XV Fórum do Forró integra festejos da capital e homenageia Jacinto Silva

Cultura
22/06/2018 09h02

Promovido pela Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), a 15ª edição do Fórum do Forró reuniu pesquisadores, músicos, compositores e apaixonados pela música nordestina nos dias 20 e 21 de junho, no Centro Cultural de Aracaju. O objetivo do encontro é levantar diálogos sobre ‘O Coco na Tradição do Forró’. Além disso, houve homenagem ao músico alagoano, Sebastião Jacinto da Silva, mais conhecido como ‘Jacinto Silva’, falecido há sete anos, mas que deixou seu nome na cultura popular do nosso país.
 
Durante o evento, o presidente da Funcaju, Cassio Murilo, salientou a importância de debater a cultura popular e trabalhar a salvaguarda de bens culturais em nossa cidade. “Este evento faz parte da volta dos festejos juninos de nossa capital e é uma oportunidade propagar nossa cultura aos visitantes e a nova geração durante o Forró Caju. O fórum é um espaço de conhecimento sobre nossas tradições e é também um momento de celebrar a nossa identidade, que envolve o forró e os festejos juninos”, enfatizou.
 
Para o diretor do departamento de Arte e Cultura da Funcaju, Nino Karvan, o fórum é a principal ferramenta articuladora que tem como objetivo contribuir na fomentação da cultura nordestina. “Este evento é resultado da junção de vários profissionais envolvidos. Além de ser o papel da fundação valorizar a nossa história, sobretudo, a musicalidade nordestina, por exemplo, a “coco” que traz o som característico de quatro instrumentos, sendo eles ganzá, surdo, pandeiro e triângulo, mas o que marca mesmo a compasso desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos, que, são usados para imitar o barulho do coco sendo quebrado. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, talvez o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas”, explicou. 
 
Ainda de acordo com Nino, há toda uma tradição e contexto histórico por trás desse ritmo e o fórum é um espaço onde o participante conhece a sua identidade cultural. “Nesses dois dias proporcionamos um estudo sobre os diversos aspectos do forró através de palestras, debate, e finalizamos este ciclo com muito forró no show do cantor sergipano Sérgio Lucas, na praça General Valadão, que faz parte da programação do Forró Caju”, explicou, Nino Karvan.

O Fórum do Forró foi criado há 15 anos por iniciativa do pesquisador Paulo Corrêa. “Aracaju precisava de um espaço para debate e que homenageasse os artistas que trabalham em prol da cultura popular e, lá se vão alguns anos proporcionando debates inteligentes e dialogando com artistas e estudiosos da área”, justifica Paulo Corrêa. 
 
Legado do homenageado 
 
O homenageado no Fórum do Forró de 2018 é considerado um dos maiores intérpretes da música nordestina, nasceu em Palmeira dos Índios no ano de 1933 e faleceu em Caruaru em 2001 deixando seu legado para história da cultura nordestina. 
 
O alagoano Jacinto Silva se destacou na música pelo coco sincopado, gênero do qual era senhor absoluto. Jacinto era cantor e compositor, fez letras junto com Onildo Almeida, Juarez Ferraz, Sebastião França, Luiz Queiroga, Florival Ferreira, João Silva, Zé do Rojão, Geraldo Lopes e Zé do Brejo.
 
“Jacinto Silva é a base da história da música popular do Nordeste. A obra de Jacinto Silva é importante para o Brasil entender que música brasileira não é apenas samba e o que se produz no eixo Rio e São Paulo. A música brasileira tem na obra de Jacinto Silva a oportunidade de se compreender o que é cultura popular, e também apresenta um leque de sugestões no campo da identidade nordestina, do que chamamos de povo nordestino e participar do fórum com a palestra ‘Jacinto Silva, o Forró como cultura popular: da nostalgia a contemporaneidade é uma provocativa para que as escolas insiram em sua grade curricular a cultura popular como disciplina, onde cada estado iria desenvolver e trabalhar sua realidade cultural. Quem sabe um dia a gente debata em um fórum esse tema. Quero agradecer a todos os envolvidos pela abertura do espaço e por falar desse extraordinário compositor e intérprete e mágico das palavras”, afirmou músico e pesquisador, Silvério Pessoa.
 
O professor Zezinho de Oliveira pontua que é a primeira vez que participa de um encontro que aborda educação e cultura. “Estou encantado com o conteúdo do fórum. A Funcaju está de parabéns por realizar um evento desse nível, e que nos faz refletir sobre o papel do forró e da nossa cultura daqui a alguns anos. O que estamos fazendo para valorizar nossa história e o que queremos passar para as próximas gerações. Concordo com Silvério quando ele fala que era uma oportunidade das escolas colocarem a cultura popular como matéria. Talvez o futuro da cultura popular fosse visto de outra maneira, e que bom existe o Fórum do Forró”, concluiu.