Vacinados contra covid-19, idosos sentem-se recompensados após meses de isolamento

Nunca antes a sociedade acompanhou todo o processo da formulação de uma vacina, das pesquisas aos testes, culminando com a aprovação e distribuição do imunizante, bem como é também inédita, no século 21, uma pandemia da proporção desta causada pelo novo coronavírus. Não à toa é a mobilização em torno de todas as etapas da campanha de vacinação contra a covid-19 que, em Aracaju, está em sua segunda fase.

Até o momento, 51,5% das doses recebidas pela Prefeitura, por intermédio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), já foram aplicadas, chegando a 12.156 vacinados (21.878 da CoronaVac, mais 10.040 da AstraZeneca/Oxford). Considerando apenas a utilização da Coronovac, a Prefeitura já aplicou 98,8% das doses recebidas. Se considerar o número total de profissionais de saúde de Aracaju (28.788), foram vacinados 37,5%, 10.811 profissionais de saúde vacinados, destes, 1.228 com AstraZeneca.

Atualmente, a administração municipal desenvolve a etapa que contempla idosos a partir dos 90 anos e acamados da mesma faixa etária, e segue vacinando, ainda, os profissionais de saúde que, por alguma razão, não tenham sido vacinados na primeira fase; este público também já começou a receber a segunda dose da CoronaVac.

Até esta sexta-feira, dia 12, a Prefeitura manterá equipes no Parque Augusto Franco (Sementeira) para a vacinação por meio do sistema drive-thru. O idoso público-alvo desta fase também pode receber a primeira dose do imunizante nas salas de vacinação de 40 Unidades Básicas de Saúde (UBS).

A secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza, esclareceu sobre o calendário vacinal de Aracaju e desmente fake news acerca de um suposto envio, por parte da Secretaria, de mensagens por e-mail e via SMS. 

“Ainda não existe um calendário vacinal para as demais faixas etárias. O Ministério da Saúde encaminhou doses apenas para idosos acima de 90 anos e para a continuidade da vacinação dos trabalhadores da saúde. É preciso destacar que a Secretaria não envia email para ninguém pedindo confirmação de código, confirmação de dados, nem mensagens de SMS ou Whatsapp. Qualquer dúvida, pode entrar em contato com a Ouvidoria, através do 0800 729 3534”, orinetou Waneska.

A nível mundial, a pandemia já completou um ano. Em Aracaju, o coronavírus adentrou a rotina das pessoas há 11 meses e promoveu mudanças no comportamento geral, exigindo novas posturas e transformando a maneira como as pessoas se relacionam. Para alguns, a vacina veio como uma recompensa. 

Demonstração disso foi o que ocorreu na família de Marcela Tavares, de 22 anos. Nesta quinta-feira, 11, ela foi levar a bisavó, Ilda Tavares, de 93 anos, para tomar a vacina contra a covid-19. No carro que as conduziu à UBS Dona Sinhazinha, uma placa escrita à mão “eu apoio a ciência e a medicina”. 

“Minha avó e minhas tias-avós, além da minha mãe, tiveram covid. Por conta de todo o contexto, eu comecei a ter um contato com a minha bisavó que eu nunca tinha tido antes e, nessa época, eu tive que dar banho, fazer comida, entre outras coisas. Junto com minha namorada, cuidei dela e da minha avó. Nisso, tivemos que separar a minha bisavó da minha avó, e elas sofriam muito. A minha tia-avó chegou a ficar internada e tudo isso foi muito pesado, mas passamos, então, ver a minha bisavó ser vacinada traz uma tranquilidade muito grande depois de tanta agonia”, contou Marcela. 

A yalorixá mais antiga de Aracaju, Marizete Lessa, de 90 anos, deixou de vivenciar um dos prazeres que mais cultivava: o de reunir pessoas. 

“Estava esperando muito pelo momento de ser vacinada e, logo, espero, chegue a vez de todos estarem vacinados, e vai chegar. Sinto muita falta dos meus trabalhos e até pensei que entraria em depressão. Vai fazer um ano que só fico em casa, sem fazer meu joguinho de búzios, sem receber as pessoas. Para quem é acostumada com o calor humano, é muito difícil se manter isolada, mas temos que respeitar e ainda manter os cuidados. Agora, é esperança, e vamos seguir em frente”, frisa Marizete que também se dirigiu à UBS para receber a primeira dose da vacina. 

Foi com animação que Maria José da Conceição, de 91 anos, foi ao Parque da Sementeira acompanha do filho. “Para mim, é uma alegria muito grande receber a vacina. Já acordei a animada. Eu não estava completamente isolada porque moro com meu filho, nora e com minha irmã, mas, ainda assim, é muito angustiante ver vidas se perdendo. Vou completar 92 anos em março e já estou comemorando”, disse. 

O sentimento de segurança estava expresso nos olhos de Maria Isabel Leite, de 91 anos. Ela recebeu a primeira dose da vacina na Sementeira e ressaltou o quanto é importante se imunizar. “Tomo todas as vacinas que são necessárias e acho que todo mundo deveria fazer o mesmo. A chegada dessa vacina me deixou muito feliz e me sinto mais tranquila por poder ser imunizada nessa fase”, ressaltou. 

O isolamento imposto pela pandemia deixou Maria Lúcia Moura, de 99 anos, com saudades das ruas. No alto de sua experiência de vida, antes do coronavírus, ela fazia das ruas de Aracaju sua pista de corrida. 

“Eu sinto muita falta das corridas, dos meus colegas corredores e essa vacina me trouxe a esperança de que, em breve, poderia voltar a praticar a atividade que tanto sinto prazer. Quando essa pandemia acabar, vou voltar a correr do mesmo jeito que fazia antes”, contou Maria Lúcia. 

Para receber a vacina no posto volante, os idosos devem se cadastrar no site da Prefeitura, a partir do link http://aracajusms.voipy.com.br:8091/sisvacinacao/. Ao acessar o portal, deve ser preenchido um formulário com dados pessoais, como endereço, nome completo, CPF e nome do responsável pelo idoso, seguido do anexo do comprovante de residência.

Com o cadastro finalizado, equipes da Saúde farão a validação e será emitido um código de acesso, o qual deverá ser apresentado na entrada do Parque da Sementeira, impresso ou no celular. O drive-thru funcionará das 8h às 17h, nos dias 10, 11 e 12, podendo ser prorrogado, caso necessário.

Além do drive-thru, a vacina está sendo disponibilizada em 40 Unidades Básicas de Saúde. Àqueles que optarem pela imunização nas UBS, devem se dirigir à unidade mais próxima da residência, portando o cartão do Sistema Único de Saúde (SUS).

Caso o idoso não tenha o cartão do SUS, poderá apresentar documento com foto, CPF e comprovante de residência para se cadastrar na hora. No caso de idosos acamados que não possuem o cadastro no SUS, a orientação é que um representante legal realize o cadastramento na unidade de saúde portando, além dos documentos pessoais do idoso, um relatório médico. O cadastro também pode ser feito no portal da Prefeitura. A imunização do idoso acamado será feita em sua residência, por uma equipe de Saúde da Família.