Prefeitura estimula produção artesanal para geração de renda e como prática terapêutica

Formação para o Trabalho
19/01/2022 09h11

A Prefeitura de Aracaju, por intermédio da Fundação Municipal de Formação para o Trabalho (Fundat), desenvolve papel importante de fomento ao artesanato na capital sergipana, a partir da oferta de 34 cursos de capacitação profissional nesta área e do estímulo ao empreendedorismo e à geração de renda, com ações de orientação e formalização dos artesãos como microempreendedores individuais (MEIs).

O artesanato não funciona apenas como uma nova fonte de renda. Para muitas pessoas, ele se transforma em uma nova forma de viver e de se curar de feridas físicas e emocionais, como é o caso da instrutora da Fundat e artesã Eliane Santos, uma cearense que mora em Aracaju há três anos e que encontrou na arte um refúgio durante o processo de tratamento do câncer de mama.

“Eu faço essa arte de vagonite em fita há dez anos, uma arte que foi essencial para mim. Eu estava fazendo quimioterapia e eu precisava de algo para ocupar minha mente e eu aprendi vagonite em fita e passei pra outras pessoas. Para mim, o artesanato enriquece a nossa mente. É fazer com que a gente trabalhe e se refugie dos problemas. A arte é isso, é renovar a nossa mente para prazeres diferentes”, afirma Eliane.

Viver da arte não é um trabalho fácil. Requer esforço, criatividade e tempo, mas segundo Eliane, o artesanato é compensatório e prazeroso. Enquanto artesã e instrutora da Fundat, ela viveu experiências de vida que diz não ter preço.

“Uma dica que dou para pessoas que estão querendo ou começando no artesanato é que aproveitem todas as oportunidades que surgirem. A Fundat dá às pessoas que querem iniciar uma renda, oportunidades maravilhosas. Eu dei esse curso de Vagonite na Fundação e não tem dinheiro que pague o depoimento que uma aluna, que uma senhorinha fez pra mim. Ela disse que no primeiro dia que a gente deu curso antes da pandemia, o irmão dela havia falecido, Por causa disso, ela entrou em depressão, mas graças ao bordado, a aluna conseguiu vencer o problema. Isso não tem dinheiro que pague pra mim, sabe? É muito satisfatório”, relata a artesã.

Arteterapia
A psicóloga e artesã Daiane Rodrigues também é instrutora da Fundat, onde ensina técnicas de bordado. Assim como Eliane, a psicóloga enxerga no artesanato um trabalho que alivia sua mente e promove cura emocional, algo que ela sempre busca levar de alguma forma para a sala de aula.

“A primeira turma de artesanato foi em outubro e eu ainda estava no primeiro período da faculdade. Enquanto estudante não podia levar o assunto a fundo nas aulas artesanais, mas sempre gostava de fazer rodas de conversa, levar temas da atualidade para promover um diálogo. O artesanato pra mim tem essa questão da importância de ser terapêutico”, conta a psicóloga. 

A Fundat atua para promover ao aluno oportunidades de aprendizado e capacitação, de modo a torná-lo apto a ingressar no mercado de trabalho. "E dentro desses espaços de aprendizado é imprescindível trazer questões que promovam uma boa saúde mental", frisa Daiane. "Quando falamos do artesanato e saúde mental, falamos de arteterapia. Um recurso utilizado por psicólogos, professores, psicopedagogos e outros profissionais da área da educação e da saúde", destaca.

“Se tratando da arteterapia o que está em jogo é o que a pessoa consegue colocar para fora durante as aulas, a sua produção, as emoções que estão sendo trabalhadas, o que ela está achando e está trazendo, sabe? Não é a estrutura, enfim, a estética do produto, mas o que ela está conseguindo passar com aquela obra que produziu, isso é arteterapia”, afirma.