Atendimento no Ambulatório de Feridas é referência em Aracaju

Agência Aracaju de Notícias
03/03/2021 10h32
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Quando chegou ao Ambulatório de Feridas, localizado no Centro de Especialidades Médicas (Cemar) do Siqueira Campos, o representante comercial Crisólogo Leite não conseguia caminhar. Por causa de uma grave ferida na perna, provocada pela erisipela, ele necessitava de uma cadeira de rodas para se locomover.

Crisólogo lembra que tudo começou com uma vermelhidão na perna, depois vieram as bolhas, que estouraram e viram feridas. As bactérias, presentes naturalmente no organismo, se aproveitam do processo infeccioso e começam a corroer a pele e o tecido muscular, causando necrose. Devido à gravidade do caso, Crisólogo passou por duas internações e por uma cirurgia, até ser encaminhado para o Ambulatório de Feridas, onde deu continuidade ao tratamento.

Seis semanas depois, Crisólogo retorna para o atendimento caminhando, sem qualquer auxílio. “Minha melhora foi muito grande, já passei 65 dias sem conseguir caminhar, com uma ferida aberta, a perna cheia de buracos. Se eu colocasse o pé no chão, podia estourar os vasos sanguíneos, que estavam comprometidos por causa da infecção provocada pela bactéria. Na segunda semana de tratamento aqui no ambulatório, consegui voltar a caminhar”, comemora o paciente.

Acolhimento e cuidado
Casos como o de Crisólogo são frequentes no Ambulatório de Feridas do Cemar Siqueira Campos. Em 2018, 4.477 pacientes foram atendidos na unidade. No ano de 2019, esse número subiu para 5.865. Já em 2020, mesmo com o recolhimento social provocado pela pandemia do novo coronavírus, foram realizados 4.499 atendimentos. E a demanda continua alta, só em janeiro deste ano, 424 pacientes foram atendidos no ambulatório.

A gerente do Ambulatório do Cemar, Djeane Correa, explica que o serviço é porta aberta e atende exclusivamente casos de lesões nos membros inferiores, ou seja, pernas e pés. “Atendemos as demandas que chegam até nós, sem obrigatoriedade de encaminhamento, porque, na maioria dos casos, a necessidade é visível. Atendemos, também, as demandas que são encaminhadas das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que podem ser daqui de Aracaju ou do interior”, detalha.

A equipe do Ambulatório de Feridas é composta por quatro enfermeiros, quatro auxiliares de enfermagem e dois médicos, especialistas em cirurgia vascular. O acolhimento inicial é feito pela equipe de enfermagem, que faz a primeira avaliação e encaminha para o cirurgião vascular. “O nosso público é muito carente, em todos os aspectos, tanto do ponto de vista socioeconômico, quanto do aspecto emocional. Então nosso primeiro trabalho é acolher esse paciente, informar sobre o tratamento e os cuidados que precisarão ter”, explica a gerente.

Depois da consulta com o médico, o paciente passa a ser atendido pelos enfermeiros, que fazem os curativos e orientam sobre o uso da medicação, que também é fornecida gratuitamente no ambulatório. “Nosso trabalho se dá em rede, temos um sistema de parceria entre as diversas unidades da Saúde e temos um pacto entre o município e o Estado”, informa Djeane.

Assim, se for preciso trocar o curativo diariamente, isso é feito pela equipe de enfermagem da UBS mais próxima da residência do paciente, não necessita ele retornar ao ambulatório para isso. “Quando é algum procedimento que não podemos atender aqui, como os casos que demandam anestesia ou que exigem exames mais detalhados, o paciente é encaminhado diretamente para o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse)”, salienta Djeane, exemplificando como funciona a capilaridade da rede de atendimento.  

Serviço de referência
Os pacientes atendidos na unidade, em geral, desenvolvem feridas em decorrência de outras doenças, como diabetes, tabagismo, hipertensão, obesidade, hanseníase ou algum problema vascular. Por isso, o tratamento é feito em conjunto com outras especialidades médicas. “Muitas vez, o paciente precisa se consultar com um endócrino, um cardiologista, ou necessita de acompanhamento nutricional”, esclarece o enfermeiro Daniel Rocha.

Trabalhando há três anos na unidade, Daniel comenta que um diferencial do Ambulatório de Feridas é, além da alta capacitação da equipe, a especialidade dos serviços oferecidos. “Já atuei em outros lugares e aqui o serviço é diferenciado. Trabalhamos com diversas técnicas e produtos, a exemplo de placas e bandagens especiais, específicas para o tratamento de feridas, que muitas vezes não são encontradas em hospitais de renome”, salienta o enfermeiro.
 
Apesar da alta demanda, Daniel enfatiza que não fica um paciente sem ser atendido, seja referenciado ou que chegue por demanda espontânea. “Sou muito realizado com meu trabalho, o maior prazer que sinto é dar alta ao paciente. Muitos chegam aqui correndo risco de amputação e a gente consegue recuperar”, vibra Daniel, com o sorriso perceptível mesmo atrás da máscara.

O entusiasmos e dedicação da equipe do Ambulatório de Feridas é recompensado pela gratidão dos pacientes. Crisólogo conta que ligou para a Ouvidoria da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para elogiar o bom atendimento. “Muita gente tem preconceito com o sistema público de saúde, gosta de falar mal e não elogia quando é feito um bom trabalho. Eu só posso dizer que recebi um excelente tratamento, com excelentes profissionais”, expressa o paciente, que se encaminha para a fase final da recuperação.  

Porta aberta
Daniel orienta que, em caso de necessidade de atendimento que não seja de urgência ou emergência, deve-se procurar a UBS mais próxima ou consultar os agentes comunitários de saúde. “Os agentes da atenção básica são a ponta do processo, são eles que prestam o atendimento inicial. Como trabalhamos em rede, eles darão a melhor orientação de encaminhamento para cada caso, inclusive encaminhando aqui para o Ambulatório de Feridas”, enfatiza o enfermeiro.

Quem necessitar de atendimento, o Ambulatório de Feridas fica no Cemar Siqueira Campos, localizado na rua Bahia, sem número. O acolhimento inicial é realizado de segunda a sexta-feira, a partir das 7h30. Os cirurgiões vasculares atendem terça e quarta-feira nos turnos da manhã e da tarde, e quinta-feira no turno da manhã.

Para ser atendido, o paciente deve comparecer ao Cemar portando o cartão do Sistema único de Saúde (SUS). Caso ainda não possua o cadastro, é só levar original e cópia do RG e CPF, e comprovante de residência atualizado.