De acordo com os dados levantados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres sofre violência doméstica em todo o mundo. Com a finalidade de provocar uma reflexão sobre o assunto, uma exposição fotográfica foi inaugurada nesta sexta-feira, 31, no Centro Cultural de Aracaju.
Intitulada ‘E Se Esse Corpo Fosse o Meu’, a mostra é uma iniciativa do departamento de museologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e conta com o apoio da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju). A exposição segue aberta ao público até o dia 15 de setembro.
Segundo a professora da UFS, Priscila Jesus, a escolha do tema foi feita através dos estudantes do curso de museologia. “Ao final de cada período da disciplina Expografia 2, peço aos meus alunos que pensem num tema dentro de uma narrativa e eles decidiram desenvolver uma pesquisa abordando o feminicídio. A partir daí, fizeram a pesquisa e, hoje, estão concluindo com essa exposição que aborda três tipos de violências recorrentes no Brasil: o assédio sexual, o estupro e o feminicídio”.
A estudante do curso de museologia e uma das organizadoras da exposição, Ana Vieira, confessou estar bastante satisfeita e realizada com o projeto. “É gratificante e, ao mesmo tempo, a sensação de dever cumprindo. Não foi fácil, mas saber que através dessa exposição podemos conscientizar as pessoas, é plantar uma sementinha de esperança para que, em um futuro próximo, a gente tenha um número decrescente, ou quase inexistente, sobre a violência contra mulher”.
Para Ana Vieira, a exposição traz um cunho de entretenimento, apesar de ser um tema muito sério e delicado. “Pensamos em algo que o público contribuísse de alguma forma com a nossa pesquisa. Criamos o ‘Bingo’ como exemplo, onde o visitante poderá pontuar de 10 a 100 para questões como insistir em uma paquera mesmo recebendo não; foi agredido por dar um fora em alguém, entre outros”, detalhou.
Ainda de acordo com Ana, receber o apoio cultural da Funcaju é extremante relevante para a conscientização da população sobre o tema. “Com essa parceria podemos chegar a muito mais pessoas, pois a exposição ficou localizada em um ponto turístico e cultural que recebe centenas de pessoas diariamente, contribuindo para a disseminação do papel de denunciar as agressões contra a mulher”.
A agente cultural da Secretaria de Cultura de Laranjeiras, Adirany da Silva, acredita que essa exposição conscientizará uma geração. ”Estou impactada com todos os depoimentos e, principalmente, com os pedidos de socorro através dos áudios disponíveis pela Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina. Todos os envolvidos, tanto a UFS, quanto a Funcaju, estão de parabéns por realizarem a mostra”, explicou.
Para além do entretenimento, a exposição também traz um cunho inclusivo, colocando informações em QR Code e em braile, trabalhando a acessibilidade. “Estou muito feliz e me sinto incluída nessa mostra. Agradeço por terem inserido o braile, sensibilizando a população para o método de leitura que dá acesso às pessoas com deficiência visual”, pontuou a universitária Gabrielle Ramos.