Mantido pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação, o Centro de Apoio Pedagógico (CAP) a Deficientes Visuais exerce um papel fundamental para os mais de 100 usuários que acessam os serviços disponibilizados pela instituição diariamente.
No CAP, a aprendizagem do sistema de escrita e leitura Braile, a música, educação física, modelagem e o ensino do Soroban - instrumento que possibilita que os deficientes visuais realizem cálculos matemáticos -, são desenvolvidas diariamente para os deficientes visuais, para estímulo de aptidões às atividades do cotidiano.
Além das ações voltadas para a interação e inclusão social, o Centro também oferece aulas práticas de orientação e mobilidade para que a autonomia de quem participa dos serviços oferecidos pela instituição seja completa. De acordo com a coordenadora do CAP, Joana d’Arc, o trabalho realizado pela instituição é, sobretudo, o de facilitador da pessoa com deficiência visual.
“Sejam pessoas diagnosticadas com cegueira ou baixa visão, nosso papel é sempre de facilitar a vida desse usuário para que eles tenham acesso ao que é garantido pela nossa constituição. Aqui eles aprendem a ler e podem estudar normalmente, também conhecem o Soroban para resolver operações matemáticas, o que é imprescindível para quem está no ensino regular e até aulas de informática são lecionadas aqui no CAP, tudo para que o indivíduo esteja sempre inserido na sociedade”, explica Joana d’Arc.
Atualmente, o CAP conta com de 117 alunos, desde crianças e recém-nascidos até pessoas sexagenárias, o que requerer a oferta de serviços específicos para cada faixa etária e situação de cada usuário. Uma das ações destinadas a crianças que recentemente chegam ao Centro é a estimulação precoce, que consiste em despertar nos alunos mais jovens o estímulo em conhecer e lidar com o espaço ao seu redor.
Para Joana d’Arc, o deficiente visual que chega ainda criança no CAP tem a garantia que participará dos ensinamentos essenciais para o desenvolvimento da sua vida social. “Nós sempre recebemos nossos alunos com um relatório de um oftalmologista. Em casos de crianças e adolescentes, costumamos ter mais facilidade para montar o cronograma de atividades. Nosso foco é garantir que o aluno seja incluso, estude e até chegue ao ensino superior”, afirma.
Nova perspectiva de vida
Se o trabalho desenvolvido no CAP enche de orgulho os alunos que participam dos serviços oferecidos pela instituição. Gilvan Santos, 28, é estudante de Música na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e conta que descobriu sua aptidão para tocar instrumentos musicais durante as aulas no CAP, que influenciou sua vida.
“Desde quando eu comecei a frequentar as aulas aqui no CAP, eu gostei mais das de música. Passei então a ter aulas de musicografia aqui e decidi fazer o vestibular para Música. Estou no caminho certo”, comenta. O estudante, assisto pelo Centro há 10 anos, relata também que, além das aulas de música, teve grandes avanços na sua mobilidade. “Minha locomoção é outra comparada a quando cheguei aqui em 2009. Hoje eu posso até pegar ônibus sozinho, algo que eu não imaginava que seria possível”, ressalta.
Para o jovem Flávio Santana, 11, os momentos em que fica no Centro de Apoio são de muito aprendizado e também de diversão. “A aula que eu gosto mais é a de informática, porque é a mais divertida, tem programação e a gente aprende a mexer no notebook”, brinca. Para as aulas de informática voltadas para os deficientes visuais o CAP conta com o recurso do leitor de telas, um software que possibilita comandos no computador a partir de efeitos sonoros.
No Centro de Apoio também está disponível para os alunos o uso de uma impressora braile, o que permite a impressão e leitura de vastas produções literárias traduzidas para o braile.