Semed participa de debate sobre rumos da educação nacional

Educação
04/07/2018 16h08

Educadores, pais e alunos de diversas redes municipais de ensino participaram, na manhã desta quarta-feira, dia 4, da 6ª Conferência Intermunicipal de Educação, etapa preparatória Conferência Nacional de Educação (Conae) 2018. Além de Aracaju, o debate contou com representantes de Santa Rosa de Lima, Riachuelo, Laranjeiras, Santo Amaro das Brotas, Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão, Itaporanga D’ajuda e Maruim. A atividade ocorreu no prédio da Faculdade Maurício de Nassau, no bairro Siqueira Campos.
 
O objetivo desta etapa, bem como das anteriores, foi permitir que os vários segmentos envolvidos com a educação analisassem e discutissem o documento referência, fornecido pelo Fórum Nacional de Educação (FNE), que como tema “A Consolidação do Sistema Nacional de Educação (SNE) e o Plano Nacional de Educação (PNE): monitoramento, avaliação e proposição de políticas para a garantia do direito à educação de qualidade social, pública, gratuita e laica”. Os delegados escolhidos nesta etapa participarão de um encontro estadual no segundo semestre onde, por fim, nove delegados de Sergipe serão apontados para integrar o debate nacional, em Brasília, em novembro. 

A Secretaria Municipal da Educação (Semed) integrou a comissão organizadora da atividade. A secretária Maria Cecília Tavares Leite fez a fala de abertura e salientou a importância das conferências para o país. “Iniciei minha carreira na educação nos ano 80, quando também nasciam os debates sobre a necessidade de realizarmos esses encontros nacionais, democráticos e plurais para pensarmos a educação brasileira”, relembrou. A coordenador de Gestão Educacional da Semed, professora Maria José Guimarães, explicou o papel da Semed no evento. “A Semed integrou uma comissão organizadora, e sendo a cidade sede, garantiu a logística e também toda a mobilização para que aqui pudéssemos ter uma representação que garantisse uma ampla discussão, pois o objetivo maior é discutir o documento base da Conferência. Essa é uma etapa local, nós teremos, depois, a conferência estadual e a conferência nacional, então, essa etapa local é de extrema importância. Hoje, sairão daqui 133 delegados, que irão para a etapa estadual, e dessa, por sua vez, sairão nove delegados para a Conferência Nacional, que deve ocorrer em novembro, em Brasília. E o objetivo maior é que possamos garantir uma ampla discussão do documento, a partir exatamente dos oito eixos que que estão distribuídos no material”, informou.
 
O coordenador geral do Fórum Estadual de Educação, professor Jonas José de Matos Neto, destacou que a ideia de criação de um sistema nacional de ensino é antiga. “Os principais objetivos da Conferência são o monitoramento e a avaliação do PNE, mas, também, discutirmos a urgência da implementação de um sistema nacional de ensino, que desde 1930 é desejado, e que, no entanto ainda está longe de ser alcançado. Um sistema assim adotaria parâmetros mínimos de qualidade, que valessem para todo o Brasil. E a função dos debates nos municípios, que são a base da educação, com representantes de escola, pais, alunos – eu, por exemplo, sou representante do Fórum, sou pai de aluno e sou professor em regência – é que possamos multiplicar os olhares sobre as políticas públicas educacionais, porque nós vivemos em um país continental, onde há, também, uma desigualdade social e uma diversidade cultural muito grandes. E o que acontece? O sistema de educação não pode ser de cima para baixo, tem que ser ouvido das bases para ser implementado nacionalmente, não deixando de considerar as especificidades locais e regionais, mas construindo as linhas macro que articulem todo o sistema”, avaliou.
 
Etapas e democracia

“O tema central do documento de referência subdividido em oito eixos que envolvem, entre outros assuntos, os planos decenais, o regime de colaboração, a gestão democrática, permanência, a diversidade e as políticas intersetoriais de desenvolvimento da educação. Com a realização da atividade de hoje, alcançamos 75 municípios e com a participação de mais de 1.500 pessoas, entre pais de alunos, alunos, professores, sociedade organizada, todos que se dispuseram a discutir o documento referência da Conae, que foi construído pelo Fórum Nacional de Educação. Um documento será montado com as contribuições feitas na etapa intermunicipal e encaminhado para as conferências estadual e federal que devem acontecer até o final do ano. Hoje, faremos as plenárias e, após os debates, deveremos imprimir nossas impressões e sugestões”, explicou a professora Luana Boamorte presidente do Conselho Estadual de Educação (CEE) e coordenadora de sistematização do FEE. “O tema dessa Conae é a consolidação do SNE e do PNE. É interessante que por três Conaes discutimos essa mesma pauta: da estruturação de uma sistema nacional de educação. A gente fica na torcida que neste ano, após a realização dessa Conferência Nacional, a gente tenha força para, de fato, conseguir avançar nesse quesito, que é a reestruturação do sistema”, torce Luana.

E a vontade de fazer parte da mudança contagiou quem estava no debate. Foram os casos da professora Clara Leite dos Santos, pedagoga e mãe de uma aluna que estuda em uma rede municipal, e da estudante Jamilly Vitória Elesbão, que integraram a mesa de abertura do evento. “Nós sabemos que o nosso país possui realidades diferentes, então, cada região tem a o seu problema, sua demanda, e o importante é a gente trazer a problemática da nossa escola, da nossa comunidade, bem como nossos anseios. E quando eu participo, estou buscando a melhoria de qualidade do ensino, inclusive, para a minha filha, pois eu faço questão que ela estude em escola pública. Todos os meus filhos estudam na escola pública e recebo muitas crítica por fazer essa opção, mas respondo aos que me criticam explicando que eu fui aluna de escola pública e me considero uma excelente profissional, e ser humano, por conta dessa experiência. E não adianta só falar, reclamar, mas também sugerir e construir soluções. Então, eu acho que a Conae é muito boa neste aspecto, porque a gente pode participar democraticamente, dando opinião sobre o que sentimos e pensamos”, revelou Clara. No 9° ano, Jamillly também vê na participação da Conferência uma oportunidade. “Eu quero representar, aqui, os meus colegas. Ouvir o que é dito e falar sobre o que a gente quer para a educação. A escola é um espaço para todos nós”, afirmou.