Trabalhar o respeito à diversidade nas escolas têm sido um esforço constante da Prefeitura de Aracaju. E para fortalecer esta iniciativa, os professores da rede municipal participaram nesta sexta-feira, 19, do segundo módulo da formação continuada ‘Ilé-Iwé’, que tem como objetivo o desenvolvimento de ações e projetos pedagógicos que contemplem a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história afrobrasileira nas escolas de Ensino Fundamental.
A atividade aconteceu no Ministério Público Estadual (MP/SE). Esta formação é uma iniciativa da Secretaria Municipal da Educação (Semed), por meio das coordenadorias de Políticas Educacionais para a diversidade (Coped) e Arte e Educação (Coarte). Denominado ‘Quilombo’, o encontro reuniu educadores, membros de comunidades de terreiro e de movimentos negros.
Nos grupos de trabalhos, chamados de estações, os facilitadores ajudaram na exposição de práticas desenvolvidas por esses atores sociais, que visam combater o racismo e a intolerância religiosa.“Estamos com duas estações, uma sobre práticas educativas das escolas e instituições de ensino em geral e outra sobre as práticas das comunidades de terreiros e movimentos negros. Vamos debater que práticas são essas, quais foram bem sucedidas e quais não foram, o que é recomendado e o que não é. Apesar da boa fé, às vezes são encontradas práticas que reforçam o racismo e é justamente por isso que esse encontro foi pensado”, explica a coordenadora da Coped, Maíra Ielena Nascimento.
O objetivo deste encontro é que, através do intercâmbio de ideias, as escolas possam criar seus próprios projetos ou melhorar os que já existem e que, no momento certo, possam estabelecer parcerias e estas atividades nas unidades de ensino sejam ainda mais potencializadas. “Existem muitos métodos de repasse de conhecimento, que não seja apenas o formal, do dia a dia, na escola. E percebemos que estas alternativas empolgam os alunos, geram mais vontade de aprender, seja através de capoeira, hip hop, ou outra prática. Existem muitas iniciativas de terreiros ou de movimentos sociais que podem ser introduzidas nas escolas e é fundamental que os nossos professores percebam isso”, enfatiza o coordenador da Coarte, Rivaldino Santos.
O encontro
Sandra Leite, yalorixá do Ilé Asé Ijoba Mona Akarojossi e também professora da rede municipal de ensino, apresentou aos participantes projetos de cunho educativo desenvolvidos por quatro terreiros da Grande Aracaju. Já o presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro), Bruno Edwin Santana, foi o responsável pela apresentação das iniciativas dos movimentos sociais, que trabalham projetos de valorização da cultura e da identidade do povo negro.
“É sempre bom poder contar com parceiros que trazem novas ideias e contribuem com a nossa educação. A diversidade é muito presente nas nossas escolas e esta iniciativa de formação continuada busca levar para os nossos professores a importância da nossa história, da nossa identidade e da igualdade racial, e apresentar práticas pedagógicas para que isso seja transmitido aos nossos alunos, humanizando a nossa Educação”, comenta a secretária municipal da Educação, Maria Cecília Leite.
Além dos professores da rede municipal de Educação de Aracaju, profissionais de todo o estado também participam da formação, a partir de parcerias estabelecidas pela Semed com o Governo do Estado e com as secretarias municipais da Educação dos municípios de São Cristóvão e Nossa Senhora do Socorro. A realização do Ilé-Iwé ainda conta com o apoio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Étnico-Racial do Ministério Público (Copier/MP-SE) e do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Sergipe (Neabi/UFS).
“Independente do componente curricular que leciona, todo professor tem o compromisso com o projeto de cidade, de país. É através do professor que podemos construir uma escola que forme cidadãos preparados para este mundo diverso. O Ilé-Iwé está cumprindo este papel formativo e que este segundo módulo continue qualificando ainda mais nossos educadores. As coordenadorias de Arte e Educação e de Políticas para a Diversidade estão de parabéns, não só pela formação aos professores, mas também pelo trabalho desenvolvido com os estudantes”, avalia o diretor de Educação Básica da Semed, Manoel Prado.
O professor Tenisson Costa, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Jornalista Orlando Dantas, conta que se inscreveu na formação devido à possibilidade de aprender novas metodologias. “A diversidade é muito presente na escola que eu trabalho e também percebo como é a discriminação com as minorias. Diante disso, eu acredito que as práticas pedagógicas certas podem melhorar este cenário e este curso de formação veio no momento certo”, afirma.