Assistência de Aracaju trabalha na prevenção da violência contra idosos

Família e Assistência Social
15/06/2018 17h56
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Alegria, alegria! O título de uma das mais famosas músicas de Caetano Veloso poderia ter sido inspirado nos idosos que frequentam os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) de Aracaju. Participantes muito ativos nas ações que os Cras realizam, as idosas e idosos têm nos Centros de Referência ambientes de diversão, aprendizado e troca de experiências, além do suporte necessário na prevenção da violência.

15 de junho

No dia 15 de junho é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Em alusão à data, a Secretaria Municipal da Assistência Social, por meio do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa realizou um evento voltado para os alunos das instituições municipais de ensino de Aracaju e para os idosos referenciados nos Cras da capital sergipana. O encontro contou com as presenças de representantes do Ministério Público, Secretaria de Educação, Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa e Câmara Municipal de Aracaju.

A vice-prefeita Eliane Aquino entende que a participação dos idosos na construção das políticas públicas é extremamente importante. “Queremos que todos os idosos participem. Queremos que eles forneçam todo o saber que tiveram durante toda a vida para que possamos fazer mais e melhor tanto na Assistência de Aracaju como em todas as áreas da prefeitura”.

Atuação

Atualmente, a Secretaria da Assistência Social de Aracaju tem 22 grupos de idosos que estão distribuídos pelos 16 Cras da capital sergipana. Ao todo são 850 pessoas com mais de 65 anos. Para a secretária da Assistência Social, Rosane Cunha, as atividades lúdicas têm um papel muito importante na promoção dos direitos das pessoas idosas. “A Assistência trabalha para a garantia de direitos da família como um todo, especialmente para este público de pessoas idosas, que é prioritário. Em todos os nossos Cras nós dialogamos frequentemente sobre o respeito às pessoas idosas, para que elas sejam vistas como cidadãos ativos. Desenvolvemos também ações de prevenção através de atividades lúdicas como o Carnaval dos Idosos e Arrastapé da Melhor Idade, que também incentivam o fortalecimento de vínculos comunitários, familiares e o aumento da autoestima”.

Violência em dados

As violências contra a pessoa idosa podem ser de diversos tipos. Violência física, psicológica, abuso financeiro ou material, abuso sexual, negligência e abandono são praticadas, infelizmente, contra esta parcela da população. De acordo com o Disque 100, em 2016, 77% das denúncias feitas foram motivadas por negligência, 51% por violência psicológica, 38% por abuso financeiro e econômico ou violência patrimonial e 26% por violência física e maus tratos. No ano passado, em Aracaju, 95 idosos vítimas de violência foram incluídos nos serviços dos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas).

Serviços nos Cras

Lara Cíntia, coordenadora da proteção social básica da Assistência Social, explica que as atividades dos Cras são referenciadas por duas vertentes, que dialogam diretamente com o empoderamento e a proteção da população como um todo, inclusive as pessoas idosas. “O Cras se apresenta como um espaço de prevenção aos casos de violência contra a pessoa idosa, a partir das ações que a equipe técnica que está nas unidades realiza. Temos como principal objetivo o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e as ações são pensadas dentro dessa perspectiva, para que o idoso tenha acesso à informação, para que ele utilize o conhecimento em sua própria vida e seja um multiplicador desse saber dentro do território. Através do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) todas as famílias que são usuárias dos Cras são acompanhadas e recebem atendimento de forma individual ou em grupo. Nossa equipe de psicólogos e assistentes sociais está sempre à disposição para atendê-los. Prova disso são os números de atendimentos particularizados realizados em 2017: foram 101.044. Temos também outra vertente que é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) que é responsável pela realização das atividades socioeducativas, que proporcionam aos idosos as vivências culturais e a socialização com outras pessoas”.

Participação

Lara ainda avalia que o público idoso tem a característica de aproveitar ao máximo todas as ações que são propostas. “Existe uma diferença. Os idosos são muito mais participativos nas atividades, eles têm o desejo de contribuir com suas experiências de vida em todos os trabalhos que o Cras realiza e esse é um dos motivos do sucesso. Quando a gestão e os usuários se unem para a construção de políticas públicas, as ações têm outro peso, outra força, porque são construídas a várias mãos”.

Presidindo o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa, a Maria José Matos acredita que o trabalho do Cras é muito importante para a qualidade de vida das pessoas idosas: “Muitas pessoas idosas, apesar de viverem no ambiente familiar sofrem de solidão. E é no Cras onde eles encontram companheirismo, coisas que eles gostam de fazer. Com essa participação ativa nos centros de referência, até a saúde deles melhora. E é um trabalho de formiguinha que eles realizam. Quando percebem que o Cras é um lugar bom para estar, chamamos outros e assim os grupos de idosos vão crescendo e se fortalecendo. O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa aposta muito nos Cras e entende este ambiente da Assistência Social como primordial na vida dos idosos e idosas de Aracaju”.

Gilza Rodrigues é usuária do Cras Santa Maria. Muito engajada nas questões relacionadas à proteção das pessoas idosas, ela está sempre presente nas atividades do Cras e nos eventos informativos. “Sempre é proveitoso saber um pouquinho mais sobre os nossos direitos. Munidos dessas informações, nós podemos cobrar do poder público um trabalho direcionado”.

Brasinalva Leid Ramos é usuária do Cras Risoleta Neves e aprendeu diversas técnicas artesanais nos Cras. “Lá a gente aprende muita coisa. Todos os dias têm algo diferente pra gente fazer, as amigas para gente encontrar. Antes eu ficava em casa a semana toda, mas agora eu saio mais e minhas tardes são alegres, ao lado do pessoal do Cras. Até a minha família me incentiva a ir sempre. Com o Cras na minha vida sou mais feliz”.