Projeto desenvolvido em escola municipal recebe financiamento do CNPq

Educação
21/12/2018 13h26

Uma boa notícia para a rede pública municipal de ensino: o estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) na Escola Municipal de Ensino Fundamental Oviêdo Teixeira, no bairro Olaria, foi contemplada no Edital Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e receberá recursos financeiros para prosseguir. A iniciativa, intitulada ‘Projeto Erguer’, tem como objetivo transformar a dinâmica na sala de aula, alterando comportamentos tradicionais (aluno sentado, lendo livro e copiando os conteúdos do quadro no caderno) por atividades mais dinâmicas, como assistir parte da aula em pé ou utilizando jogos que incentivem o movimento durante as aulas. E o primeiro passo foi aferindo o grau de sedentarismo de alunos da unidade. Para tanto, duas turmas recebem a intervenção e as outras duas turmas são de controle, isto é, são observadas, mas não recebem a ação dos pesquisadores.

Para o responsável pela equipe, o professor doutor Danilo Rodrigues Pereira da Silva, do Departamento de Educação Física da UFS, o financiamento do CNPq é motivo de comemoração. “Isso nos dá segurança, autonomia e melhores condições metodológicas para a continuação”, avaliou. O pesquisador explicou que após essa primeira etapa, a perspectiva é manter a iniciativa e o acompanhamento. “Uma vez que acreditamos que os principais efeitos da intervenção sejam observáveis em um maior período de tempo”, disse. A próxima avaliação do projeto ocorrerá em janeiro de 2019, quando será possível ter um ‘retrato’ do ano letivo completo. O chefe da equipe de pesquisa também informou que o monitoramento das crianças que participam do estudo – atualmente no 2° ano do Ensino Fundamental – prosseguirá até o 5° ano. “Além das mudanças mais a longo prazo, poderemos associar a intervenção ao desempenho em avaliações nacionais, como a Avaliação Nacional da Alfabetização e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar”.

O diretor da Escola Oviêdo Teixeira, professor Mauro César Santos, está empolgado com a iniciativa. Segundo ele, o projeto tem mexido com a dinâmica da unidade. “Até do ponto de vista despertar também a curiosidade dos alunos que circundam a sala, de professores e de outros profissionais da escola, por verem os alunos com os equipamentos que fazem a medição. A coleta continuará a partir de janeiro, quando vamos apresentar os resultados obtidos nessa primeira etapa do projeto para os professores, não só aqueles que participam diretamente da iniciativa, mas os professores da escola como um todo. Também tivemos reuniões na UFS para traçarmos essa segunda etapa, na qual a escola se comprometeu a fornecer alguns materiais e apoio logístico para o melhor andamento do estudo. Enfim, estamos a perspectiva de avançar bastante e vamos torcer para que tudo corra bem”, afirmou.

Sobre o ‘Projeto Erguer’

O grupo está medindo o comportamento sedentário e o nível de atividade física das crianças pesquisadas na unidade com a ajuda de dois aparelhos, o acelerômetro e inclinômetro. Os equipamentos registram segundo a segundo qual o comportamento da criança dentro de sala. Além disso, os pesquisadores – que contam com profissionais das áreas da Pedagogia, Educação Física e Psicologia – introduziram técnicas de ensino (inclusive preparando e disponibilizando material didático de apoio formulado especificamente para o projeto), fazendo avaliações psicológicas e comparando os resultados obtidos entre as turmas. O financiamento para a realização da primeira fase da pesquisa foi da International Society of Behavioral Nutrition and Physical Activity e os resultados serão apresentadas em um congresso em Praga, na República Tcheca, em 2019.

“Nossa intervenção se propõe a identificar estratégias de sala de aula que possam, ao mesmo tempo, reduzir o tempo sedentário das crianças, melhorar o desempenho cognitivo e o rendimento escolar. Ainda estamos numa fase inicial. Porém, em se confirmando nossas hipóteses, a perspectiva é de ampliação para mais escolas e talvez para toda a rede municipal, no sentido de beneficiar um maior número de crianças. A divulgação dos resultados encontrados até agora deve ser feita ainda com cautela. No meio científico, temos a prática de primeiro divulgar nossos resultados em periódicos científicos - isso significa passar por um maior crivo rigoroso - para só depois divulgar na mídia para a população em geral”, destacou o professor Danilo Rodrigues.