada vez mais nas políticas públicas oferecidas pela gestão”.
A manhã foi resultado de um levantamento feito pela equipe técnica da DDH, que entendeu a necessidade de promover ações que fomentem a equidade nos atendimentos nos Centros de Referência. “Estamos fazendo um levantamento pelas comunidades e já percebemos um grande número de pessoas da comunidade LGBT que não tem acesso aos Cras. Com isso, temos que ter um olhar mais específico para que essa comunidade frequente os Cras e possam garantir o acesso aos programas da Prefeitura. Isso também é uma maneira de garantir a equidade nos nossos atendimentos”, pondera o assessor técnico de assuntos LGBT da DDH, Marcelo Lima.
Amanda Dorneles é uma mulher trans, moradora do bairro São Conrado, e não deixou a oportunidade passar. “Essa ação foi muito pertinente porque algumas pessoas da comunidade não têm muitas oportunidades, por não terem conhecimentos. É preciso entender que esses serviços oferecidos pelos Cras ajudam aqueles que mais precisam. Muitos não sabem que com o NIS, por exemplo, não precisamos pagar concurso público, taxa do Enem, além de podermos ter redução na taxa de energia e ainda acesso aos programas como o Minha Casa, Minha Vida. Coisas que a população LGBT também tem direito e muitos não faz ideia”.
A assistente social e pesquisadora Adriana Lohanna, entende a ação como um projeto piloto que dá um passo largo para fazer com que essa população que anda em detrimento de direitos tenha acesso às políticas sociais. “Grande parcela da comunidade LGBT ainda precisa ser atendida por esses serviços. Porque a sociedade não está acostumada a entender a pessoa LGBT como uma pessoa detentora de direitos. O atendimento realizado hoje no Cras, não quer dizer que estamos dando ênfase ou priorizando essas pessoas, estamos apenas, fazendo uma política compensatória a essa população que a toda vida sofreu com a violência e as marcas da LGBTfobia, transfobia em seu corpo. A gente vivencia uma população que é ceifada de direitos de existir, de questões básicas de saúde e, principalmente, da educação. O Cras começa com esse projeto piloto que está dando um grande passo em favor dessa população que tanto necessita ter acesso às políticas sociais”, observa.