No Santo Antônio, Prefeitura realiza mais uma edição do Novembro Negro

Assistência Social e Cidadania
22/11/2019 17h54

Em continuidade à programação de ações alusivas ao Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 22 de novembro, a Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Assistência Social, realizou nesta sexta-feira, 22, a terceira edição do “Novembro Negro”, no palco do forródromo da tradicional rua São João, no bairro Santo Antônio.

O evento, organizado pelo Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Pedro Averan, envolveu usuários, moradores e instituições sociais, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), o Lar de Idosos Nossa Senhora da Conceição (Same) e a Legião da Boa Vontade (LBV), em apresentações artísticas e culturais.

De acordo com a coordenadora do Cras Pedro Averan, Telma Maynart, a ação buscou fomentar o debate sobre as questões raciais de modo a fortalecer as discussões e enaltecer os aspectos da identidade do povo negro.

“Foi um momento de reunir a comunidade, os usuários dos Cras e outras instituições parceiras para refletirmos sobre a consciência negra, valorizando a cultura afrodescendente com diversas atividades, apresentações e exposições de trabalhos que representam a cultura da população negra. A ação também contribui para entender a importância da nossa atuação dentro dos equipamentos para orientar os nossos usuários na construção do respeito ao próximo e da diversidade cultural”, destacou.

A ação contou com apresentações do grupo de idosas do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), “As Cirandeiras”, do Cras Pedro Averan, que promoveu uma roda de samba; da Associação Desportiva e Cultural de Capoeira “Novos Irmãos”; de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Maria da Glória Macêdo, do bairro Santo Antônio; e danças afros feitas pelos meninos e meninas da LBV. Na oportunidade, também foram expostos trabalhos confeccionados pelos usuários do SCFV do Cras, além de rodas de conversa, rimas com a MC Negratha e oficinas de turbantes.

Segundo a gerente da Igualdade Racial da Diretoria de Direitos Humanos da Assistência Social de Aracaju, Laila Oliveira, foram discutidas temáticas raciais para conscientizar, de fato, todos os cidadãos, sejam negros, brancos, pardos, amarelos ou indígenas de que o negro merece ser respeitado em todas as esferas sociais.

“Fizemos um bate-papo sobre o reconhecimento de pessoas com pele negra, abordamos os resquícios da escravidão nos dias atuais, as formas de resistência, termos racistas ainda usados e os avanços das políticas públicas voltadas para os negros. Quando temos espaços nos quais podemos resistir, mostrar a nossa cultura na capoeira, rodas de samba, rimas, é uma forma de aquilombamento, de dizer que somos negros e que não somos diferentes por causa disso. Também conversamos muito com os idosos que vivenciaram o racismo e compartilharam experiências. Se estamos aqui hoje foi porque eles enfrentaram muitas batalhas”, relatou Laila.

A dona de casa Ana Maria Silva, 67, foi uma das usuárias que se apresentou durante o evento. Ela faz parte do grupo de idosas “As Cirandeiras” do SCFV do Cras Pedro Averan e representou as mulheres negras dançando samba e usando turbante.

“A consciência negra vem para nos fazer refletir que os negros têm direitos como um outro qualquer. Se eles fossem menos capazes, Pelé não era considerado um rei. Quando me arrumo e coloco o turbante, me sinto muito feliz. Foi um momento muito gratificante para mim porque todos, brancos e negros, estiveram reunidos para se respeitar, conversar e dançar,  foi um momento muito gratificante para mim”, contou.

Filho de um negro, o autônomo Givanildo dos Santos, 45, pai de três filhos que participam do SCFV no Cras, fez questão de participar da ação. “Infelizmente, ainda precisam ser criados espaços como esses para lembrar que o negro não deve sofrer qualquer tipo de preconceito. Trouxe os meus filhos para participar dessa atividade para conscientizá-los, desde pequenos, sobre o respeito ao próximo, independente de cor, raça ou classe social”, disse.