Prefeitura leva conscientização para grupo de idosos do Bugio

Agência Aracaju de Notícias
01/10/2019 17h33


A população idosa em Aracaju, assim como no Brasil, está crescendo e esse pode ser um termômetro para demonstrar que a qualidade de vida está melhor do que anos atrás. Mas, a pessoa idosa ainda enfrenta desafios e, por este motivo, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional do Idoso, celebrado, anualmente, em 1º de outubro.

Com o intuito de contribuir com as ações voltadas para a data, além de comemorar os 16 anos de instauração do Estatuto do Idoso, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou uma palestra para um grupo de cerca de 100 idosos da Associação de Moradores do Bugio, na tarde desta terça-feira, 1º, com o objetivo de alertá-los a respeito dos direitos e benefícios do ser idoso.

Na oportunidade, a coordenadora do Núcleo de Prevenção de Violências e Acidentes da SMS, Lidiane Gonçalves, palestrou sobre os artigos do Estatuto do Idoso e sobre a “Violência contra o idoso, um mal silencioso”.

“A ideia é que possamos ampliar o conhecimento sobre os direitos que ele possuem, seja relacionado à saúde, à educação, ao transporte, cultura, lazer, habitação, combate à violência, abandono. A intenção é que a pessoa idosa seja protagonista da sua história, que ela lute pelos seus direitos, lute para efetivá-los. Além disso, queremos chamar a atenção das pessoas para o processo de envelhecimento. Precisamos entender que todos nós passamos por alguns processos de mudança, seja na habilidade motora, cognitiva. Então, queremos desmistificar essa ideia de que o idoso não presta para nada, pelo contrário. Hoje, vemos muitos idosos querendo voltar ao mercado de trabalho, estabelecendo uma rotina ativa”, ressaltou a coordenadora.

De acordo com Lidiane, o foco que mais exige atenção é a violência contra o idoso, pois, mais de 90% dos casos de violência contra os idosos acontecem dentro do âmbito familiar. A coordenadora explica que, em Aracaju, foram notificados, em 2018, 73 casos e, neste ano, outros 44, embora esses dados, destacou, não retratem a realidade, “porque ainda existe muita violência silenciosa”, ressaltou.

“Queremos, cada vez mais, conscientizar e sensibilizar a sociedade, a família e a própria pessoa idosa sobre os diversos tipos de violência e que essa violência não seja naturalizada, além de chamarmos atenção sobre os canais de denúncia, o que fazer diante desses casos”, afirmou Lidiane.

A programação da atividade contou ainda com a participação da coordenadora do Programa de Saúde do Adulto e do Idoso, Patrícia Ribeiro Rocha, que destacou, entre outros pontos, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa.
 
Patrícia afirmou que a SMS tem trabalhado efetivamente a partir da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que tem a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa como ferramenta principal para melhorar a linha de cuidado, com um atendimento qualificado e aprimorado.

“A diretriz principal é preservar a autonomia e a independência do idoso. Atualmente, de 17 a 20% da população de Aracaju é de pessoas idosas e estima-se que, até o ano de 2030, a população idosa, no Brasil, seja maior do que a de criança e de adolescentes. Por isso, precisamos nos preparar. Isso quer dizer que está se vivendo mais, mas, é preciso qualidade de vida, que é o nosso foco”, afirmou.

Qualidade de vida que, hoje, aos 65 anos, dona Vera Lúcia Ferreira acredita que conquistou. Afirmando-se alegre e mais disposta, ela faz parte do grupo há muitos e juntos aos demais integrantes, participa de viagens e se diverte. “Hoje, meu lema é doar amor às pessoas e tenho recebido isso em troca. Amor é uma coisa que a gente tem que cultivar e, como tenho bastante, distribuo por aí. É esse tipo de coisa que a gente vai aprendendo com a idade, e não troco minha experiência de vida por nada, sou grata a tudo”, disse.

Companheira de Vera Lúcia no grupo de idosos, dona Maria Francisca Santana, de 76 anos, é daquelas de sorriso fácil, e foi graças aos encontros coletivos que ela aprendeu a sorrir para a vida. “Fiquei viúva aos 46 anos e, naquela época, perdi a graça em viver, entrei em depressão e não queria saber de muita coisa. Foi quando minhas filhas insistiram para eu conhecer um grupo de idosos e, depois dele, integrei muitos outros, onde resgatei minha alegria. Me sinto renovada a cada dia, disposta a fazer muitas coisas ainda e sinto que ainda vou viver muito”, declarou.

Dona Marlena da Silva, de 73 anos, é outro exemplo de superação. Há alguns anos, ela ficou restrita a uma cama por causa de uma hérnia de disco, mas, conseguiu se recuperar. “Moro sozinha e contei com muita ajuda quando fiquei sem conseguir me mexer. Por um tempo, me senti triste, mas, depois decidi que eu era mais do que aquela cama e resolvi que eu iria melhorar, e melhorei. Para mim, hoje, não existe problema que eu não consiga resolver e isso tudo vem da cabeça. A gente precisa ter fé nas coisas e isso eu aprendi nesses meus 73 anos. Para mim, ser idosa é só uma questão de cabeça, eu me sinto muito jovem”, frisou.