Prefeitura viabiliza reinserção social de usuários do Caps Jael com ação lúdica

Agência Aracaju de Notícias
12/01/2022 18h50

Na tarde desta quarta-feira, 12, o Centro de Atenção Psicossocial (Cpas) Jael Patrício de Lima, localizado no bairro Dom Luciano, promoveu uma apresentação de dança de usuárias da unidade, no polo da Academia da Cidade do bairro Luzia, na praça Paulo Barreto de Menezes.

Alusiva ao combate ao racismo e à prevenção ao suicídio, a ação foi orientada pela oficineira Maluh Andrade. Seis usuárias do Centro se apresentaram para um grupo de alunas da Academia da Cidade como forma de se reinserirem na sociedade, um trabalho que está além do acompanhamento psicológico e psiquiátrico e do uso de medicamentos.

“A gente está no mês em alusão aos cuidados em saúde mental, o Janeiro Branco, o que não quer dizer que só vamos falar sobre saúde mental no início do ano. A atividade de hoje foi mais voltada para o que o Caps está produzindo, para além do que se entende como atendimento médico. Em parceria com a Academia da Cidade, a gente trouxe duas apresentações e o retorno das usuárias do Centro, após a realização da atividade, é o que a gente avalia enquanto positivo, enquanto resultado que está de alguma forma influenciando para a melhoria da saúde mental delas”, afirma Maluh Andrade.

Segundo a psicóloga Isabella Regina, a realização de atividades como essa possibilita que o usuário do Caps seja protagonista e reconheça seus potenciais e sua capacidade de acessar outros lugares.

“A importância de sairmos do território é que o Caps tem essa proposta não-manicomial, de expandir o cuidado para o território. Hoje, por exemplo, a gente veio distante até do território que a gente assiste e isso é importante para socializar esse usuário na reabilitação psicossocial, porque ele passa a se conhecer como potente e capaz de acessar outros lugares”, explica Isabella.

A coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de Aracaju, Chenya Coutinho, afirmou que são ações como essa que contribuem para o atingimento de uma das principais metas do Caps, que é o trabalho não-manicomial e de reinserção dessas pessoas na sociedade.

“Essas são ações de reintegração social são serviços substitutivos, ou seja, é uma outra forma de produzir saúde mental, diferente daquela que visa apenas a internação nos manicômios. Aracaju não trabalha nessa linha manicomial, mas sim com o trabalho em saúde mental com base no território, junto à família, junto à comunidade. Ações como essa reinserem essa pessoa que muitas vezes é excluída por ter algum tipo de transtorno e por estar passando por algum tipo de sofrimento mental”, ressalta a coordenadora.

Transformação

Grasiele Santos participou da apresentação de dança e afirma que o serviço do Caps tem transformado sua vida ao longo de quase um ano desde que passou a ser usuária da unidade.

"Pelo Caps eu consegui me enxergar, ver a pessoa que hoje estou sendo através de ajuda e tudo isso eu só consegui quando entrei no centro. Muitas pessoas acham que o Caps é coisa de doido, mas lá recebem a gente com amor e atenção e cuidam de nós com o máximo que podem, cuidam como se fôssemos da família. Eu amei a apresentação que fizemos e lá cada um tem sua função, deixam a gente a vontade para realizar a atividade que quisermos, aquelas com que mais nos identificamos", disse ela.

Luciene Barbosa também participou da apresentação. Ela é usuária do Caps há mais de cinco anos e considera que as pessoas assistidas e os profissionais que auxiliam na promoção da saúde mental como sua segunda família.

“Eu já venho do Maculelê, que era um grupo de capoeira, então essa atividade de hoje chegou em uma boa hora na minha vida, porque a gente se interage muito bem com todos que estão envolvidos. Estar aqui hoje é maravilhoso, hoje a gente mostra o que aprendemos no Caps, através da profissional que nos instruiu. O Caps mudou minha vida, desde que eu cheguei e eu sou muito grata por existir um próximo da minha casa”, pontuou.

Caps
Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Aracaju, geridos pela Secretaria Municipal da Saúde, são unidades especializadas em saúde mental. As equipes que atuam nessas unidades são compostas por psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, educadores físicos, entre outros profissionais.

Dos seis Caps ativos, cinco funcionam em regime de plantão 24 horas, e um em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Quatro destes Caps atendem pessoas em sofrimento psíquico e transtorno mental e dois atendem casos decorrentes do uso abusivo de álcool e outras drogas. Os casos de surtos e urgências psiquiátricas são atendidos pelo serviço de urgência mental do Hospital São José, contratado pelo município.