Alunos do CAP celebram Dia Nacional do Cego na Aruana

Educação
13/12/2018 15h10
Início > Notícias > Alunos do CAP celebram Dia Nacional do Cego na Aruana

Quem ouve as experiências descritas pela professora Joana D'Arc Meireles dos Santos sobre as peculiaridades dos alunos que frequentam o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP) fica surpreso. Ela conhece muito bem a história de vida, as potencialidades, desafios e as anedotas sobre cada um dos usuários da unidade. Nesta quinta-feira, 13, no ‘Dia Nacional do Cego', estudantes, familiares e educadores que atuam no Centro comemoraram a data na praia da Aruana, em Aracaju, em um encontro anual que já virou tradição.

"Hoje é o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual ou o Dia do Cego. Todos os anos fazemos esse passeio para este bar, conhecido por ser inclusivo. Aproveitamos o espaço democrático que é a praia, o lazer para todos, para viver um dia feliz. Vamos caminhar, tocar, cantar, conversar, comer e rir. E temos uma atração especial, o nosso aluno Rodrigo, que é autista, tem uma atrofia muscular nas mãos, é cego, canta e toca teclado só com os dois indicadores. Ele não interage na conversa, mas é autor de mais 200 canções. Além disso, como bom artista, faz exigências: só se apresenta se o som estiver perfeito, é um Tim Maia", brinca a professora.

Conversar com a diretora dá uma mostra do impacto positivo do CAP no cotidiano daqueles que utilizam e precisam do serviço. Mas ao saber como os alunos - crianças de um ano até idosos com 80 anos - avaliam o atendimento, a compreensão se amplia.

"Minha experiência no CAP é muito boa, pois antes não sabia nada. Mal conseguia me locomover sozinha, a não ser dentro de casa. E o Centro é a minha segunda casa. A diretora, professores e funcionários são minha segunda família. Foi lá que aprendi o braile, participo do coral, tenho a aula de educação física, então, tem uma importância inigualável. Lá fazemos amigos, nos reunimos com as pessoas que vivem os mesmos desafios, não há preconceito, acaba que somos ‘psicólogos' uns dos outros", descreve Terezinha Mariano, 66 anos e frequentadora do CAP há uma década.

Professor do CAP há oito anos, além de presidente da Associação dos Deficientes Visuais de Sergipe (Adevise), Railton Correa Gomes Júnior, fala daquilo que considera mais importante na prestação de serviço do Centro. "O principal ponto positivo que vejo no CAP para os deficientes visuais é a questão da elevação da autoestima. É um espaço que mostra para a pessoa com deficiência que ela tem dons e capacidades, que pode ser independente, que pode ser uma trabalhadora ativa, que é alguém que pode estudar e desenvolver-se, inclusive cursando escolas de nível médio e superior. Porque muitas vezes a pessoa com deficiência sente-se limitada pela sociedade e o CAP mostra que essa barreira pode, sim, ser superada. Como qualquer outra pessoa, o deficiente tem o horizonte aberto, basta procurar quais os meios para alcançar suas metas", ensina.

Como funciona e o que oferece

O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), ligado à Coordenadoria de Apoio Educacional à Pessoa com Deficiência (Coepd), é uma unidade que atende a demanda espontânea de todas as idades, de segunda a sexta, das 7h às 17h. De acordo com a diretora Joana D'Arc, os alunos - atualmente 122 matriculados - são estimulados em diversas frentes.

"A princípio, quando o aluno chega à unidade, travamos uma conversa, para mostrar tudo o que oferecemos: braile, que é o sistema de leitura e escrita pelo tato; também trabalhamos com informática, mais do que nunca outra forma de se conectar com o mundo; na educação física adaptada, que é caminho para orientação e mobilidade, trabalhamos a lateralidade, equilíbrio e as habilidades necessárias para o uso da bengala; também trabalhamos com Soroban, que são cálculos matemáticos, uma ferramenta importante para quem está incluso; música, no caso, o teclado; a modelagem, que é importantíssima para quando eles chegam, porque como é um grupo grande, eles usam a argila, conversando e se entrosando, e no manusear da argila acabam descarregando as angústias. E temos, por fim, o coração do CAP, que é a estimulação precoce, voltada para os pequenininhos, os nossos bebês, eles entram, em média, com idades de seis a oito meses e ficam na estimulação até os três anos, quando partem para a habilitação", informa a diretora.

Além de Aracaju, o CAP atende alunos que vivem nos municípios de Itabaiana, Simão Dias, Propriá, Laranjeiras, Itaporanga D'Ajuda, São Cristóvão e Japoatã. Para o diretor de Educação Básica da Secretaria Municipal da Educação (Semed), o apoio da gestão municipal à pessoa com alguma deficiência é fundamental. "Temos feito um grande esforço para que pessoas que declaram ter alguma deficiência tenham conhecimento dos seus direitos, bem como das políticas públicas disponíveis, no nosso município, que podem beneficiá-las. Este, inclusive, é um dos papéis mais importantes da educação: a inclusão", asseverou.

Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP)
Rua Senador Rollemberg, nº 194 - Bairro São José
Telefone: 3179-1886