Prefeitura transforma vida de adolescente a partir do Programa Jovem Aprendiz

Família e Assistência Social
02/07/2021 09h00
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Crescer, brincar, socializar e estudar são fundamentais durante a infância. Infelizmente, nem todos as crianças em desenvolvimento têm essa rotina que, muitas vezes, é prejudicada pela prática do trabalho precoce, independente da ocupação exercida.

Para combater essa situação e garantir o desenvolvimento correto e qualidade de vida aos pequenos aracajuanos, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, desenvolve uma série de ações nos equipamentos socioassistenciais do município, o que tem beneficiado crianças e adolescentes, como Yasmin Lima.
 
Residente no loteamento São Carlos, no bairro Olaria, Yasmin é uma das adolescentes cuja realidade foi transformada a partir do trabalho da Prefeitura. Com uma infância marcada pelo trabalho, ela, hoje com 17 anos, cursa a segunda série do ensino médio e através do Programa Jovem Aprendiz foi direcionada para o trabalho no Ministério Público de Sergipe (MPSE), a partir da intermediação feita pela Assistência Social do município. 
 
Antes disso, a rotina de Yasmin era sem horário fixo e ainda sem direitos trabalhistas garantidos. A aracajuana tem como característica forte a entrega e a dedicação em tudo que faz. E assim fazia em sua antiga ocupação, caracterizada como trabalho infantil.

Porém, com o passar do tempo e com a rotina exaustiva, as consequências do ingresso precoce no mercado de trabalho apareceram. A indisposição para socialização, o cansaço físico e mental frequentes e o quase abandono escolar passaram a ser cada vez mais recorrentes no dia a dia. 

“Muitas vezes eu chegava exausta do trabalho, me arrumava rápido e ia para a escola. Mas, ao chegar na sala de aula, não tinha disposição alguma para os estudos. Minhas amigas até me perguntavam o que estava acontecendo e eu só respondia que estava muito cansada. Já comecei a trabalhar às 15h e fiquei até o outro dia pela manhã”, contou de maneira tímida.

Agora, após o reconhecimento do caso e com a atuação da gestão municipal, a rotina de Yasmin foi transformada completamente. Hoje, ela consegue conciliar o trabalho como jovem aprendiz com os estudos, descanso e lazer.
 
“Como tem pouco tempo que comecei, por enquanto, por conta da pandemia, estou frequentando as aulas online de jovem aprendiz, que acontecem todas as segundas e terças-feiras, e nos três dias restantes [que seriam de trabalho presencial], fico em casa até a liberação do trabalho presencial. Mas, já estou amando cada momento, consigo ter horário para fazer tudo; posso descansar, ver os amigos e estudar tranquilamente. Só posso agradecer e comemorar pela oportunidade”, pontuou com alegria.

De acordo com a psicóloga da Proteção Social Especial (PSE) de Aracaju, Milena Rocha, as consequências do trabalho infantil se encaixam perfeitamente no caso da adolescente Yasmin.

“Crianças e adolescentes nessa situação têm a rotina marcada pela mão de obra desqualificada e informal, que oferece condições precárias de trabalho. Em relação à educação, interfere na questão da evasão, dificultando o desenvolvimento intelectual. Por fim, no ponto de vista geral, esses jovens se tornam menos produtivos e isso interfere diretamente também nas questões socioeconômicas do país”, concluiu a servidora.

Apoio familiar
Para que a realidade de diversos jovens também seja transformada é fundamental o apoio e o acolhimento familiar. É preciso a compreensão sobre as necessidades, direitos e deveres da criança e do adolescente.

Os pais de Yamin não medem elogios e agradecimentos pela nova vida da filha.: “Nunca foi fácil ver minha filha trabalhando desde cedo, mas eu achava que era necessário. Só posso agradecer por tudo ter sido diferente. A escola mudou a vida da minha filha, lá foi onde a oportunidade surgiu e a gente entendeu”, ressaltou Itamar Pereira dos Santos, pai da jovem.

A mãe da adolescente, Viviane Lima, também reconhece a oportunidade conquistada pela filha. “É muito importante a gente saber que nosso filho tem oportunidades na vida. Estou muito feliz enquanto mãe. Meu desejo é que o projeto de Jovem Aprendiz nunca acabe. Que as pessoas possam conhecer e apoiar. Minha filha sempre sonhou muito, tenho certeza de que ela irá realizar tudo o que deseja de maneira saudável e feliz”, vibrou.
 
Atuação municipal
Os Centros de Referência da Assistência Social (Cras) atuam na prevenção do trabalho infantil por meio da conscientização às pessoas residentes nos bairros da capital, seja com realização de debates ou atividades lúdicas.
 
Já os Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) atuam quando a situação de vulnerabilidade já está acontecendo. Para isso há uma equipe multidisciplinar, composta por assistentes sociais, técnicos de referência, psicólogos e advogados, que garante toda ajuda à pessoa com direitos violados.

Além disso, a atuação intersetorial na gestão também cumpre papel fundamental no processo. Foi o que direcionou o caso de Yasmin Lima dos Santos, por meio de observação e escuta diária na Emef Jornalista Orlando Dantas, onde ela estudava.
 
O trabalho em conjunto entre a Secretaria Municipal da Educação (Semed) e a Secretaria da Assistência Social mudou o caminho da jovem para um cenário de melhoria social, educacional e profissional.
 
Segundo a psicóloga Milena Rocha, todos os pontos em relação ao trabalho infantil são negativos, por mais que muitas pessoas entendam como uma construção de autonomia.

“As crianças são o futuro. São as expectativas do futuro de uma sociedade. Mas como é que vemos essas crianças? Com o trabalho infantil a reprodução do ciclo de pobreza da família acontece e prejudica a aprendizagem. Eles ficam mais expostos às situações de violência, de exploração sexual, onde acontecem esforços físicos intensos, há o comprometimento no ingresso ao mercado de trabalho futuramente. Então se observa que são muitos fatores que contribuem negativamente”, declarou a psicóloga.