Projeto Comitê Estudantil ajuda escola municipal a reverter índices negativos

Educação
26/02/2019 16h53

Tintas, materiais recicláveis e adolescentes comprometidos com o ambiente escolar. Na manhã desta terça-feira, 26, os estudantes da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Jornalista Orlando Dantas, no bairro Olaria, participaram de uma oficina de bancos puff, que farão parte de novos espaços de convivência na escola, idealizados pelos próprios alunos. A atividade faz parte do projeto Comitê Estudantil, criado em 2017 pela Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped), um setor da Secretaria Municipal da Educação (Semed).

A oficina ministrada por técnicos ambientais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema) foi apenas um dos encontros do Comitê. Mesmo em período de férias, cerca de 20 estudantes, entre 12 e 15 anos, se reúnem uma vez por semana para as atividades do projeto. Liderado pelo assistente social Heverton Ramon dos Santos Marques, o Comitê Estudantil mudou a forma como os alunos se relacionam com a escola. “O principal objetivo do projeto é criar um melhor espaço de convivência para tirar esses adolescentes da ociosidade, para ocupar o tempo e a mente de uma forma mais produtiva”, explica Heverton.

O Comitê desenvolve diversas atividades abordando temas como drogas, violência contra a mulher e o bullying, além de trabalhar a preservação do espaço da escola. “O projeto tem sido bastante positivo, pois os alunos estão mais envolvidos com a escola. Melhorou o relacionamento entre eles, com os professores e com o nosso espaço físico, a nossa estrutura. Antes, eles vinham, assistiam as aulas e iam embora, agora, existe toda uma preocupação com a preservação da nossa escola, quando veem alguém quebrando um ventilador ou riscando uma parede, eles mesmos nos trazem a situação e discutimos juntos qual a melhor solução a ser tomada”, conta o coordenador pedagógico, Anderson Tadeu Gonçalves de Araújo.

No início de cada ano letivo, o Comitê organiza uma aula de boas vindas para o restante da escola, em que temas importantes são discutidos entre os alunos através de músicas, poemas e outras apresentações. Foi a partir de uma dessas aulas que a estudante Maria Vitória do Nascimento, de 14 anos, decidiu participar do projeto. “Vi muitos outros alunos dando exemplo e eu me identifiquei bastante. Já vi mutirões para limpar a escola, percebi que não há mais tantas brigas na hora do recreio, que não há mais tanto desrespeito com os professores. E como sou líder da minha turma, quero passar esse exemplo para eles também”, afirma a estudante.

Para participar do projeto, a direção da Emef indica alguns estudantes que apresentam registros de mau comportamento ou suspensão. Mas outros alunos interessados também podem participar, como é o caso de Moisés da Conceição Santos, de 15 anos, que pediu para entrar no projeto após a realização da ação 'Soldados contra o Bullying'. “Via meus colegas participando, mas tinha vergonha de entrar também. Depois que vi a atividade sobre o bullying, eu quis muito fazer parte, porque vim de outro estado e meus colegas praticavam bullying comigo por eu falar com um sotaque diferente. Depois do Comitê Estudantil, percebi que esse problema diminuiu muito na escola toda e também vejo a turma mais animada em zelar pelo nosso espaço”, comemora.

“É preciso acolher e entender esses adolescentes. Muitos deles apenas reproduzem o que vivem em casa, como a questão da violência. Então, a escola precisa estar preparada para despertar o interesse deles e também dar oportunidade de desenvolvimento. Muitos alunos que antes davam muito trabalho para a direção, hoje são comprometidos com a escola e com o zelo pelo patrimônio. Por isso, queremos melhorar a quadra, fazer uma área para partidas de vôlei, buscando continuar minimizando índices como de violência e bullying”, conclui Heverton.