Prefeitura reforça combate ao tabagismo durante pandemia de covid-19

Agência Aracaju de Notícias
24/07/2020 04h15
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Fumantes compõem um dos grupos de risco dentro da pandemia de covid-19. Por isso, a Prefeitura de Aracaju tem dado atenção especial ao Programa de Combate ao Tabagismo, cujo atendimento presencial já foi retomado a fim de intensificar as ações junto aos usuários. 
 
A coordenadora do Programa, Nazaré Aragão, explica que é fundamental nesse momento ter iniciativas que ajudem a combater o vício. Por isso, o projeto foi retomado, mas com as alterações necessárias que o período exige. “Antes da pandemia havia reuniões coletivas, e hoje o atendimento é individual”, afirma Nazaré. 
 
O programa é porta aberta, então todos podem buscar atendimento. Inicialmente, é feita uma entrevista. “O paciente é acolhido, fazemos algumas perguntas e, depois, o encaminhamos a uma pneumologista. Ele já sai da consulta com a prescrição do medicamento, que pode ser adesivo ou goma de mascar”, relata.
 
Segundo Nazaré, 48 pacientes estão no Programa, atualmente. “A maioria demonstra preocupação em relação à covid-19, por serem do grupo de risco. Para se ter ideia, a meta do Ministério da Saúde é de atender, através do Programa, 100 pessoas este ano. E já estamos com 48”, ressalta.
 
O Programa está sem fila de espera e pretende atender os usuários de forma remota a fim de ampliar o acompanhamento. “Também temos o grupo de recaídas, que são aqueles que acabam fumando mas não querem desistir do Programa. Estamos bem encaminhados aqui em Aracaju”, assegura a coordenadora.
 
Infectologista da Secretaria Municipal da Saúde, Fabrízia Tavares explica que esse trabalho é importante, porque, além dos malefícios que o tabagismo em si causa, num cenário de pandemia de uma doença que ataca principalmente as vias respiratórias e o pulmão, fumar pode desencadear um desfecho bastante preocupante.
 
“O principal órgão acometido pelo novo coronavírus é o pulmão, mesmo a doença sendo sistêmica. E o que percebemos é que o número de óbitos se concentra em pessoas com comorbidades, que são doenças crônicas de base, incluindo as doenças pulmonares, algumas causadas pelo tabagismo”, esclarece Fabrízia.
 
Isso porque, segundo ela, o ato de fumar já causa doenças, como efizema e bronquite crônica, que causam um comprometimento importante da função pulmonar. “Ele, por si só, já limita o pulmão, e se a pessoa for acometida pela covid-19, que também compromete, vai necessitar da uma reserva pulmonar para enfrentar uma doença e vai enfrentar dificuldade, já que a funcionalidade do órgão é menor”, explica.
 
O tabagismo também é arriscado para quem não desenvolveu esse tipo de doença. “O ato de fumar é um fator irritativo de mucosas de vias área superiores e do epitélio do pulmão, diminuindo as defesas do órgão e do aparelho respiratório e comprometendo também a imunidade local desse órgão”, explica. 
 
Nessas condições, as chances de o quadro clínico agravar são bem maiores. “A doença viral já acomete o órgão e, com uma defesa diminuída, o risco de o quadro evoluir para uma ventilação mecânica ou intubação é maior. Então, a gente pede que não fumem, porque o hábito associado à pandemia pode causar um desfecho ruim”, alerta a infectologista.