Assistência promove ação de enfrentamento ao trabalho infantil em feira do bairro Santos Dumont

Assistência Social e Cidadania
28/06/2018 17h11

‘Criança não trabalha, criança dá trabalho’. Engana-se quem pensa que o trecho desta canção é a realidade de todas as crianças no Brasil. Segundo panorama divulgado pela Fundação Abrinq, no ano de 2016, o país possuía aproximadamente 3,3 milhões de crianças em situação de trabalho infantil. Para enfrentar esse mal, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Assistência Social, realiza durante todo o ano, diversas ações de combate. Alguns exemplos são abordagens em pontos estratégicos da capital sergipana, onde são levadas peças teatrais, apresentações artísticas e culturais, palestras, retratando as consequências que podem ser ocasionadas em meninos e meninas expostos em tal situação. Na manhã desta quinta-feira, 28, a feira do bairro Santos Dumont recebeu equipes da secretaria, que passaram a mensagem e fizeram as pessoas refletirem.

Os problemas gerados em decorrência do trabalho infantil acarretam sérias consequências na sociedade, que vão desde o aumento no número da evasão escolar até mesmo agravamento dos aspectos socioeconômicos. Para o coordenador da Proteção Social Especial, Jonathan Meneses, durante os meses de junho e julho a campanha de enfrentamento é intensificada com o objetivo de reforçar essa triste realidade. “Muita gente questiona sobre o destino dos pequenos que vivem em situação de pobreza. Nós, por meio dessas manifestações, estamos mostrando as alternativas. O estudo deve sempre estar sempre em primeiro lugar. Foram abertos alguns processo seletivos no programa Jovem Aprendiz recentemente, e muitos desses meninos que estão trabalhando, não podem participar por não terem o grau de escolaridade solicitado. Esse problema tem solução e estamos aqui para fazer com que essas crianças e os seus responsáveis enxerguem isso”, ressalta.

Jonathan ainda destaca os riscos da exposição dessas crianças nesses ambientes de trabalho. “Em locais como esses, os garotos estão expostos à diversas coisas, principalmente, à violência e drogas. Estamos em uma área aonde diversas pessoas passam durante todo o expediente da feira. Ou seja, os meninos e meninas podem sair de suas casas para iniciar uma atividade trabalhista, mas acabar sendo induzido a fazer coisas ilícitas”, alerta.

O grupo percussivo “Lateiros Curupira”, formado por crianças e adolescentes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Maria Diná de Menezes, do bairro 17 de Março, se apresentou na ocasião e mostrou que o acesso à arte e cultura tem transformado vidas de crianças que vivem em situação de vulnerabilidade. “Eu amo participar do grupo. Aqui tenho a chance de aprender muitas coisas que não teria, se ainda estivesse trabalhando limpando vidros de carros em sinais. Agora, tenho até mais tempo para estudar”, diz alegre, Kawane Jennifer Santos de Freitas, de 12 anos.

O catavento, símbolo da campanha de enfrentamento realizada pela Assistência, foi pintado nos rostos das pessoas que circulavam pela feira. A oficineira do Cras Risoleta Neves, Simone Sabino, conta que a atividade reforça a proposta e ajuda a incentivar os cidadãos à frequentarem os Cras. “A pintura é apenas um dos trabalhos pedagógicos que desenvolvemos no Cras. No momento da abordagem aproveitamos para estimular que essas pessoas procurem e participem dos serviços oferecidos pela Assistência. Nos Centros de Referência eles terão acesso à diversas atividades sociais, culturais e pedagógicas”.

A feirante Everlaine Oliveira é consciente sobre os problemas que podem ser gerados com a exploração do trabalho infantil. “Lugar de criança é na escola. É triste ver tantas crianças trabalhando, pegando peso, se matando para levar dinheiro para casa. Sabemos que o trabalho infantil não é a saída. Pelo contrário, só tende a piorar a situação”, observa.