Prefeitura promove seminário sobre os desafios da adolescência

Saúde
20/12/2019 17h39

Fase da vida marcada por grandes transformações físicas, psicológicas e sociais, a adolescência também se caracteriza por ser uma fase de muitos questionamentos e conflitos. E com o objetivo de qualificar cada vez mais os profissionais envolvidos no acolhimento a esse grupo da população, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), realizou nesta sexta-feira, 20, o Seminário de Atualização sobre os desafios da adolescência. O evento, que aconteceu no auditório da SMS, reuniu profissionais da Saúde, da Assistência Social e da Educação, além de jovens do Grupo Cantar e Amar, da Escola Francisco Rosa. 
 
A coordenadora da Área Programática Estratégica da SMS, Kamila Fialho, acredita que a partir da capacitação, a forma de acolher o adolescente nas Unidades Básicas de Saúde terá um diferencial por parte dos profissionais que compareceram ao seminário. “Ficamos muito felizes em trazer profissionais excelentes na área, que deram um direcionamento bem prático sobre como acolher e conduzir um adolescente ao tratamento, se necessário. A Área Programática e Estratégica está trabalhando para diminuir a mortalidade materno infantil, e acreditamos que trabalhar com adolescentes também é prevenir isso”, considerou Kamila.
 
Além da coordenadora da APE, compuseram a mesa de abertura e falaram no evento a referência médica do Programa de Saúde da Criança, Adolescente e Jovem, doutor Byron Ramos e a referência técnica do PSCAJ, Cerisa Bomfim, e a médica hebiatra doutora Tatiane Pavione. “A intenção do seminário é plantar essa semente nos profissionais, para que eles tenham essa atenção a esse grupo da sociedade, o acolhimento e a escuta, que muitas vezes é o que eles mais precisam”, ressaltou Cerisa. 
 
Novo olhar
O Protagonismo Juvenil foi um dos assuntos abordados durante o seminário pelo jovem Vitor Cardoso Alves, membro do Comitê Nacional de Participação de Adolescentes (CPA) e representante do Brasil na Rede Internacional de correspondentes dos Direitos da Criança e do Adolescente. “A iniciativa da Secretaria Municipal da Saúde é muito positiva, porque a gente precisa falar do protagonismo, em pleno século 21, onde tem homofobia a adolescentes, muito bullyng nas escolas públicas, uma exclusão social dos adolescentes com problemas psicológicos. Falar do Protagonismo hoje é um desafio que vem sendo superado por essas iniciativas”, elogiou Vitor Alves. 
 
E o Protagonismo Juvenil está inserido no Programa Saúde na Escola, colaborador do evento que, segundo a coordenadora do programa, Aline Guimarães, deve se tornar parte importante no processo desse novo olhar sobre o adolescente na rede de saúde.  “Esse seminário traz um novo olhar sobre esse adolescente, que muitas vezes só precisa ser ouvido. Esperamos que a partir desse seminário exista um novo olhar sobre o adolescente na unidade de saúde, para que ele se sinta à vontade e não procure apenas quando estiver doente”, pontuou. 
 
O psiquiatra Felipe Campos explanou sobre transtornos depressivos, automutilação e suicídio na adolescência, e destacou a importância de saber diferenciar um comportamento incomum de uma patologia. “É fundamental saber diferenciar e partir daí entender o que seriam os sintomas para poder ter o primeiro olhar que irá guiar na busca por algum tipo de ajuda. Seria basicamente diferenciar o que é birra de adolescente e o que é depressão, por exemplo. Essa é a base de toda e qualquer estratégia, pois existe uma dificuldade sistemática das famílias de diferenciar o normal do patológico no dia a dia. A família não tem obrigação de saber, porque é um fator clínico, mas o pouco que eles conseguirem identificar já ajuda, porque nem tudo é patológico e nem tudo é birra”, declarou o médico.
 
Reconhecimento
Flávia Regina Sobral é dentista da UBS Dona Sinhazinha, participou da atualização e elogiou a iniciativa. “É importante porque esse é um público com pouca visibilidade nas unidades, e temos estatísticas bastante desfavoráveis da saúde mental e do acolhimento desse público. Parabenizo a ideia porque essa capacitação está realmente contemplando as necessidades desse público, uma iniciativa muito acertada da Prefeitura”, reconheceu.
 
A psicóloga Aline Souza, que atua no Núcleo Ampliado de Saúde da Família - NASF 8, que abrange os bairros Soledade, Lamarão e Santos Dumont, contou que realizou atividades ligadas ao PSE numa escola municipal da região, com elevado índice de automutilação. Ela considerou o seminário um reforço importante nesse trabalho de prevenção e na busca por estratégias de acolhimento e espaço para o público adolescente na rede de saúde.
 
“A partir do trabalho que já estamos desenvolvendo e da realidade encontrada na escola estamos pensando no que mais pode ser feito para mudar esse cenário presente ali. O adolescente não busca o serviço de saúde, e esse trabalho pode se tornar um meio de comunicação e de vinculação dele ao serviço”, considerou.