Profissionais da educação debatem sobre ensino da cultura afro-brasileira nas escolas

Educação
30/11/2018 12h33

Uma manhã de grandes debates e reflexões. A Secretaria Municipal da Educação (Semed) participou nesta sexta-feira, 30, do seminário “Equidade étnico-racial: avanços e desafios”, no auditório do Ministério Público Estadual (MP/SE). A discussão levantada no evento foi sobre racismo, ensino da cultura africana e afro-brasileira nas escolas, entre outros temas relacionados à temática negra. O seminário foi realizado através da parceria entre a Semed, a Secretaria Estadual da Educação (Seed) e o MP/SE.

A manhã de atividades começou com o grupo cultural “Um Quê de Negritude”, que levou ao público uma apresentação com as danças dos orixás. Com figurino e trilha sonora, os jovens que compõem o projeto, que iniciou na Escola Estadual Atheneu Sergipense, representaram as coreografias e arquétipos dos deuses africanos. O seminário partiu da discussão sobre a Lei 10.639/2003, que versa sobre o ensino de História e Cultura da África e Afro-brasileira nas escolas brasileiras.

A coordenadora de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped), Maíra Ielena Nascimento, apresentou aos participantes as ações da Semed no que se refere ao combate ao racismo e a afirmação de identidade. Projetos como ‘Lápis de Cor’, ‘Benguela’, ‘As Carolinas’, entre outros, que têm como objetivo empoderar, aumentar a autoestima e combater o preconceito de raça e gênero nas escolas municipais, foram expostos, com o objetivo de compartilhar as experiências com todos os profissionais presentes.

“Precisamos, também, preparar os nossos professores para aprenderem a perceber quando o racismo acontece dentro da escola. Nossas unidades já desenvolvem projetos incríveis sobre esse tema e nós, da Semed, temos apoiado a elaboração e o desenvolvimento desses projetos. O racismo é algo que precisa ser enfrentado todos os dias e, pelo que tudo indica, daqui para frente, o desafio será maior ainda. Mas estamos preparados para enfrentar de peito aberto”, afirma Maíra.

O diretor de Educação Básica da Semed, professor Manoel Prado, também participou do seminário e falou da importância da discussão sobre a Lei. “A Lei 10.639 tem pouco mais de uma década no Brasil e, ao longo desse período, avançamos pouco na aplicação do que ela determina. O Brasil é um país onde a maioria da população se afirma pertencente aos grupos étnicos negros e somos um país marcado por essa diversidade étnico-racial. É preciso que todos aqueles que a fazem a escola, em especial, os professores, estejam devidamente preparados para avançarmos no que diz respeito ao cumprimento desta Lei. A Semed tem trabalhado para que as nossas unidades de ensino, efetivamente, formem as crianças e os adolescentes aracajuanos para o exercício da cidadania, respeitando a diversidade brasileira”.

O ponto alto do seminário foi a palestra com o professor mestre Zezito de Araújo, da Secretaria da Educação de Alagoas, que falou sobre os avanços já conquistados e os desafios ainda a serem enfrentados, no que diz respeito à introdução nas escolas de conteúdos pedagógicos relacionados ao ensino da cultura afro. “Quando estudamos filosofia na universidade ou no ensino médio, quais sãos os filósofos trabalhados? Quais são os teóricos da química e da física que são estudados nas escolas? Geralmente, são anglo-saxões ou greco-romanos. Precisamos introduzir pensadores e teóricos africanos e termos a condição de elevar a autoestima dos nossos estudantes”, refletiu o professor Zezito.

A diretora da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Olga Benário, Maria Claudeildes Santos Santana, conta que na escola que dirige, no bairro Santos Dumont, tem uma grande presença de alunos negros, no entanto, nem todos se autoafirmam pertencentes à raça. “Sinto falta da presença da cultura negra nas escolas. É preciso desenvolver mais atividades pedagógicas voltadas para as crianças, para que elas entendam que esse debate não é da boca para fora e sim, para fazer diferença na vida delas. Vários projetos são desenvolvidos na Emef Olga Benário e fazem toda a diferença. Os alunos se empenham para participar e para desenvolver”, pontuou.