Adolescentes acolhidos pelo Caçula Barreto, abrigo institucional da Prefeitura de Aracaju, gerenciado pela Secretaria Municipal da Assistência Social, foram premiados na sexta edição do “Concurso Cultural de Desenho, Pintura e Poesia”, uma iniciativa da seccional sergipana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SE), que teve como tema "Direitos de Crianças, Adolescentes e Jovens e os Desafios Enfrentados Durante a Pandemia".
Cinco usuários do abrigo municipal concorreram às três categorias do concurso: dois conquistaram o 2° e 3° lugares e os outros três receberam menções honrosas durante a solenidade de premiação realizada no auditório da Caixa de Assistência dos Advogados de Sergipe (CAASE), localizado no Centro.
“É uma atividade socioeducativa na prática. Não é um simples desenhar ou um simples escrever. Estimulamos o pensamento crítico e o conhecimento. Devido à rotatividade de acolhidos dentro do abrigo, muitos dos temas propostos eles nunca ouviram falar, a exemplo de liberdade religiosa. É extremamente estimulante, interessante tanto para eles, quanto para mim. Somos contemplados todos os anos. É gratificante para nós. Eles ficam extremamente felizes e se sentem desafiados”, explicou.
Durante o evento, houve o lançamento do livro “Protagonismo Juvenil no Concurso Cultural de Desenho, Pintura e Poesia da OAB-SE”, obra composta por desenhos, pinturas e poesias dos participantes premiados em edições anteriores, com as produções do ano de 2021 já incluídas.
De acordo com a presidente da Comissão da Infância, Adolescência e Juventude da OAB-SE, Acácia Lelis, o projeto é aberto a todo estado e seu objetivo é oportunizar meninos e meninas ao protagonismo de seus direitos humanos fundamentais.
“Idealizamos o projeto para oportunizar crianças e adolescentes do estado de Sergipe ao seu protagonismo, dando voz às inquietações. Através da arte, eles expressam seus sentimentos. Muitas vezes a criança não tem essa chance e damos a ela. Acredito que é exitoso porque as obras, poesias e pinturas que eles apresentam são bastante expressivas. Conseguimos identificar questões de violência doméstica, racismo, bullying, que no dia a dia eles não conseguem transmitir”, destacou.
Os premiados receberam medalhas, certificados e um caderno de desenho. O usuário C. L., que se encontra em situação de acolhimento desde 2017, concorreu na categoria Desenho/Pintura e recebeu uma menção honrosa. No papel, ele representou uma família. “Desenhei o Abrigo porque eles são a minha família. É a primeira vez que participo e fiquei bastante nervoso. Estou muito feliz”, disse.
A acolhida E. L., está há mais de dois anos no Abrigo Caçula Barreto. Ela ficou em 3º lugar na categoria Poesia, com um poema sobre sobre gênero e violência. “As pessoas deveriam conhecer mais sobre o tema e serem menos preconceituosas. As pessoas que pertencem a todos os gêneros sofrem violência. Estou me sentindo honrada, lisonjeada. Falei para mim mesmo que eu ganharia esse ano. Dei o meu melhor para poder obter esse resultado”, contou.