Acompanhamento, comprometimento e a integração. Esses são alguns dos motivos citados por diretores de algumas escolas municipais de Aracaju que se destacaram no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2017, divulgado na última semana pelo Ministério da Educação. Os números revelam a preocupação da gestão municipal com a educação e refletem avanços na qualidade do ensino ofertado às crianças e adolescentes da cidade.
Segundo os dados do Governo Federal, a capital sergipana alcançou a média 4.6 nos anos iniciais do ensino fundamental, que compreende do 1º ao 5º ano, elevando a colocação do município em comparação a 2015. A avaliação aponta também que 54% das escolas dos anos iniciais tiveram crescimento da nota do Ideb e superaram a média estabelecida de 4.5. Ainda segundo o ranking, nos anos finais (6º ao 9º), houve crescente melhora comparado a análise anterior. No segmento, a evolução foi de 0,3 pontos, saltando de 3.4 em 2015 para 3.7 em 2017.
Apesar de cada unidade escolar ter uma realidade, há pontos em comuns em todas as escolas que compõem a rede municipal de ensino. Para os diretores, a importância do trabalho em equipe se destaca, bem como a importância da presença dos pais ou responsáveis na vida escolar dos filhos.
Comprometimento
Na opinião da diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Ministro Geraldo Barreto Sobral, Roseli de Oliveira, o comprometimento de toda a equipe, seja dos professores, dos funcionários ou da equipe diretiva, é o ponto mais forte da escola, que está localizada no bairro Cidade Nova, na zona Norte de Aracaju. De acordo com ela, todos os anos a unidade escolar se supera na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Em 2017, a meta estabelecida foi 4.3. A atingida, porém, foi 4.9.
“A gente tem uma equipe bastante comprometida, professores que cumprem a modalidade de trabalho, estão sempre presentes na escola, sempre junto com a direção, procurando melhorar, procurando ajudar todos os alunos. O que eu posso destacar é essa seriedade e esse compromisso da equipe docente”, disse.
Para ela, o resultado do Ideb não se resume a um campo específico, mas sim a um conjunto de todos os campos que fazem parte da educação. O bom resultado é fruto de um trabalho extenso desenvolvido ano após ano. “Nós temos o nosso projeto pedagógico, que contém os nossos objetivos, as metas que desejamos alcançar, todas as estratégias que junto com os professores foram analisadas. Além de desenvolver outras ações pedagógicas, como projetos e ações direcionadas aos alunos que apresentam baixo desempenho”, citou Roseli de Oliveira.
Uma dessas ações que buscam aumentar o rendimento dos alunos é o reforço escolar, realizado no período de férias. Nesse caso, os professores utilizam estratégias diferenciadas para motivar ainda mais os estudantes. “Os alunos estão aqui fazendo um trabalho mais intensivo, usando mais a forma lúdica para estimular a leitura e para melhorar o desempenho em outras disciplinas como a matemática”, detalhou a diretora.
Acompanhamento
Na avaliação da diretora Escola Municipal de Ensino Infantil (Emei) Ágape, Deisivânia dos Santos, o desafio é sempre superar a média anterior. No Ideb de 2017, o desempenho da escola, localizada no Siqueira Campos, passou de 6.2 para 6.5. Com apenas 270 alunos, a escola tem como diferencial o acompanhamento dos estudantes, que ocorre de maneira individualizada.
“A medida em que a gente vai aumentando a média, o nosso trabalho fica mais difícil. Como é uma escola pequena, a gente conhece aluno por aluno, sabe das necessidades de cada um. Tem o compromisso dos professores, a dedicação, saber identificar o que é que o aluno precisa. A preocupação de saber o porque dele não ler, o porque dele não ter aprendido. Esse é o nosso acompanhamento com o aluno”, relatou.
Além disso, a diretora destaca a influência da participação familiar no bom desempenho dos estudantes da Ágape. Ela conta que quando o professor identifica um aluno com alguma dificuldade, sem acompanhamento em casa, os pais ou responsáveis são chamados para conversar e a direção mostra a importância que o estudo tem na vida do filho, que sem o estudo o filho não vai alcançar outros objetivos.
“A gente conversa, mostra a importância da educação para o filho, que ele precisa de um acompanhamento não só na escola, mas também em casa, para ver se a gente consegue criar na criança o hábito do estudo. Só a escola é muito pouco. Ele tem que também em casa aprender. Tudo isso contribui para que o nosso Ideb esteja sempre crescendo. Então eu atribuo a isso”
Ainda segundo a diretora Deisivânia dos Santos, os diversos projetos pedagógicos desenvolvidos na escola também contribuem com o bom desempenho dos estudantes no Ideb, a exemplo dos que incentivam a leitura. “Temos um sarau literário, onde a gente mensalmente define um tema, fala sobre o autor, as crianças leem um poema ou contam uma história sobre um livro daquele autor para toda a escola. Também temos empréstimos de livros de literatura infantil, onde o aluno do 1° ao 5° ano é incentivado a levar um livro para ler em casa. Depois, a gente pergunta se ele leu, se ele entendeu. A professora em sala de aula sempre tem esse trabalho de investigação. Se ele não oconsegue ler, mas tem familiar que consegue, a gente orienta que faça essa leitura para incentivar. A gente também tem outras atividades extracurriculares, tudo acompanhado da parte pedagógica”, detalhou.
Integração
Já para o diretor da Emef José Conrado de Araújo, Elias Neto, o bom desempenho no Ideb é reflexo de três pontos fundamentais: integração da equipe, acompanhamento das notas dos alunos e, sobretudo, mudanças realizadas no regimento interno da escola. “Em 2016, quando nós chegamos, notamos que o Ideb era 1.6, um dos mais baixos da rede, e nós fomos indicados para cá justamente para intervir nisso. Aqui encontramos uma equipe de professores muito bem preparada, comprometida. Se você propor mudanças o pessoal acata, discute e avança", explicou.
Segundo Elias Neto, os reflexos das mudanças na rotina em sala de aula e na gestão da unidade escolar estão em toda a parte. No caso da rotina de gestão, por exemplo, é feito o acompanhamento direto da frequência dos alunos e do desempenho nas avaliações. “Agora nós estamos fazendo a contagem de quantos alunos estão com média baixa para ligar diretamente para os pais. Buscamos saber quais alunos estão faltando a escola, quais estão com baixo rendimento, para agirmos em cima desses alunos, buscando o contato com os pais. Nesses dois anos nós trabalhamos muito com o conselho tutelar, que deu uma ajuda muito grande para a gente em situações de pais que simplesmente negligenciam a educação dos filhos”, pontuou.
Ainda de acordo com o diretor da Emef, uma outra mudança fundamental diz respeito ao regimento interno da escola. Ele destaca que o número de reprovações na unidade escolar era grande porque a avaliação era usada como instrumento de punição por conta da indisciplina, que era generalizada. Com as alterações, as medidas punitivas seguem o que prega o regimento.
“A indisciplina na escola é matéria de estudo hoje em dia e é fato que os professores utilizavam a avaliação como forma de controle, de punição, quando na verdade quem tem que fazer isso é a direção, provocando mudanças no regimento. Nós fizemos essas mudanças para tornar aos mecanismos de controle da escola mais eficientes e mais proporcionais aos erros e aos danos. A gente está usando ferramentas que devem ser utilizadas para controle da disciplina para que isso não fique a cargo da avaliação, para que a avaliação seja um instrumento utilizado para sua finalidade que é avaliar a aprendizagem no período e não para punição, finalizou.