Para os usuários em situação de rua do Abrigo Freitas Brandão, o amor ao próximo pôde ser compartilhado na confraternização de Natal promovida na noite desta terça-feira, 21, na unidade municipal de acolhimento provisório estruturada na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) General Freitas Brandão, no bairro Suíssa.
Com o tema “Celebrar, Cuidar e Humanizar”, o evento reuniu cerca de 65 pessoas em situação de rua acolhidas, equipes multidisplinares do equipamento e de referências de atendimento em saúde, como algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Projeto Redução de Danos (PRD), Programa o Consultório na Rua (CNR), além de parceiros, como a Faculdade Maurício de Nassau, Curso Mais Aracaju, Projeto “Anjos da Madrugada”, da Igreja Universal, e Movimento Nacional da População de Rua de Aracaju.
De acordo com a secretária da Assistência Social de Aracaju, Simone Passos, a unidade da Prefeitura de Aracaju, gerenciada pela Secretaria Municipal da Assistência Social, foi criada há quase dois anos para resguardar a saúde da população mais vulnerável que não tinha condições de manter o isolamento social. Ela afirma que a pasta planeja transformar o Freitas Brandão em um espaço de acolhimento noturno para que os usuários se tornem permanentes.
“Durante o ano de 2021, tivemos mais de 620 acolhimentos de pessoas que passaram por aqui. Alguns foram reinseridos no seio familiar, retornaram ao seu estado natal e outros encaminhados para a rede de atendimento de garantia de direitos. Pensamos em uma reestruturação do Abrigo, não podemos colocar essas pessoas de volta às ruas.Com a vacinação em massa da população aracajuana, o Freitas vem se caracterizando como um local de acolhimento noturno. Para isso, estamos com uma proposta de projeto para ser apresentada ao prefeito”, explicou Simone.
A preparação para a confraternização começou ainda na segunda-feira (20), com a realização de corte e barba feita pelos alunos voluntários do Curso Mais Aracaju. A programação contou com homenagens aos usuários, aos voluntários, aos cuidadores sociais, apresentações musicais, cultos de oração e adoração, entrega de presentes, ceia natalina e sorteio de brindes.
Para a coordenadora do Abrigo e também educadora social Kelly Teles, a confraternização não celebra apenas a época, mas o resultado do trabalho em equipe ofertado aos usuários, como os serviços de atenção à saúde, de assistência social, autocuidado físico e espiritual, programas de recreação, esportes e lazer e inserção no mercado de trabalho.
“É um momento para celebrar, agradecer por todas as ações humanizadas que a equipe do Freitas junto aos parceiros e voluntários se empenhou em fazer. Hoje fechamos o ciclo de 2021 com chave de ouro, sempre valorizando a individualidade de cada um, acreditando neles, fazendo com que possam sair daqui cidadãos mais fortes para encarar a vida e entender que aqui é um lugar onde passaram para ressignificarem suas vidas, seus pensamentos, suas ações e sua fé”, observou.
Ressignificar
A aluna do 8º período do curso de Enfermagem, Marenize Santos se emocionou ao falar sobre sua experiência no Abrigo ao lado de pessoas em situação de rua.
“Achamos um trabalho muito diferente do qual estávamos acostumadas, não tínhamos conhecimento. Após nossa primeira ação, passamos a prática para os colegas que quiseram participar para viver a mesma experiência. Estamos aqui hoje não como alunos, mas como voluntários porque nos sentimos parte dessa família”, contou.
Ex-acolhido do Freitas, o artesão Iuri Souza foi convidado a retornar ao Abrigo para participar da celebração natalina, da qual participou acompanhado de sua esposa e seu filho de apenas cinco meses. Iuri saiu de Salvador/BA em busca de emprego em Aracaju, mas encontrou dificuldades. Quando não tinha mais nenhuma condição financeira para se manter, ele encontrou o apoio da Prefeitura de Aracaju.
“Me falaram do Centro POP, onde fui muito bem atendido, e me encaminharam para cá. Nunca imaginei passar por essa situação, estava distante da minha realidade. Hoje estou em uma casa cedida por um colega, super feliz, realizado não apenas por minha família estar em baixo de um teto, mas pelas lições de vida que tirei daqui. Conheci pessoas com princípios, valores, seres humanos muito bons. O Freitas Brandão foi fundamental, aqui fui bem tratado e me sinto parte dessa família”, contou.
O usuário Emerson Santos está acolhido há três meses no Abrigo. Natural de Salvador/BA, ele também saiu veio à capital sergipana à procura de emprego, mas acabou seguindo outro caminho.
“Estava bem debilitado, com mau-humor, fazia o uso de álcool e drogas. Quando cheguei aqui fui bem acolhido como nunca fui lá fora. Hoje me sinto em casa. Quero agradecer pela oportunidade de estar ao lado de pessoas que sempre vão estar no meu coração. Que Deus possa iluminar os passos de cada um e possamos valorizar cada segundo, cada momento”, disse.
.jpeg&w=1024 "clique para ampliar")
