Dia da Mulher Negra é celebrado com ação de enfrentamento ao racismo

Assistência Social e Cidadania
25/07/2018 18h03

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, realizou nesta quarta-feira, 25, dia em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Afro-Caribenha, uma ação comunitária de enfrentamento ao racismo, no bairro Inácio Barbosa, destinada aos usuários dos Serviços Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif) do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Jardim Esperança. O evento teve como objetivo intensificar o debate sobre as formas de manifestação do racismo na sociedade na perspectiva de contribuir para o rompimento da discriminação racial.

As lutas por igualdade de gênero e raça são diárias. A busca por uma sociedade mais justa para aqueles que vivem em situação de constante discriminação tem sido um dos principais focos da Assistência Social, por meio da Diretoria de Direitos Humanos, que vem aproveitando a data para tornar as discussões cada vez mais presentes na vida dos usuários dos serviços assistenciais.

Os referenciados do Cras Jardim Esperança desfrutaram de uma tarde onde o respeito, igualdade e a oportunidade falaram mais alto. A coordenadora da unidade da Assistência, Luana Dias Chacon, observa a realização como uma forma de valorização da mulher negra. “Na história, as mulheres sempre enfrentaram preconceito. As negras, ainda mais. Esse dia é um momento de valorizar essas mulheres e de oportunizar um aprendizado, empoderando-as e fazendo com que elas se sintam cada vez mais abraçadas”.

Ainda para Luana, reforçar o papel do negro, em especial da mulher na sociedade, é reconhecer as suas lutas e contribuições para formação da população brasileira. “Tudo que vivemos hoje, todos os nossos privilégios foi porque eles lutaram no passado. Então, no final das contas, todos nós somos negros. Nós, enquanto Cras, estamos sempre com as portas abertas para essas mulheres que se sentem sempre às margens”, complementa.

Segundo a pesquisadora convidada para participar da ocasião, Ana Carolina Trindade, os usuários dos Cras em sua maioria é composto por mulheres negras. Para ela, levar esses temas para discussões ajuda a quebrar alguns paradigmas existentes. “Uma grande parcela dos usuários que frequentam as políticas da Assistência Social são majoritariamente mulheres negras. Então, esse é um momento ideal para trazer questões do cotidiano, principalmente, as que são positivas, que mostram a força desta mulher no Brasil, o seu empoderamento e, claro, apresentar as alternativas para quebrar a violência de gênero e étnico-racial”, observa.

Dias melhores

Foram muitos os depoimentos emocionantes por parte das participantes da roda de conversa. A aposentada Adeilda dos Santos conta que já vivenciou tempos mais difíceis e, que hoje, as mulheres negras estão ocupando cada vez mais espaços. Para dona Adeilda, isso é motivo de muita felicidade. “Hoje a mulher negra já trabalha, já participa da política, tem protagonismo em canais de televisão. Percebemos que a mulher negra já está ocupando um melhor espaço na sociedade, coisa que não era bem assim há algumas décadas. Isso é motivo para que se tenha uma comemoração muito grande. Se eu falar que já sofri preconceito, estaria sendo leviana, mas já presenciei várias situações. Já escutei pessoas falando com outras: seu cabelo é feio; você é preto como carvão. Era muito difícil. Podemos dizer que hoje estamos livres e vencendo as nossas lutas”, disse.