Projeto combate racismo e estimula a autoestima nas escolas municipais

Educação
17/10/2018 14h30

Racismo combatido com educação. Autoestima recuperada através da autoafirmação da identidade racial. A Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Antônio da Costa Melo, no bairro Getúlio Vargas, recebeu nesta quarta-feira, 17, o primeiro dia de atividades do Projeto Benguela, uma parceria entre as secretarias municipais da Educação (Semed) e da Assistência Social, voltado para alunos do 8° ano do Ensino Fundamental.

O projeto busca trabalhar nos estudantes, através de leituras, discussões e outras atividades lúdicas, a questão do preconceito racial e da autoafirmação. O projeto-piloto aconteceu na Emef Olga Benário, ainda com o nome de 'Meninas Negras Contam Suas Histórias'. Após adaptações, incluindo, também, meninos aos encontros, a ação passou a se chamar “Benguela”, uma referência a Teresa de Benguela, líder quilombola que viveu no século XVIII na região do atual estado de Mato Grosso, e que é lembrada no dia 25 de julho de cada ano, conhecido como Dia de Teresa de Benguela e Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

Durante três dias, as facilitadoras introduzem o debate sobre o racismo, estimulam a pesquisa em livros que já tenham na biblioteca da própria escola, apresentam vídeos sobre o tema, entre outras atividades. Como produto final, os alunos confeccionam um fanzine, uma revista feita de forma artesanal, com desenhos ou colagens. “Durante a nossa primeira experiência no Olga Benário, além do racismo, surgiram outros temas como o machismo no esporte, com essa divisão do que seja esporte para menino e para menina. A partir disso, vamos abrangendo os temas que surgem, sem tirar o foco do racismo, que é o tema principal”, explica a gerente de Igualdade Racial da Secretaria da Assistência e uma das idealizadoras do projeto, Laila Oliveira.

Segundo a diretora da Emef Costa Melo, Itamara Leite, a discussão sobre o racismo é de bastante importância para a escola. “Já desenvolvemos atividades ligadas às tradições africanas, como o projeto 'África: um povo, múltiplas culturas e sua influência no Brasil', onde oferecemos oficinas de turbantes, de maquiagens para pele negra, afoxé, entre outros. No nosso bairro, o Getúlio Vargas, temos o segundo quilombo urbano do Brasil e o primeiro do estado, o Maloca. A Orquestra de Atabaques de Sergipe também se mudou pra cá. Quando se trata da questão de pessoas negras, nossas portas estão sempre abertas para receber essas discussões”, afirma Itamara.

“O jovem gosta de ser ouvido e sentir que o que ele pensa é legitimado. Quando validamos o que eles passam na sua vivência do dia a dia, eles se empolgam. As crianças sentem vergonha da identidade, que foi construída, na própria sala de aula, a partir do histórico da escravidão. Mas é preciso mostrar para eles que a nossa tradição não foi feita só de escravidão, foi feita de resistência. Eles não conhecem personagens como Zumbi dos Palmares, Dandara, não sentem orgulho da própria história e é isto que precisamos mudar”, finaliza Laila.