Serviço da Prefeitura muda perspectivas de famílias em situação de vulnerabilidade

Agência Aracaju de Notícias
03/03/2020 07h10
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Dentro dos serviços prestados pela Prefeitura de Aracaju, no âmbito da Secretaria Municipal da Assistência Social, o olhar cuidadoso sobre as famílias em situação de vulnerabilidade é uma das formas de fazer com que elas possam adquirir o apoio necessário para alcançar a melhoria de condições e o acesso a direitos.

O trabalho desenvolvido pela administração municipal nessa área tem como meta, sobretudo, fazer com que as famílias aracajuanas consigam enxergar suas potencialidades, recuperar laços e até mesmo contribuir para o ganho coletivo, através de suas experiências individuais exitosas.

Neste sentido, a Prefeitura atua por meio do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (Paif), disponível em todos os 16 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) da capital sergipana.

De acordo com a gerente do Paif, Vanessa Cortes, o clichê “não dar o peixe, mas, ensinar a pescar” é apropriado no caso desse serviço. “Nosso trabalho é fazer com que as famílias percebam como podem criar autonomia e ser protagonista da própria vida. Temos diversas formas para atender a essas famílias, seja através do atendimento psicossocial individualizado, seja por meio do acompanhamento familiar, ou mesmo por intermédio de oficinas que envolvam famílias, ações comunitárias ou grupos familiares”,explica Vanessa.

Em termos gerais, o Paif é o coração dos Cras porque, conforme destacou a gerente do serviço, é no fortalecimento do meio familiar que outras questões sociais podem se manifestar.

A maioria das famílias atendidas tem perfil de Cadastro Único. No entanto, qualquer uma que esteja em situação de vulnerabilidade, mesmo que não esteja inserida no Cadastro, pode contar com o serviço, que é “porta aberta”.

“Atualmente, cerca de mil famílias são acompanhadas pelo Paif nos Cras de Aracaju. Esse acompanhamento tem toda uma proposta, com início, meio e fim, toda uma construção articulada. É um serviço de extrema relevância porque muitas pessoas acreditam que o trabalho da Assistência Social é só para garantir benefícios, como o Bolsa Família, e não é só isso. Nossas ações são realizadas para reestruturar vidas. A partir do acompanhamento dessas famílias, podemos dar novas perspectivas, dos direitos que têm até a quebra de paradigmas dentro da comunidade. O nosso papel é orientar, dar suporte, dar acolhimento para que as pessoas possam construir novos caminhos pelas próprias mãos”, ressalta Vanessa.

A gerente destaca as funções básicas do PAIF: preventiva, protetiva e proativa. “Preventiva porque instigamos a reflexão com temáticas sobre violência contra a mulher, trabalho infantil, abuso e exploração, racismo, homofobia; protetiva porque estamos, a todo momento, com essas famílias, resguardado; e proativa porque queremos que essas famílias se tornem protagonistas de suas ações. Assim, o trabalho deve ser continuado, afinal, os impactos da política de assistência não são imediatos, são construídos, na maioria das vezes, a longo prazo”, frisa.

SCFV
Dentro do Paif, existe o trabalho complementar, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), que realiza atendimento a grupos específicos e atende os indivíduos das famílias assistidas pelo Paif.

Segundo a gerente do SCFV, Karine Oliveira, o tratamento, atualmente, atende em torno de 1.400 usuários, entre crianças, adolescentes e idosos. “O Serviço de Convivência trabalha com estratégias de oficinas, esporte e lazer, onde são desenvolvidas as temáticas de violação de direitos porque a ideia é orientar sobre os direitos, como acessar esses direitos para que não sofram a violação”, afirma.

Para Karine, a união entre os dois serviços se volta para a comunidade. “Quando o indivíduo é trabalhado no Serviço de Convivência, ele tem um desenvolvimento no convívio familiar, isso acaba refletindo na questão de identidade dentro das comunidades. Então, esse mesmo indivíduo pode se tornar um multiplicador de boas ações, alguém que diga para outras pessoas em situação de vulnerabilidade ‘se eu consegui, você também consegue’, um agente ativo dentro do seu território”, reforça.

Sucesso
Exemplo disso é Kátia Carolyne Lima, de 22 anos. Além dela, os pais criaram outros cinco filhos e apenas o pai tinha renda em casa. Ela entrou no Serviço de Convivência aos 8 anos de idade, onde ficou até os 14. Hoje, depois de algumas experiências evolutivas, Carol é uma das oficineiras que atuam no Cras do conjunto Augusto Franco.

“Quando eu estava com 20 anos, enquanto fazia alguns cursos, como de maquiagem e confecção de bolsa, acabei respondendo a um tipo de questionário em que perguntava qual curso gostaríamos de fazer. Eu sempre respondi que queria balé, mas nunca pensei que um dia teria, mas teve. Acabei entrando em um das oficinas de balé e, nela, a professora percebeu que eu tinha potencial”, conta.

Entre uma aula e outra, Carol passava o tempo, entre estudos e tarefas de casa, treinando passos de balé. De tanto tentar o aperfeiçoamento, recebeu um convite inusitado que abriu as portas para o trabalho que ela desenvolve atualmente.

“A professora me chamou para ser assistente dela. Um tempo depois, quando ela estava abrindo um estúdio próprio, me deu a primeira bolsa de estudos. Em 2018, ela me convidou para ser assistente do balé infantil do espaço dela. No mesmo ano, ganhei o certificado da escola Royal de Balé, uma das melhores do mundo. Quando a professora precisou se ausentar da Prefeitura, me perguntou se eu tinha interesse em ser oficineira de balé e me inscrevi. Então, posso dizer que o Serviço de Convivência mudou a maneira como eu enxergava o mundo e me mostrou outras possibilidades. Com o que faço atualmente, quero mostrar para meus alunos que eles também conseguem ser e fazer o que desejarem de coração”, completa.