Prefeitura efetiva Serviço Domiciliar e propicia atendimento mais humanizado na Saúde

Agência Aracaju de Notícias
24/12/2020 07h20
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Toda semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, a família de Dona Maria dos Prazeres, diagnosticada com trombose venosa profunda, recebe uma equipe médica em casa para avaliar a evolução do quadro de saúde. Ela é uma das pacientes que integram o Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), implementado pela Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no início do mês, e está numa espécie de internamento em casa.
 
O SAD conta com oito equipes multidisciplinares: seis de atendimento médico e duas de apoio, as quais reúnem médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais, que realizam visitas semanais aos pacientes escolhidos para participar do programa e acompanham, na casa deles, a evolução do quadro. 
 
De acordo com a coordenadora do Serviço, enfermeira Aline dos Santos, a estratégia começou a ser implantada no começo do ano, mas não pôde ser tirada do papel em virtude da pandemia. "Agora, foi retomada com força total", diz Aline, que define o SAD como um serviço de desospitalização. "Se um médico de nossas unidades entender que o paciente pode ser encaminhado para o atendimento em casa, ele aciona o SAD e a equipe continua o atendimento", explica.
 
"As visitas acontecem conforme a necessidade do paciente, podem ser uma vez por semana ou diariamente", completa a coordenadora, cuja função é interligar a Rede de Urgência, que gerencia o SAD, coordenar as equipes, as escalas e as agendas de visitas. Um dos médicos que realizam esses atendimentos em domicílio é Juca de Sá.
 
Segundo ele, o Serviço está absorvendo os pacientes que estão em unidades hospitalares, como o Fernando Franco e o Nestor Piva, e que ainda não têm condições de alta hospitalar. Nesses casos, os médicos fazem a solicitação através do Núcleo Interno de Regulação e a equipe do SAD realiza uma avaliação clínica ainda na unidade hospitalar.
 
"Em seguida, a gente faz uma avaliação do domicílio, chamada de visita de ambientação. Se o paciente tiver condições, tanto clínicas quanto ambientais e socioeconômicas de ser admitido pelo SAD, a gente libera a transferência  e ele entra no regime de internação domiciliar. É levado para casa e, a partir daí, a gente abre o cronograma de visita", esclarece Juca de Sá.
 
Ou seja, o perfil do paciente elegível para o serviço é de quem tem uma situação aguda ou uma situação crônica agudizada. "São pacientes que têm condição clínica que demandem cuidados mais intensos, mas que conseguem dispensar o hospital, porque a gente entende que a internação em casa é mais proveitosa", ressalta.
 
As vantagens desse tipo de atendimento, segundo Juca, contemplam tanto os pacientes em si quanto a própria rede de saúde. "A família tem o paciente mais próximo, compartilha e participa do cuidado, e a rede abre espaço para alguém que de repente precise mais do internamento, por ser uma situação grave", destaca.
 
Com relação ao ambiente domiciliar, o médico reitera que a equipe avalia luminosidade, para ver se é possível realizar os procedimentos clínicos; se a ventilação é adequada, assim como o piso; e se tem, de forma geral, condição de receber e manter a mobilidade correta dos pacientes dentro de casa. "Se tudo isso estiver dentro dos padrões, a gente encaminha para o atendimento domiciliar, se não, a gente mantém ele em internação hospitalar", salienta.
 
Para além disso, Juca de Sá reforça que, com a mudança de perfil epidemiológico, tem sido cada vez mais difícil comportar a quantidade de pessoas que precisam de internamento. "Nesse contexto, o SAD possibilita otimizar os recursos ao mesmo tempo em que humaniza o cuidado", reitera o médico. 
 
Fisioterapeuta, Silvana dos Anjos integra a equipe do SAD e ressalta a otimização do atendimento a cada paciente assistido. Como fisioterapeuta, ela avalia o paciente, vê a necessidade de cada um e procura ser bem objetiva, focando no que realmente é necessário. "De acordo com os exercícios, a gente abrange outras necessidades. É possível, é viável e não tem nenhum prejuízo. Pelo contrário, há muitos ganhos", avalia.
 
Visitas
Na modalidade que a equipe trabalha hoje, o paciente precisa ter uma visita, pelo menos, semanal. "Mas isso depende da condição clínica dele. Hoje eu tenho uma paciente que precisa de visita três vezes por semana, segunda, quarta e sexta, mas varia muito", diz Juca.
 
Essa paciente é exatamente Maria dos Prazeres, 82 anos. "Ela internou por trombose venosa profunda, a gente iniciou tratamento de anticoagulação e levou para o domicílio, onde o atendimento deve durar bastante tempo, mas a resposta já é boa e o quadro está regredindo", comemora.
 
Neta de Maria, Isabela da Cruz Bispo considera que a mudança de ambiente foi muito importante, seja pelo conforto, pela segurança, principalmente em tempos de pandemia, ou para a participação da família. "Nós estávamos cansados de revezar no hospital e, assim, podemos estar mais perto dela", justifica.
 
Segundo Isabela, a equipe passa muitas orientações fundamentais ao tratamento em casa. "Estão sempre aqui, atentos, observando tudo - da urina à alimentação. Ela está bem melhor, a perna desinchou e, quando faz a fisio, fica mais disposta e alegre. Ela conversa com a gente e tem consciência de que está em casa", comenta.
 
Para o médico Juca de Sá, a evolução do quadro de Maria dos Prazeres é notória. "Ela estava internada no Fernando Franco e já tinha uma resposta muito boa com o tratamento instituído, mas era perceptível que estar longe da família prejudicava muito a continuidade do tratamento dela. Hoje, a proximidade com os familiares e a ambientação na casa em que já estava acostumada fazem total diferença e ela está muito bem", avalia.
 
Capacitações
Para orientar a família e atender os pacientes em casa, as equipes do SAD passam por capacitações frequentes. São ciclos contínuos, a cada 15 dias, com temas diversos, como abordagem e compartilhamento de experiências. "Tudo isso para que o serviço seja cada vez mais refinado no sentido de dar um atendimento cada vez mais adequado e humanizado ao paciente", argumenta o médico Juca de Sá. 
 
Nas capacitações, foram trabalhados os fluxos e protocolos do Serviço e a articulação dele com a rede de atenção primária. Hoje, o SAD é uma realidade que já aponta para uma melhoria considerável nos quadros dos pacientes, objetivo maior de qualquer tratamento, seja no hospital ou em casa.