Apesar de o país enfrentar, há alguns anos, uma situação econômica desfavorável, com alguns trimestres consecutivos de recessão técnica, a Prefeitura de Aracaju tem feito investimentos em obras estruturantes, em um montante de aproximadamente 510 milhões de reais em apenas dois anos e meio.
Este número coloca o município em quarto lugar entre as capitais que mais realizam investimentos públicos, de acordo com o jornal Valor Econômico. O retorno disso se mostra na movimentação da economia, na geração de aproximadamente 500 empregos diretos e indiretos (anualmente), e na consequente geração de renda, tanto para os trabalhadores quanto para as empresas que prestam serviço terceirizado ou compõem o comércio local.
Os investimentos públicos em projetos de infraestrutura, como pavimentação e urbanização de bairros, ou mesmo recapeamento asfáltico de avenidas importantes, é classificado dentro da literatura econômica como “gastos produtivos”, por sua capacidade de baratear os custos de produção privados, criar melhores condições para o desenvolvimento de negócios e consequentemente aumentar as possibilidades de aquecimento de uma economia.
Na capital sergipana os efeitos podem ser observados, basicamente, de duas maneiras distintas, a primeira delas ligada à contratação da empresa que realizará a obra. De acordo com o presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb) e secretario municipal da Infraestrutura, a execução dos projetos pelas empreiteiras gera empregos diretos e indiretos, além de retorno por meio dos salários que os trabalhadores recebem, uma vez que são gastos no comércio da própria cidade.
“Da mesma forma, em um projeto de urbanização feito em um bairro qualquer é preciso comprar asfalto, tijolos, cimento, paralelepípedos, as refeições dos operários, os uniformes, entre outros produtos, o que ativa o comércio local, uma vez que dependendo da dimensão, da quantidade necessária dos insumos, estes são adquiridos na própria comunidade”, explica Sérgio Ferrari.
A segunda, nas consequências que os projetos criam dentro de uma comunidade. A elevação da autoestima e a percepção do cuidado que o poder público demonstra por meio de seus serviços gera investimentos de menor porte, porém fundamentais para alcançar um estado econômico mais pujante, justamente porque os valores são alocados na própria região onde os projetos estão sendo tocados, nas lojas de materiais de construção mais próximas das residências.
“O segundo aspecto é visível ao fim das obras de infraestrutura, de urbanização, quando a partir do momento que o cidadão observa seu bairro se desenvolver, ele passa a investir na própria residência, reformando o espaço e adquirindo aquilo que precisa no comércio de sua comunidade. Esse é um fenômeno comum sobretudo nos bairros mais vulneráveis socialmente, nos quais essas pessoas estavam sujeitas a uma área insalubre, sem condições de manter uma fachada mais bem cuidada”, ressalta Ferrari.
À medida que o porte das obras vai aumentando, o impacto é significativo também por meio do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Os serviços de manutenção da cidade, executados diretamente pela unidade operacional da Emurb, geram cerca de R$255 mil em impostos para a economia do Estado, mensalmente. Valor possibilitado pelo grande volume de obras empreendidas pela Prefeitura de Aracaju. Ou seja, de uma forma ou de outra os recursos investidos voltam aos cofres públicos.
Mais investimentos
A tendência é que Aracaju continue na contramão do que ocorre no restante do país, de forma positiva, uma vez que a gestão está finalizando os trâmites burocráticos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para obtenção de 300 milhões de reais, via empréstimo, que serão investidos também na infraestrutura da cidade, multiplicando a criação de empregos e continuando a aquecer a economia dentro do município.