População em situação de rua é assistida integralmente em abrigos da Prefeitura

Agência Aracaju de Notícias
05/06/2020 04h00
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Há cerca de dois meses, a população em situação de rua, na capital, ganhou um suporte a mais durante a pandemia do coronavírus. A Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Assistência Social, disponibilizou quatro espaços para acolher a essas pessoas e mantê-las resguardadas. Nos abrigos, a administração municipal garante toda a estrutura necessária para que os assistidos tenham conforto, alimentação e higiene, além de cuidados com a saúde.

Atualmente, 85 pessoas estão em situação de acolhimento no Centro DIA, Escola Freitas Brandão, Cras Terezinha Meira e Centro Espírita Laura Amazonas, locais onde são disponibilizados materiais de higiene e limpeza, como sabonetes, creme dental e escova de dentes, roupas, toalhas, lençóis, cobertores, álcool, além de colchões, assim como orientações sobre os cuidados necessários para o enfrentamento do novo vírus. São oferecidas, também, três refeições por dia: café da manhã, almoço e janta. A alimentação diária e os produtos de higiene são frutos de uma parceria realizada com a Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social (Seias).

De acordo com a secretária municipal da Assistência Social, Simone Passos, a atenção tem sido constante e crescente, principalmente porque o número de casos de covid-19 tem crescido na capital. 

“Nos preocupamos demais com essa população porque muitos deles, inclusive, preferem ficar nas ruas. Então, reforçamos o nosso trabalho de abordagem para orientá-los e mostrar a necessidade deles se manterem abrigados. As equipes que estão trabalhando nos locais são formadas por pessoas preparadas para essa situação. Esse trabalho é contínuo e manteremos até que a pandemia cesse, olhando de maneira integral para essas pessoas”, destaca a secretária. 

Ainda segundo Simone Passos, recentemente, como estratégia para evitar a proliferação do vírus, o Cras Teresinha Meira passou a ser abrigo de quarentena. “Assim que a pessoa em situação de rua é captada pelas equipes, ela fica por 14 dias no Cras sendo atendida pelo Consultório de Rua e, caso não apresente nenhum sintoma, ao término do período, é encaminhada para um abrigo provisório”, ressalta.

Para que as pessoas de rua pudessem ser assistidas nos abrigos, todo o cenário foi avaliado com cuidado, como explica o coordenador de Proteção Especial da Assistência Social de Aracaju, Jonathan Rabelo. 

“Há toda uma logística para que os espaços sejam devidamente higienizados e tenham qualidade para acolher essas pessoas. As equipes da Assistência e da Fundat estão sempre no espaço para atender as demandas que surgirem. Temos feito orientações a respeito do cadastramento dos benefícios do Governo Federal e outros benefícios. Temos recebido algumas doações para essas pessoas também”, afirma Jonathan. 

Nova perspectiva 
O trabalho desenvolvido pelas equipes da Prefeitura de Aracaju, além da possibilidade do abrigo em si, tem mudado a maneira como as pessoas em situação de rua passaram a ver o acolhimento.

O peruano José Alberto Nunez chegou a um dos abrigos no início desta semana. Para ele, a recepção fez muita diferença. “As pessoas que nos atendem me deixaram muito impressionado por todo o cuidado e atenção que eles nos dão. Existe um respeito muito grande e percebemos que existe responsabilidade com o trabalho que executam e que a intenção é, de fato, nos acolher da melhor forma”, afirmou Alberto. 

A mudança de perspectiva, inclusive, mudou a vida de Júlio César Feitosa. Há três dias no abrigo, ele conseguiu ser reinserido no seio familiar pelas equipes da Assistência Social e, na quarta-feira (4), embarcou para o reencontro com a família, em Fortaleza. 

“Fui bem tratado desde o momento em que cheguei. O cuidado foi tanto que eu consegui tudo para poder voltar pra minha casa, onde, inclusive já tem emprego me esperando. Se não fosse pela Prefeitura, eu não teria conseguido tudo isso. Então, estou muito contente e satisfeito pelo que recebi e por toda atenção que tive no abrigo”, relatou Júlio. 

Segundo o coordenador de Proteção Especial, ao todo, desde que foram disponibilizados os abrigos, 16 pessoas de fora do estado foram reinseridas na família através do trabalho da Assistência Social. 

Consultório de rua 
Nos quatro espaços disponibilizados pela Prefeitura, além da garantia do abrigo, a Prefeitura também disponibiliza atendimento médico através do Consultório na Rua e do Programa Redução de Danos, coordenados pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Uma equipe formada por um médico, uma enfermeira, duas técnicas, uma psicóloga, uma assistente social e nove redutores realizam o atendimento de cada um dos abrigados, seguindo o cronograma semanal de visitas. Nas consultas, entre outras verificações, a atenção é voltada para averiguar se os abrigados possuem algum sintoma de síndrome gripal, o que funciona como um monitoramento dos possíveis casos da covid-19.

“Sabemos que as pessoas em situação de rua têm, há muito tempo, o direito ao acesso à saúde negado, então, nossa atenção é redobrada, principalmente nesse tempo de pandemia. Assim, olhamos para cada um deles de maneira especial, tomando todos os cuidados. Fazemos esse cuidado de perto, tanto para tentar prevenir, como para tratar possíveis casos de maneira precoce e fazer os devidos direcionamentos”, salientou o médico do Consultório de Rua, Luís Felipe Sales.